O meu amigo Bruno Carvalho, principal mentor deste blogue que já está a fazer história, escreveu um "post" pertinente intitulado "Apito Final". O Bruno é um benfiquista a sério e insuspeito, mas o seu texto deixou-me seriamente entristecido. Prometi-lhe que ia responder e agora o faço.

A decisão da última sexta-feira não é uma vitória do FC Porto, nem uma derrota do Benfica - é uma vitória dos que querem manter o futebol fora das regras mais elementares do Direito; dos que querem que o futebol continue a ser um estado dentro do Estado, um mundo sem regras, sem civilidade, sem respeito, sem fair-play. Mas esta decisão é também uma profunda derrota do futebol português e vamos a ver as consequências que irá ter a nível internacional. Quem quer ser respeitado tem de se dar ao respeito e as instâncias superiores do nosso futebol não se deram ao respeito, por isso, não merecem ser respeitadas.

Eu gostava que o Bruno escrevesse isto, que é o que ele também pensa, mas preferiu virar as "balas" contra o seu e o nosso clube. É certo que tem toda a legitimidade para o fazer; é certo que tem um capital de idoneidade e de credibilidade para não aceitar conselhos de quem quer que seja, mas eu não ficaria de bem comigo se não lhe dissesse isto.

O Benfica já tem inimigos (a qualificação não fomos nós que a criamos) internos que cheguem para que gastemos as nossas preciosas energias para nos flagelarmos. Isto não significa ser acrítico, nem fechar os olhos ao que está mal e merece ser criticado. A questão é identificar o que é essencial e o que é acessório. E o essencial é, neste momento, a união em volta de um projecto protagonizado por Rui Costa que devemos apoiar e defender.

Quanto aos erros desportivos do passado, é claro que eles existiram, como existiram no FC Porto e no Sporting (e que erros!!!), mas o que deve ser realçado é que esta Direcção tirou o clube do fundo do poço, recuperou a mística, fez um estádio que é o orgulho de todos os benfiquistas (lembrem-se que sem este estádio tínhamos ficado fora do Euro 2004, e foi ali jogada a final), fez um centro de estágio, dois pavilhões (coisa que nem FC Porto nem Sporting têm), etc.etc.etc. Ah, e fomos campeões após 11 anos de jejum. É pouco? Claro que sim, claro que queremos ser campeões todos os anos, se possível. Mas basta fazer uma análise sobre o que passaram alguns grandes clubes europeus há alguns anos atrás, como o Manchester, o Liverpool e o Real Madrid, para se perceber que o "monstro" Benfica está a regressar.

O Bruno acha que o Benfica andou distraído com o Apito Final. Eu acho que nunca é tempo perdido lutar pela regeneração do futebol português. Liderar esse combate é também uma responsabilidade histórica de um clube como o Sport Lisboa e Benfica.

Numa coisa eu estou em completo acordo com o Bruno Carvalho: campeões, nós queremos ser campeões.