05
Jun09
E SE LUÍS FILIPE VIEIRA NÃO QUISER FICAR?
José Esteves de Aguiar
Resolvi pegar – com a devida vénia – no título do mais recente texto do meu amigo António de Souza-Cardoso e, alterando-o, lançar este tema.
Muito se tem falado e escrito sobre as próximas eleições no Benfica, sobre as vantagens e inconvenientes do actual Presidente do nosso clube e sobre as hipóteses das pessoas que se vão perfilando como candidatos à luta eleitoral.
Todas as análises que tenho lido assentam no pressuposto de que Luís Filipe Vieira se recandidatará, resumindo-se as dúvidas, até agora, a saber quem terá condições para o defrontar em pé de alguma igualdade.
Acontece que Luís Filipe Vieira poderá – e com toda a legitimidade – decidir que o seu ciclo está a terminar, que a intensa actividade que a Presidência do Benfica implica prejudica o tempo que poderia dedicar aos seus negócios e à sua Família. Pode, muito simplesmente, querer retomar uma vida normal, situação totalmente incompatível com a Presidência do maior clube português.
Sabe-se que Luís Filipe Vieira se sente cansado, desgastado e, em muitos casos, farto de ser constantemente atacado. Convenhamos que ser Presidente de um clube como o Benfica, com uma massa adepta e associativa extremamente exigente, não deve ser nada fácil.
Aliás, ter um lugar de destaque no Benfica - seja a nível da Direcção, de qualquer dos seus Departamentos com maior visibilidade, da equipa técnica ou dos jogadores profissionais de futebol – implica estar-se permanentemente debaixo das luzes da ribalta. A pressão que nós todos, Benfiquistas, exercemos é terrivelmente desgastante e, não poucas vezes, tenho-me deparado com situações em que são os adeptos não sócios quem mais exaltadamente falam sobre o Benfica, criticando tudo e todos.
A esses adeptos pergunto, invariavelmente, o mesmo: porque não te inscreves como sócio? Para um adepto ter verdadeiramente legitimidade para criticar, parece-me que deveria, previamente, ser sócio. Quando não se contribui com o pagamento de uma quotização, nem com a participação nos actos eleitorais, será lícito criticar a situação financeira do clube ou as opções de compra de jogadores, por exemplo? Faz-me lembrar aquelas pessoas que comem à borla e ainda criticam a qualidade da comida que lhes é servida!
Voltando ao tema deste meu texto e à questão que acima coloco, parece-me inequívoco que, se Luís Filipe Vieira não quiser ficar, subirão em flecha as possibilidades de outros candidatos à liderança do Benfica. Creio mesmo que, se tal cenário se colocar, poderão surgir mais candidatos, mas não é de descartar a possibilidade de Luís Filipe Vieira querer indicar (recomendar) um seu sucessor. Em tempos falou-se que a Presidência do Benfica poderia vir a ser o destino de Rui Costa. Não digo que tal hipótese não venha a ser colocada daqui a uns anos mas, actualmente, Rui Costa está ainda a aprender a ser Director Desportivo e, claramente, seria uma aposta extemporânea para aquelas funções.
Estou convicto de que iremos assistir a um tabu por parte de Luís Filipe Vieira, que passará pelo anúncio de que não irá recandidatar-se, decisão esta em que só voltará atrás se verificar a existência de uma vaga de fundo de apoio.
Veremos, nas próximas semanas, se alguma razão me assiste nesta “premonição”, ou se a mesma mais não foi do que consequência da hora tardia a que escrevi este texto.