18
Jun09
JESUS CHEGOU AO INFERNO
José Esteves de Aguiar
O título deste post, por si só e para além do óbvio jogo de palavras, encerra algumas das dúvidas que me assaltam o espírito, sobre a possibilidade de Jorge Jesus ter êxito no Inferno da Luz.
O novo treinador do Benfica vai deparar-se com uma realidade totalmente distinta daquela a que está habituado e com a qual soube lidar razoavelmente nos últimos anos.
Desde logo, terá que aprender a lidar com o Inferno da Luz, um palco sui generis no qual as pessoas passam de bestiais a bestas (e vice-versa), enquanto o diabo esfrega um olho (hoje deu-me para anjos e demónios…)
O público da Luz sabe ser muito generoso e dedicado - por vezes até me surpreendo com a paciência de que sabe dar provas – e numerosos jogos da época transacta foram disso prova evidente.
Quando eu me sentia já irritado pela inoperância e, por vezes, displicência que se viu nalguns jogos disputados na Luz, cheguei a surpreender-me com o crédito quase ilimitado que foi sendo concedido aos jogadores e equipa técnica, a tal ponto que um golito salvador já era festejado como se de um título se tratasse!
No entanto, foi também na Luz que já vi jogadores da nossa equipa a serem achincalhados de uma forma que nem os jogadores adversários mereciam.
Nesse aspecto, um dos piores exemplos que me lembro de ter visto – e que a televisão mostrou de forma quase exaustiva – foi a de um adepto (?) do Benfica que, em vez de exibir um cartaz pedindo a camisola de determinado jogador, tinha na mão uma cartolina onde tinha escrito: “Nuno Gomes, queres a minha camisola?”
Desmoralizar os nossos próprios jogadores é dar um tiro no pé e indigno de um verdadeiro Benfiquista!
Por falar em jogadores, estou convencido de que estes vão ser o segundo Inferno de Jesus, se não forem devidamente “metidos na ordem”. Os jogadores que Jorge Jesus treinou até agora eram medianos e provavelmente nunca haviam sido orientados por técnicos de nível elevado. A realidade agora será outra: Jesus vai deparar-se com alguns jogadores de nível internacional, com bastante experiência e que poderão ter a veleidade de não respeitarem um treinador que só agora chega a um clube grande.
Sabe-se que Jorge Jesus não se ensaia nada para gritar com os seus jogadores, chegando mesmo a insultá-los quando estes não cumprem à risca as suas instruções. Para se impor no Benfica tem que estar com as “costas quentes”, sentindo total apoio do Director Desportivo e do Presidente.
Um Benfica ganhador não pode dar-se ao luxo de permitir que alguns jogadores se comportem como prima-donas e tem que castigar exemplarmente – com o banco ou mesmo a bancada – qualquer profissional com os ordenados em dia que se atreva a não honrar a camisola sagrada do nosso glorioso.
Jesus chegou ao Inferno – o meu desejo é que não seja rapidamente queimado e que saiba conviver com os diabos à solta que o esperam!