09
Fev09
FICÇÃO OU REALIDADE?
Pedro Fonseca
Ontem, o Benfica foi ao Dragão ganhar ao FC Porto, por 0-1, regressar à liderança do campeonato e colocar um ponto final em 4 anos consecutivos sem vitórias no recinto dos azuis e brancos.
Todos estarão lembrados da vergonhosa história do ano passado, onde um senhor árbitro chamado P. “Garoto” Proença inventou um penálti contra o Benfica, que permitiu ao FC Porto chegar ao empate.
Este foi um mal que, no entanto, veio por bem. O que se passou a seguir ao escandaloso roubo de 8 de Fevereiro de 2009, determinou uma viragem histórica no futebol português.
A investigação a cargo de diversas polícias internacionais, como a Interpol, o FBI, e a Scotland Yard (que nisto os investigadores portugueses não são de fiar), conseguiu descobrir o rasto do dinheiro, dissimulado em férias pagas nas Caraíbas e em off-shores nas Ilhas Caimão.
P. “Garoto” Proença teve o mesmo fim de Jacinto Paixão, Carlos Calheiros, José Guímaro e Francisco Silva. Mas a limpeza não se ficou por aqui. Face à situação catastrófica do futebol nacional, o Governo teve de intervir para decretar o estado de calamidade.
Foi pedido à FIFA e à UEFA que autorizassem a nomeação de árbitros estrangeiros e a introdução das novas tecnologias nos jogos do nosso campeonato. A verdade desportiva regressou aos relvados nacionais, depois de 20 anos de suspeições e atentados à credibilidade do futebol.
O Benfica conseguiu chegar ao título e, este ano, na liderança do campeonato, é o mais sério candidato à revalidação do ceptro. Mas nem tudo é perfeito. O “sistema” tenta a todo o custo um regresso ao passado. Um regresso à vergonha e à ignomínia - que se passearam impunes anos e anos a fio.
Nos tribunais portugueses, os processos de corrupção desportiva ou marcam passo ou são torpedeados por questões jurídico-formais que adiam e protelam uma decisão final. Os apitos continuam a silvar por aí.
Talvez seja necessário também pedir a intervenção de juízes estrangeiros para obter uma maior celeridade nos processos em curso, e decisões rigorosas e transparentes. Enquanto tal não acontece, vamos esperar que o leve sotaque siciliano que tem infestado os bastidores do nosso futebol tenha sido amordaçado de vez.
Todos temos de estar alerta. No passado, as operações de limpeza de Calheiros e J. Paixão e outros “apóstolos”, davam a ideia de que finalmente podíamos ter a certeza de que a fraude desportiva tinha os dias contados. Puro engano.
O “sistema” é esperto e não dorme. Com Olegário queimado, Sousa suspeito, Xistra desgastado e Costa excessivo, foi buscar o impoluto “Garoto” Proença. Aquele a quem ninguém apontaria nada.
O rapaz, lavadinho e de brilhantina nos cabelos, cometeu, porém, o pecado da gula. Chegou ao estádio de gravatinha azul bebé e pôs-se à conversa com os funcionários do clube da casa. Enlevado com tanta simpatia, “Garoto” Proença esqueceu-se que naquele local as câmeras captam tudo, para mais tarde recordar.
Depois, “Garoto” não se conteve. Penálti mal assinalado contra o Benfica; expulsões perdoadas a B. Alves por patada em Suazo, e a Lisandro por calcadela em Katsouranis. Foi um fartar vilanagem. Era demais e era preciso intervir. Até o ajudante de campo de P. “Garoto”, vendo tanta impunidade e libertinagem, já cumprimentava efusivo os jogadores de azul, na altura da substituição. Um fartote!
E foi assim que o Governo, como dissemos, apelou à Interpol, ao FBI e à Scotland Yard. De sobreaviso ficaram a CIA, a Stassi e a Mossad. Protocolos com penitenciárias de alta segurança, como Sing Sing e Alcatraz, foram firmados, que as cadeias portuguesas não são de confiança.
O mundo olhava com espanto e com incredulidade, mas a justiça e a verdade acabaram por vencer. Como tudo na vida, nada se pode dar por adquirido. É preciso, cada vez mais, cerrar fileiras em torno de quem não pactua com as malfeitorias de um passado negro. Depois de 8 de Fevereiro de 2009, nada ficou como dantes no futebol português. Para bem da verdade e da credibilidade desportiva.
Post-Scriptum: O que acabei de escrever é ficção ou realidade? Nem eu próprio o sei bem. Acredito – quero acreditar – que como disse, a verdade desportiva será uma certeza no nosso futebol. Espero que esse dia esteja para breve. Este texto é um texto de revolta e de raiva. E de protesto.