Jesus, tanta gente!
Estou, como tenho dito, muito animado com a nova dinâmica e atitude deste Benfica.
Os jogos já realizados na pré-época são, como também disse, muito prometedores.
Também me pareceu que nesta época houve a preocupação de ter um plantel coerente e equilibrado, onde não faltassem coisas e onde não sobrassem coisas.
Mas a verdade é que todos os dias abro os jornais e vejo mais uma contratação para o Benfica. Ele foi Keirisson, ele é Júlio César, ele será César Peixoto.
E se fico entusiasmado com a novidade de quem entra, fico preocupado com a fatalidade de quem tem que sair. Penso na qualidade e no potencial de Fredy Adu, de UrretaViscaya, de Fábio Coentrão. Penso na inteligência de Ruben Amorim, na visão de Carlos Martins ou na experiência e liderança de Nuno Gomes e começo a reflectir sobre quais destes magníficos jogadores serão sacrificados ao ímpeto renovador de uma Direcção em luta contra o tempo?
Não posso também deixar de ter preocupações sobre estas rupturas tão vincadas e abruptas que ainda no passado recente se revelaram desastrosas. Terá o Benfica a capacidade de acomodar tanta mudança?
Saberá Jorge Jesus equilibrar as expectativas de jogadores de grandes credenciais no Clube, com as novas estrelas que chegam às catadupas e que pedem tempo e jogo para justificarem o investimento feito?
Conseguirá Jorge Jesus o ascendente positivo e motivacional sobre um balneário a abarrotar de gente?
Para não falar das questões financeiras associadas a esta mudança e à necessidade de “fixar” jogadores indispensáveis ao Clube, como Óscar Cardoso e Angel di Maria.
Veremos.
Eu, depois das boas exibições já feitas com um plantel equilibrado como o Benfica parece ter, tinha estancado o ímpeto renovador e apostado, isso sim, em arrumar a casa. Em olhar para a Organização. Em varrer com o que não serve e reconstruir uma nova cultura de exigência para dentro e para fora. Para ver se dentro de casa assumimos coerentemente as nossas funções e responsabilidades e fora de casa somos capazes de exigir respeito pelo Benfica e pela verdade e transparência no futebol.
Mas pode ser que todas estas preocupações representem só o fatalismo ou a maledicência do meu lado escaldado.
António de Souza-Cardoso