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Novo Benfica

Novo Benfica

04
Mai09

BACK TO BASICS

Pedro Fonseca

Terminou a época. Independentemente do resultado dos 3 jogos que faltam da Liga, o balanço é desastroso. Encontrar explicações não é fácil. Mas elas vão ter de ser dadas. O logro é pensar que nada disto vai ter consequências.

 

Costuma dizer-se que o que começa mal tarde ou nunca se endireita. Foi o que aconteceu ao Benfica esta temporada. Quique Flores foi a terceira opção para o comando técnico, depois de goradas as contratações de Eriksson e Carlos Queiroz (curiosamente, um e outro também a viver tempos difíceis).
O praticamente desconhecido espanhol surgiu do nada. Podia ter sido uma jogada de mestre de Rui Costa. Podia, mas não foi. Pode apontar-se o dedo a Rui Costa? Pode, mas é injusto. O maestro cometeu, porém, um erro histórico.
Quando surgiu o braço de ferro entre os adjuntos portugueses e espanhóis, nos primeiros dias da época, Rui Costa cedeu aos caprichos de Quique. É fácil dizer agora que não devia ter cedido, mas essa foi a falha que contaminou a época.
Por inexperiência, por ingenuidade, por civilidade, o director desportivo do Benfica pensou que conseguiria unir todas as pontas. Não conseguiu. Que esta lição lhe sirva no futuro. Como homem inteligente que é, Rui Costa vai saber aprender com estes erros.
Trappatoni teve Álvaro, Mourinho teve Mozer, Eriksson teve Toni e ia ter Diamantino. Depois, a dispensa de Léo é um daqueles episódios que deviam ter levado à imediata demissão de Quique Flores.
Só a pesada indemnização a pagar pode ter travado essa intenção. Junte-se também o episódio com Cardozo, expulso de um treino; o atestado de incompetência passado a Quim; as constantes mexidas no onze; a dificuldade em ler o jogo; a ignorância sobre as especificidades do futebol português – e começa-se a construir um plano explicativo consistente para o desastre.
Quique é assim tão mau? Não, claro que não. O problema é que foi mal acompanhado, foi mal “assessorado”. De positivo trouxe um discurso moderno, aberto e transparente. O problema é que Portugal ainda não é Espanha – e tenho dúvidas se chegará um dia a ser.
Causa-me também muitas perplexidades a gestão comunicacional. Percebo que o treinador espanhol se recuse a falar de arbitragens, embora devesse saber que a cultura portuguesa não é a espanhola, mas tenho dificuldade em perceber os “timings” para criticar os árbitros.
Porque é que se fez um alarido tão grande depois do erro de Pedro Henriques, no final do Benfica – Nacional, ao invalidar um golo limpo de Cardozo, ou no final do Benfica – Académica, e ficou tudo calado no final do FC Porto – Benfica.
Sendo certo que o Benfica foi afastado do título nesse jogo, depois do árbitro ter assinalado um penálti fantasma sobre Lisandro, que deu o empate ao FC Porto, o que se esperava era que o Benfica fizesse um cavalo de batalha desse lance. Mas não, até pareceu que tinham ficado contentes com o empate.
Para quem conhece o futebol português (e talvez que Rui Costa, com o tempo passado em Itália, não tenha percebido completamente a situação), era evidente que o Benfica ia ser o alvo a abater. Tendo comido e calado, isso foi o que os abutres do futebol português esperavam para começar o seu fartar vilanagem. Espero que também aqui Rui Costa tenha aprendido a lição.
Por último (e muitas outras coisas podiam ser ditas), como é possível que um treinador comente aquisições, em conferência de imprensa, para a próxima época? Quique Flores, o treinador que não quis reforços de Inverno, afirmou agora que “Patric e Cavallieri são jogadores para o Benfica”. Como é que isso é possível, quando ainda havia objectivos para atingir? Que brincadeira é esta?
Esta é uma época para reflectir. Esta foi uma época em que foram dadas todas as condições ao Departamento de Futebol Profissional para erguer um edifício forte, seguro e ganhador. Esta foi uma época em que se fizeram investimentos brutais na contratação de novos jogadores. Esta foi uma época desastrosa. Logo, a culpa não pode morrer solteira.
Rui Costa tem todas as condições para recuperar o futebol do Benfica. Para devolver o Benfica às grandes vitórias. A construção de um novo projecto sobre as ruínas deste só pode ter um caminho.
Os anglo-saxónicos chamam-lhe “back to basics”, que é como quem diz, regressar às origens. É isso: o Benfica tem de regressar às origens. Precisa-se um treinador português e uma aposta clara nos jogadores portugueses.  E é preciso começar já.

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