Diz o povo e com a propriedade que se reconhece ao saber popular que “promessas leva-as o vento”. E é um facto que no calor de campanhas eleitorais ou discursos acessos, por uma questão de má fé ou simplesmente entusiasmo ingénuo se diz e promete o que depois dificilmente se consegue cumprir.
Justiça seja feita a LFV que tem cumprido bastante do que prometeu e em algumas matérias como a Fundação Benfica (ainda que o trabalho árduo venha agora, depois do acto formal, e ainda que tenha existido algum défice de solidariedade a figuras bem próximas do clube que dela muito necessitam) até poderia ter “esquecido” a promessa sem que muitos reparassem. A Fundação, o Estádio, O Benfica TV, o Seixal, entre outros, mostram que LFV leva a sério o que prometeu e está no Benfica de forma séria e responsável.
No campo desportivo as promessas são mais difíceis de cumprir porque não dependem apenas da vontade ou de dinheiro, mas sim de um conjunto de factores mais complexo. Mas não deixam de ser promessas e quem as faz está sujeito a que se pergunte porque não foram cumpridas.
LFV foi ousado quando proferiu frases como:
"O Benfica será mais forte que o Real Madrid"
“Dentro de 3 anos o Benfica será o maior do mundo” - 19-04-2003
"Projecto do Benfica está a assustar muita gente".
"Queremos ser campeões europeus".
"Os benfiquistas sabem que iniciámos um novo ciclo em Dezembro e esse ciclo é para continuar".
Neste campo efectivamente as expectativas de LFV foram goradas. E mesmo aqueles que apontam o futuro como promissor não se podem esquecer que esse futuro glorioso, segundo a promessa do presidente, já deveria ter acontecido em…2006!
E LFV sabe que está em défice nesta matéria e por isso nos últimos dois anos tem feito um forte investimento (quiçá colocando em causa algum saneamento financeiro pelo qual lutou no anos anteriores) para alcançar pelo menos a regularidade nas vitórias e nos títulos.
Mas importa perceber porque ainda não o conseguiu! Rodeou-se de quem sabe de futebol e está habituado a ganhar (casos de José Veiga e agora de Rui Costa, sendo que pelo meio tentou ele próprio assumir esta competência mas rapidamente percebeu que não era o caminho), contratou treinadores cotados e fez contratações sonantes.
E então porque não arranca esse novo ciclo tão apregoado e permanentemente adiado? Simplesmente porque no Futebol (e no desporto em geral) 2+2 quase nunca dão 4. Ter uma boa equipa, um bom treinador e um bom director desportivo não chega para ganhar, e infelizmente este ano os sinais não são de que efectivamente arranquemos para um novo ciclo! Quique mostra algum nervosismo e frustração por ver as suas estrelas não empregarem em campo a vontade e raça que ele próprio tinha quando jogava, Rui Costa não pode fazer muito mais e a equipa joga um futebol medíocre.
Existem medidas de fundo óbvias que devem ser tomadas para garantirem que o “potencial” se transforme em resultados práticos:
- O Benfica tem de falar a uma só voz e o discurso para fora nem sempre pode ser o mesmo que para dentro. Ultimamente e nas alturas de resultados menos conseguidos fala-se demais, o que dá azo a que a comunicação social faça páginas e páginas e que contribuem para destabilizar. Se nos queixamos da CS porque lhes damos tanta matéria para trabalhar?
- A circulação de jogadores tem de abrandar. Cada ano sai e entra metade do plantel, o que provoca que não existam referências (e as que foram chegando como Simão, Leo – que a propósito refere hoje em entrevista o sentimento que nutre por Quique e deixa perceber que o aspecto familiar não foi o único motivo porque quis sair - , Miccoli saíram dando lugar a outros de pior qualidade) no plantel que transmitam qualquer mística e liderança (aplaudo a renovação de Nuno Gomes neste particular caso se concretize) e mais grave que quem vem considere a estada no Benfica apenas passageira e não se sinta obrigado a dar o que tem e que não tem em campo…
- A cultura de responsabilidade e de vitória tem de ser implementada urgentemente. Esta cultura não passa apenas por descer ao balneário quando existem maus resultados ou por uns berros ao balneário! Passa sobretudo pela exigência do dia a dia e por uma selecção criteriosa de quem tem qualidade e personalidade para ser jogador do Benfica.
Resumindo, caso o Benfica não tivesse objectivos desportivos tudo estaria muito bem. Mas tem e nesse aspecto não se pode esperar mais para entrar nos eixos (e não é preciso ser melhor que o Real Madrid ou Campeão Europeu…apenas ser o melhor de Portugal e estar bem na Europa, sempre!). Pode ser que o consiga este ano e os próximos dois jogos são importantíssimos para tal. Espero que os jogadores o entendam e o vivam!
PS1 – A vergonha na arbitragem e na Federação continua. Mesquita Machado demite-se não porque tenha vergonha, mas para poder dizer mais umas baboseiras, o Benfica vê Katsouranis ser castigado por ter dito a verdade num jogo em que fomos prejudicados…há um mês! Vítor Pereira diz que está tudo bem e os árbitros acertam 95% das decisões (esquecendo-se de classificar que menos de 10% são decisões complicadas…). Enfim, não há quem ponha mão nisto ?
PS2 – Jesualdo Ferreira aculturou-se tão bem ao FCP que a sua arrogância e visão parcial está cada vez melhor ao ponto de criticar um árbitro de um jogo de um rival (quando a sua equipa empata) e dizendo que não comenta ou não é especialista do apito quando é escandalosamente beneficiado. É mesquinho e irritante mas o que é um facto é que está bem alinhado com o discurso do Clube…
Saudações Benfiquistas,
Paulo Ferreira