"Não Me Conformo Com o Deixa Andar..."
A frase que eu repeti neste Blog vezes perdidas não é, desta repetida vez, de minha autoria.
Quem a afirmou foi o Senhor Quique Flores na hora da despedida do Benfica da Taça UEFA.
E não teve razão para menos, não tanto porque precisava de emendar a mão de ambições segundas e menores que transmitiu em momentos recentes mas, principalmente, porque o tal Benfica Europeu, o tal grande projecto galvanizador de um Clube á altura do seu prestigio mundial, acaba sem brio nem glória na porta pequena da mais pequena competição Europeia.
E não acaba de qualquer maneira: acaba em último lugar, sem qualquer vitória, com um único ponto, nove golos sofridos e apenas um golo marcado. E isto, veja-se bem, às mãos (ou aos pés) de 4 equipes pouco destacadas, de outros tantos campeonatos pouco competitivos.
Até o Sporting de Braga, num grupo, com clubes mais destacados de campeonatos mais competitivos, cumpriu com grande dignidade (e pouca fortuna, diga-se) o que está ao alcance de uma equipe de média estatura, que é passar a fase de grupos desta segunda Liga europeia.
Disse há “uns posts atrás” que tive vergonha do Benfica na derrota com o Olympiakos. E andamos aqui no Blog a discutir sentimentos entre todos. Digo agora, mais alto que, independentemente de sentimentos e daquilo que é (e significa) “ter vergonha na cara”, o desempenho do Benfica na Europa, foi uma verdadeira vergonha e merece a nossa reflexão e preocupação.
Tínhamos acabado de ser eliminados da Taça pelo Leixões(!!!) e bem sei que só um milagre nos manteria aberta a porta da Europa.
Mas perder outra vez???
Com miúdos, sem miúdos, com sorte ou azar, com corrupção ou lisura, foi perder outra vez no “santuário” da Luz, contra uma equipe de que seguramente poucos ouviram falar.
E, por isso, o Benfica deste novo ciclo, o Benfica de todas as promessas, do nosso menino Rui Costa, do jovem e ambicioso Quique Flores, fica reduzido a poder ganhar o campeonato (coisa que matematicamente pode ocorrer a qualquer dos clubes da chamada Liga Sagres).
Mas não vamos em primeiro? Vamos, é verdade. Sim, com muito orgulho – já aqui falei do truculento sabor de não “vermos ninguém à nossa frente”.
Mas depois de tudo isto, começo a pensar se este primeiro lugar não será mais por demérito, nomeadamente do FC Porto que renovou mais profundamente a equipe e que tardou mais do que é habitual a ganhar rotinas e procedimentos.
E agora que as tem vindo a ganhar, ao contrário desta confrangedora intermitência exibicional do Benfica, começo a pensar naquele dramático “até quando?”.
E começo outra vez a duvidar, se para além do nosso menino Rui e do jovem e ambicioso Quique, algo mudou de verdadeiramente estrutural na Organização e na Gestão desportiva do Clube?
Digam o que Vos apetecer, mas não posso calar o que me vai na alma: que começo a estar cansado de perder, de acreditar em novos ciclos, de aprovar papel comercial para comprar ainda mais jogadores, num faz de conta que somos ricos e de que é só dar um tempinho que seremos seguramente o Clube Maior que já fomos.
Já sei que batemos no fundo e que foi preciso tirar o Benfica do pântano onde se atolou. Serão certamente poucas, todas homenagens e felicitações feitas e a fazer a esta Direcção pelo papel que teve nesse capitulo importante da vida do Clube.
Mas o que me preocupa, porque a memória é fraca, é que também muitos de nós diziam do Benfica dessa altura pantanosa o mesmo “ amanhã é que vai ser” e” é preciso dar tempo ao tempo” que hoje insistentemente dizem quando alguém se atreve a duvidar.
Como Quique Flores, também eu “não estou aqui para fazer parte da história recente do Benfica”.
Como Quique Flores também eu “não me conformo com o se não for hoje é amanhã!”.
Quero ser Campeão, Já!
Viva o Benfica!
António de Souza-Cardoso