21
Out08
As pequenas dificuldades ...
Miguel Álvares Ribeiro
O Benfica tem na 5ª feira um importante jogo contra o Hertha de Berlim, onde se começa a discutir o apuramento para a fase seguinte da Taça UEFA. Nesta fase todos os jogos são importantes, mas este é-o particularmente por ser o primeiro, com todo o entusiasmo que um bom resultado traz em termos anímicos, e por irmos defrontar um dos principais adversários na corrida pela qualificação, em sua casa.
Curiosamente não estou preocupado com esse jogo, onde estou certo de que faremos uma boa exibição e que traremos um resultado muito positivo para encararmos a qualificação com tranquilidade.
O que me está a preocupar mais é o jogo com a Naval no fim de semana, para o Campeonato…
De facto, o Benfica já provou que tem uma excelente equipa, capaz de lutar de igual para igual com as grandes equipas, mas tem demonstrado uma grande dificuldade em assumir a sua superioridade perante equipas mais fracas.
Bem sei que a maior parte destas equipas joga contra o Benfica como se fosse o jogo da vida delas, mas o Benfica tem que ser capaz de impor a sua melhor equipa e obter resultados. Parece-me que a principal preocupação de Quique neste momento deve ser a de conseguir que o Benfica assuma, sem rodeios, a sua superioridade perante estas equipas e jogue deliberadamente ao ataque. Além disso, em alguns campos será necessário repetir jogos como o de Paços de Ferreira, com a capacidade de sofrimento, entrega e empenho até ao último minuto.
Eu acredito muito no trabalho de toda a equipa técnica do Benfica, que já mostrou ser capaz de construir uma equipa ganhadora, a jogar bom futebol. Falta transmitir-lhes a confiança de que são capazes de ganhar todos os jogos, mas de que têm de trabalhar desde o primeiro ao último minuto para o fazer.
Força Benfica!
PS – Ainda o comando técnico da Selecção.
Apesar dos resultados e exibições miseráveis que coleccionou nos últimos jogos, Carlos Queirós tem recebido declarações de compreensão e mesmo de apoio generalizadas de todos os sectores, começando na Imprensa e acabando em Pinto da Costa.
O contraste não podia ser mais gritante com o que vinha acontecendo com Scolari, que recebia sistematicamente críticas muito negativas, talvez porque teve o desplante de ser apenas vice-campeão da Europa, e de nos tirar o prazer de fazer contas aos milagres necessários para nos apurarmos para todas as grandes competições em que a Selecção esteve envolvida sob o seu comando.
Estas declarações de “apoio” a Carlos Queirós por parte da maioria dos membros do sistema vêm pôr a nu o incómodo que sentiam perante Scolari: ousou desafiar o sistema e fazer da Selecção uma equipa sem clubes, onde a influência dos poderosos do sistema não se fazia sentir. Esta foi, para mim, a grande revolução que ele conseguiu no comando da Selecção, mas que também acabaria por o fragilizar.
Já estão a estender a mão a Queirós e isto tem certamente um preço… espero que ele não se deixe levar por este “canto de sereia” e saiba manter o estado de coisas que herdou de Scolari.