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Novo Benfica

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19
Mai09

CERTEZAS E EQUÍVOCOS – PARTE 1

José Esteves de Aguiar

 

Eu, Benfiquista, me confesso: tenho dúvidas. Posso afirmá-lo, sem qualquer problema, porque não venho para aqui com a pretensão de ser um farol orientador de opiniões alheias, ou guia espiritual seja de quem for.
 
Repito: tenho dúvidas e espero que da discussão (séria e construtiva) nasça a Luz (no sentido habitual da frase e, muito particularmente, para os lados da nossa Catedral).
 
Em relação ao Benfica, duas questões essenciais me provocam as dúvidas:
 
1 – Deveremos mudar de equipa técnica, ou deixá-la cumprir o contrato até ao fim?
 
2 – Que faceta de Luís Filipe Vieira deverá ser mais valorizada – a de quem tanto fez, em termos patrimoniais e para reabilitação da imagem do nosso Benfica, ou a de quem não conseguiu que o futebol profissional nos desse as alegrias por que tanto ansiávamos?
 
Para não aborrecer demasiado quem tiver a paciência de ler este texto até ao fim, proponho-me abordar hoje apenas a primeira questão, deixando a segunda para a próxima semana.
 
Reconheço que fui dos que ficaram entusiasmados e muito esperançados com a vinda do Quique Flores. Embora não tivesse um palmarés por aí além, era (é) considerado um treinador sério, de nova escola e ambicioso. Para mim, junta àqueles predicados um outro que muito prezo: a educação e os bons princípios. Pode ser que tenha sido este um dos primeiros problemas de Quique Flores – infelizmente, na selva em que se tornou o futebol português, provavelmente não há lugar para gentlemen.
 
Outro dos problemas de Quique foi (é) a nacionalidade. Quem conhece os Espanhóis sabe que são, por regra, pessoas orgulhosas, obstinadas e que não gostam de “dar o braço a torcer”. Ao longo desta época, Quique Flores deu vários exemplos (quase todos com maus resultados) dessa sua obstinação. Desde logo, desvalorizou o papel fundamental que os seus adjuntos Portugueses deveriam ter, para conhecer profunda e atempadamente, as equipas com que teria que defrontar-se em Portugal, todas treinadas por técnicos Portugueses…
 
Depois, “encostou” Leo, insistiu em manter Cardozo afastado da equipa principal de futebol - muitas vezes jogando apenas com um avançado “de raiz”- e apostou em Suazo em partidas que não estavam talhadas para as suas características, mesmo quando ele estava lesionado. Passou grande parte da época sem dar hipóteses a Miguel Vítor, colocou Aimar e Rúben Amorim a jogar fora dos locais onde mais podem render, colocou Bynia em campo injustificada e teimosamente (ou deixou-o ficar tempo demais, lembram-se do jogo na Trofa?), em detrimento de Yebda e, mais grave ainda, nunca assumiu uma postura clara de defesa dos seus jogadores.
 
A questão que deve colocar-se agora é: será que Quique Flores aprendeu com os seus erros, ou o orgulho espanhol continuará a prevalecer? Será ele capaz de se transformar, adaptando-se à realidade do nosso futebol? A veemência com que protestou com o quarto árbitro em Braga, parece indiciar alguma alteração na sua postura, sem perder a dignidade e a boa educação. Com efeito, repetiu algumas vezes a frase “é uma vergonha” e só o facto de ele não conseguir falar bem português pode justificar que essa afirmação tenha levado à sua expulsão, quando outros treinadores em Portugal até se dão ao luxo de exibir o gesto característico do “roubo”…
 
Sou de opinião de que os projectos devem ser levados até ao fim e só então ser feito o balanço. Que me lembre, ninguém prometeu, no início desta época, que seríamos campeões em Maio de 2009. É claro que, legitimamente, qualquer Benfiquista que se preze espera sempre que o Benfica seja (quase sempre) campeão.
 
Apesar de reconhecer que, uma vez mais, o Benfica ficou muito aquém das expectativas, recuso-me a embarcar no coro de lamentos e críticas, vendo apenas o lado negativo da época. Em muitos jogos vi um Benfica a praticar bom futebol, a criar muitas oportunidades de golo, a marcar bastantes (até agora marcámos menos 9 do que o Porto, mas mais 9 do que o Sporting) e a ser várias vezes prejudicado por arbitragens e/ou por manifesta falta de sorte. Alguém já fez as contas aos pontos que nos foram sonegados durante está época?
 
Por tudo quanto acima escrevi, acho que Quique Flores só deverá ser substituído se, manifestamente, se tornar claro que não pretende mudar de atitude na próxima época, algo que não será difícil apurar por quem de direito – Luís Filipe Vieira e Rui Costa. A ser substituído, acho que deveria sê-lo por um treinador Português que fosse inequivocamente Benfiquista – Humberto Coelho é um bom exemplo de tal e estou certo de que todos se lembrarão do futebol espectacular e, ao mesmo tempo, eficaz, que a nossa Selecção praticava quando foi orientada por ele.
 
A ver vamos!

4 comentários

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    José Esteves de Aguiar 20.05.2009

    Caro Gonçalo Cabecinha: se, para si, o futebol é uma ciência que tem que ser percebida, então o Einstein deve ter sido o melhor treinador de todos os tempos! Fico pesaroso por verificar que, afinal, eu tenho uma quota-parte de culpa no estado actual do Benfica, devido à minha mentalidade, mas agradeço-lhe a franqueza que teve para mo dizer.
    Quanto à incompatibilidade - para si - entre ser um bom seleccionador e ser também um bom treinador, ocorrem-me assim de repente dois casos que contrariam a sua teoria: Marco Van Basten e Guus Hiddink.
    Quanto a proibir-me de escrever sobre futebol ou sobre qualquer outro tema, lamento informá-lo de que não tenciono deixar que me proíbam. Não sei se já reparou, mas também ninguém sugeriu que você fosse proibido de escrever em português, só porque não consegue escrever a palavra frontalidade...
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    Nelson Vicente 20.05.2009

    Este é o Zé que eu conheço. Mas meu caro amigo, deixa que te diga uma coisa. Comparar Guss Hiddink a Humberto Coelho é o mesmo que comparar um Fiat 600 com um Ferrari. Digo mais... quase parece brincadeirinha! Entendo o teu ponto de vista, e também entendo o Cabecinhas... Penso que o que o homem queria dizer era que o Humberto não era grande "espingarda". E ai concordo. Da mesma forma que concordo contigo, que um bom treinador é um bom treinador... esteja ele a treinar uma equipa ou uma seleção. Quanto ao treinador da proxima época, acho que Quique Flores vai mesmo ficar. No entanto, e a mudar, na minha opinião o melhor treinador português em Portugal é mesmo o Manuel Machado a par do Paulo Bento. Convenhamos, o Jorge Jesus nem sabe comprar um casaco de fato do tamanho dele....

    PS: Scolari não é exemplo na questão do bom treinador/selecionador porque não é bom em nenhum dos dois.

    Um abraço
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    José Esteves de Aguiar 24.05.2009

    Eu não comparei o Guus Hiddink ao Humberto Coelho! Apenas usei o nome do Hiddink como um exemplo de se poder ser bom seleccionador e bom treinador de clube! Uma situação não exclui a outra, embora reconheça que não há muitos casos de sucesso nas duas funções.
    Um abraço, amigo Nelson!
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