Ainda mexo:).
Um de vocês perguntava há dias se eu deixara de ser benfiquista, ausente que estava em parte incerta:). Já me aconteceu desejar tal milagre, quando não consigo adormecer após um qualquer desaire, mas todos sabemos que é impossível - nascemos assim, morreremos assim ou assado, mas suspensos do que acontece a quem veste - de preferência com orgulho! - as camisolas vermelhas.
Acontece que Fevereiro era mês "sensível" e eu nunca escondi as minhas reservas quanto à filosofia subjacente aos desempenhos da equipa. Assim, decidi calar alegrias, frustrações, palpites ou remoques por umas semanas e depois escrever com a adrenalina de regresso à linha de base.
E aqui estou! Antes de mais para me congratular com os últimos minutos de Sexta-Feira. O apoio do público durante esses quinze (?) minutos foi dos espectáculos mais reconfortantes da época e tenho a certeza que não deixou indiferentes os jogadores, que farão tudo para o merecerem.
No que à equipa diz respeito, mantenho reservas. Finalmente Ruben Amorim jogou no meio, e, mesmo sem comer a bola, creio ter provado que o seu lugar é ali. Aimar está melhor e esfarrapou-se, facto que para mim garante "indulto" imediato para eventuais pecadilhos. Mas ao longo do mês continuei com a sensação desagradável de que Quique espera um golo de uma correria de Suazo ou de uma bola parada, para depois jogar em contra-ataque. Pergunto-me como estaria a equipa se o esquema utilizado contra o Leixões estivesse oleado há um par de meses...
Algumas conclusões, mesmo sujeitas a desmentido ulterior, parecem-me possíveis: Balboa tem sido um flop, reconhecido pelo próprio treinador; Carlos Martins, aposta de Rui Costa, exibe uma falta de estabilidade psicológica que, de tão longa, já se tornou preocupante; pese embora a agradável surpresa que constitui a adaptação de Maxi à direita, a verdade é que damos connosco sem laterais de raiz, pois tenho alguma relutância em considerar Jorge Ribeiro como tal; Suazo foi-se apagando e continuo sem perceber por que nunca foi utilizado a ala, num campeonato como o português não me parece adequado o Benfica jogar apenas com um ponta de lança. Para quem, como eu, nunca exigiu o título, mas a consolidação de um estilo de jogo e de um núcleo duro de jogadores, houve tempo perdido.
Restam os factos: estamos a dois pontos do primeiro classificado e a dois acima - equivalendo a três... - de quem nos persegue. Tudo de bom e mau é ainda possível, admitindo eu que temos pela frente o percurso mais duro dos candidatos. Eu continuarei a fazer a minha parte, leia-se roer as unhas, praguejar à moda do Porto e declarar sem pudor que "está na hora!" a partir do momento em que me apanho em vantagem:).
Adiante. Um abraço de parabéns a todos, um clube como o Benfica não esconde a idade, orgulha-se dela! Acolhe as nossas vidas e sobrevive nos corações de filhos e netos, faz parte da lenda familiar que tem como argamassa o afecto. E assim, centenário, se mantém jovem. Ou novo, como preconiza este blog...
E sobre ele serão as minhas últimas palavras. Adepto que fui da moderação dos comentários, agrada-me - se não exijo! - a absoluta franqueza dos textos. E dessa prática decorre a minha opinião - em ano de eleições, o blog parece encaminhar-se para a cristalização de dois blocos. Os quais, directamente ou por interpostas pessoas (Quique, Rui...), se degladiam a propósito da continuação de Luís Filipe Vieira. No passado, discordei várias vezes dele. Não aprovei a "ligação umbilical" a José Veiga, adverti para o triunfalismo injustificado após o campeonato ganho, desagradou-me o timing do anúncio das novas responsabilidades de Rui Costa na última época, etc... Mas também salientei o regresso do clube ao estatuto de "pessoa de bem", e sem procurar aí as razões para os nossos insucessos considero obrigatória a denúncia que fez dos meandros em que o futebol português se compraz. Outros com as mesmas obrigações preferiram calar-se...
Em relação a esta época, não percebo muito bem de que possa ser acusado. Decretar que o poder dado a Rui Costa é um biombo de protecção não colhe. Temos um homem do futebol a mandar no futebol, trabalhando com um treinador que escolheu e com meios para construir um plantel. Para cúmulo é um menino querido de todos os benfiquistas! Eu considero-me bem servido e também não defendo a mudança de treinador, mesmo com as divergências que nunca escondi.
Vai daí... Apreciarei com o mesmo interesse todas as candidaturas que se apresentem no próximo acto eleitoral. E se alguma me parecer, com toda a subjectividade que o juízo implica, melhor preparada que a de LFV para defender o Benfica, votarei nela sem qualquer dramatismo, orgulho ou "espírito de missão". Por isso, não contem comigo para campanhas em Março e, com toda a franqueza, preferia não as ver no blog, mas cada um sabe de si! Perdoem a verborreia, juro que não voltarei a debruçar-me sobre o tema nos meses mais próximos:).