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Mar09
TER OU NÃO TER MILITÂNCIA
Pedro Fonseca
Há poucos meses atrás, o presidente do Sporting introduziu um novo termo no “léxico” do futebol português – Militância.
Numa entrevista, Filipe Soares Franco disse dessasombradamente que faltava militância no Sporting, quando comparado com o Benfica.
Explicava ele que os adeptos e sócios leoninos perdiam em apoio, presença no estádio, dedicação, com os adeptos e sócios do Benfica.
Na sua análise muito racional, Soares Franco via-se a liderar um clube sem alma, sem mística, sem apoio no estádio. As fracas assistências, os assobios sistemáticos foram o pano de fundo para esta denúncia.
Pelo contrário, distante poucos quilómetros, o líder leonino via um clube pujante, onde os adeptos e sócios acorriam em massa ao estádio, apoiavam a equipa. Em suma, no Benfica havia alma e mística. Ou, no léxico muito próprio de Soares Franco, o Benfica tinha militância.
Deve dizer-se que, apesar de ter caído como uma bomba em Alvalade estas declarações, o certo é que a palavra pegou de estaca. E no Sporting há mais gente a pensar como Soares Franco.
Recentemente, Paulo Bento, o treinador, veio a público dizer que gostava que a equipa do Sporting tivesse o apoio que tem a equipa do Benfica. Mais uma vez, para Paulo Bento, o Sporting não tem militância, o Benfica sim.
As ondas de choque não se fizeram esperar e, nos últimos jogos, é vulgar verem-se faixas negras entre os adeptos do Sporting com frases tipo: “Se os líderes dizem que o Benfica é maior que o Sporting, o que hão-de dizer os empregados?”.
De uma coisa não podem acusar Soares Franco e Paulo Bento: de demagogia. Não me cabe a mim verificar da pouca ou nenhuma militância do Sporting, se são os próprios presidente e treinador a confirmá-la, tenho isso como dado adquirido.
Mas a militância não é algo que apareça por geração espontânea. Como a mística, é preciso cultivá-la, alimentá-la, protegê-la.
Fez história a “mística benfiquista”. Baseada em vitórias, claro, mas também em jogadores formados na Luz e onde se mantinham anos e anos. A mística foi-se perdendo, por vários aspectos, mas tem vindo paulatinamente a ser recuperada.
A militância está viva e bem viva. Ontem, o estádio da Naval registou a maior assistência de sempre para jogos do campeonato. Eis a militância em todo o seu esplendor.
No último jogo na Luz, contra o Leixões, e com a equipa a jogar com 10 e os de Matosinhos em crescendo, os milhares de benfiquista a puxar incansavelmente pela equipa foram decisivos para a vitória final. Eis a militância ao vivo e a cores.
Como disse, esta militância não nasceu de geração espontânea. Tem um principal responsável: Luís Filipe Vieira.
O Presidente do Benfica, paralelamente à recuperação financeira e credibilização da imagem do clube que encetou, não esqueceu a alma do Benfica: os seus milhares de sócios e milhões de adeptos. À razão somou a emoção. Ao rigor juntou a mística. A seriedade de princípios e valores foi misturada com uma euforia controlada.
Luís Filipe Vieira fez a simbiose entre o gestor e o sócio do terceiro anel; entre o líder e o mais humilde dos benfiquistas; entre o porta-voz da verdade desportiva em todo o futebol português e o defensor intransigente dos interesses do Sport Lisboa e Benfica.
Os números não mentem. Aliás, os números nunca mentem. Luís Filipe Vieira é um homem de números e, por isso, eles aqui vão: em 2003, primeiro ano como Presidente do Benfica, o clube tinha 90 mil sócios; hoje somos mais de 175 mil.
Nestes 5 anos, aquele que apelidei de “Presidente do Povo” já inaugurou 55 Casas do Benfica espalhadas pelo País e pelo Mundo. Aliás, o contacto com os benfiquistas em Portugal e no estrangeiro tem sido uma das bandeiras da actuação de Vieira enquanto líder do Benfica.
Também o estádio da Luz tem sido uma catedral de militância, com uma média de espectadores por jogo, entre 2003 e 2009, de cerca de 40 mil, o que faria saltar de felicidade qualquer clube cá dentro ou lá fora.
Se isto não é militância…