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Novo Benfica

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27
Jan09

A gestão do balneário

Miguel Álvares Ribeiro

 

 

Desde que veio para o Benfica que sou um admirador de Quique Flores, sobretudo pelo seu carisma e pela postura diferente que assumiu, em termos de correcção, frontalidade, honestidade e simpatia.

 

Após um início de época muito prometedor, com bons resultados e exibições, começaram a surgir exibições e resultados menos positivos e logo se começaram a ouvir as vozes críticas. Embora reconhecendo alguma razão no que diz respeito à pobreza exibicional em alguns jogos e à rigidez táctica que não permite a existência de soluções alternativas ao “seu” sistema de jogo, sempre continuei a manter a confiança em Quique.

 

 

Apesar disso, as recentes decisões e intervenções públicas de Quique têm-me desiludido. Começou com os “castigos” impostos aos jogadores que tiveram uma exibição menos conseguida ou mesmo com erros graves. Foi o caso dos guarda-redes, com o afastamento de Quim (nem para o banco foi) e depois de Moreira, após falhas graves. Não penso que esta seja a melhor forma de resolver estas falhas e certamente mina a confiança dos jogadores. Depois de todas estas experiências penso que concordaremos, quase unanimemente, que Quim tem que ser titular e Moreira o suplente. Não consigo compreender o continuado afastamento de Quim dos relvados.

 

Não sabemos (eu, pelo menos, não sei) o que se passa no interior do balneário do Benfica, mas não é novidade para ninguém que a força de uma equipa depende muito do espírito de grupo que consiga estabelecer-se entre todos os seus elementos, pelo que e a qualidade do ambiente no balneário e a união no esforço colectivo e nos objectivos do grupo são fundamentais. Nenhum indivíduo se pode, portanto, sobrepor ao colectivo, mas é importante saber integrar todos nesse espírito de grupo e nos objectivos comuns. Essa é uma das tarefas fundamentais da dupla Rui Costa/Quique Flores.

 

Também nesse aspecto as recentes intervenções de Quique não têm sido felizes; não duvido que Balboa e Reyes, para citar os exemplos mais recentes, precisam de ser responsabilizados e espicaçados, para mostrarem níveis exibicionais mais elevados e consistentes, mas não me parece que a gestão do balneário em conferência de imprensa seja a solução para tal.

 

 É evidente que, não conhecendo, como já admiti, o que se passa no balneário, não posso fazer um juízo definitivo sobre estes incidentes mas, apesar da posição especial que ocupa, Quique (juntamente com Rui Costa) é também um dos elementos do grupo e o principal responsável por conseguir que este apresente bons resultados. Daí que não me pareça positiva a atitude de se pôr de fora a criticar publicamente alguns elementos do grupo. A bem da união do grupo é importante que todos assumam as suas falhas e que as consigam ultrapassar em espírito de cooperação e não de acusação/crítica pública.

 

Naturalmente que é inevitável, num grupo altamente competitivo, a existência de rivalidades entre os seus elementos, até porque as suas carreiras dependem em grande medida das oportunidades que têm de mostrar o seu valor em campo (aqui convém também explicar-lhes que depende primeiro da qualidade do colectivo pois sozinhos não vão derrotar os adversários). É, no entanto, tarefa do treinador e dos dirigentes resolver esses conflitos no interior do grupo, evitando o desgaste mediático, sempre prejudicial. Também aqui me parece que o caso de Cardozo não tem sido bem enquadrado. Apesar de não querer entrar por questões técnicas, porque não serão eventualmente neste caso as mais relevantes e porque para elas não tenho qualquer competência, não consigo perceber que quando se precisa de reforçar o ímpeto atacante da equipa, a dupla Cardozo/Suazo, servida por Aimar não seja uma opção mais frequente.

 

 

Como já vimos, temos que ser muito superiores para conseguir impor-nos pois, se o jogo for equilibrado ou se formos apenas ligeiramente superiores ao adversário, o sistema arranja sempre maneira de nos prejudicar. Convém, portanto, não dar ainda mais armas aos adversários; a estabilidade é essencial, evitar situações públicas de divisão interna é imperioso.

 

 

Continuo firmemente convencido que a dupla Rui Costa/Quique Flores é a indicada para conduzir o Benfica neste processo de renovação e que nos trará ainda muitas alegrias, mas algumas das atitudes mais recentes devem merecer uma seria reflexão e, se não existem outros factores que desconheço, uma inflexão na política de gestão do grupo.

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