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Novo Benfica

Novo Benfica

29
Dez08

2008

Pedro Fonseca

Este é o meu último post de 2008. Nestas alturas, a tradição obriga a que façamos um balanço do ano. Para mim, a tradição ainda é o que era. Por isso, elegi os momentos que marcaram, na minha opinião, 2008.

Mas primeiro, quero eleger o homem do ano – Nélson Évora, português e benfiquista, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim. Quem senão um atleta benfiquista poderia dar a Portugal a maior alegria e o maior feito desportivo de 2008?
Vamos agora aos momentos mais marcantes. Sendo a ordem arbitrária, começo por um que teve o paradoxo de ser simultaneamente triste e feliz para os benfiquistas: a despedida de Rui Costa dos relvados.
O “maestro” disse adeus a uma carreira fantástica, não com os êxitos desportivos que desejaria, mas envergando a camisola que sempre amou e dignificou. Quando regressou ao Benfica vindo de Milão, pela mão de Luís Filipe Vieira, Rui Costa trazia dois objectivos na cabeça: ser campeão com a camisola do Benfica e acabar assim a carreira de jogador.
As lesões impediram que isso acontecesse, condicionando o desempenho desportivo de uma equipa que estava dependente da sua presença em campo. Acabou a última época já em sofrimento físico e psicológico. Disse adeus aos relvados em noite de emoções na Luz, numa das mais belas despedidas que o futebol já viu. Perdeu o Benfica um génio da bola, ganhou um excepcional director desportivo.
2008 foi um ano mau para o futebol profissional do Benfica. O 4º lugar na Liga foi resultado de dois factores conjugados: as lesões de Rui Costa, que o impediram de dar o seu contributo por vários jogos, e o abandono do treinador Camacho, com muitas jornadas ainda por disputar. No meio destas imprevisibilidades, era difícil fazer melhor.
Transformado em Apito Final, o processo de investigação à corrupção no futebol português, denominado Apito Dourado, viu o seu epílogo este ano, com a condenação de dois clubes importantes, o Boavista FC e o FC Porto, e respectivos dirigentes máximos.
Não me cabe aqui fazer a abordagem deste processo, nem dos seus soluços jurídicos. Apenas registo que no caso do Boavista, ele conduziu o popular clube do Bessa à descida de escalão e ao previsível desaparecimento; no caso do FC Porto, a situação, a meu ver, é mais grave porque irreversível.
O Apito Final, aparentemente, não produziu sequelas desportivas na colectividade das Antas. Aparentemente. Contudo, os prejuízos na imagem internacional do clube (internamente a imagem nunca foi muito famosa) foram gigantescos e, repito, irreversíveis.
Digo-o com conhecimento de causa. Em Genebra e em Basileia, onde assisti a jogos de Portugal no Euro 2008, quando me identificava junto de adeptos de outras selecções dizendo que era da “região do Porto”, tinha como resposta: “Ah, do clube que compra os árbitros!!!”. Talvez os portistas não tenham ainda essa nítida percepção, mas que essa nódoa é algo que manchará para sempre o clube, mais vitória menos vitória, isso é inequívoco.
Agosto foi mês de Jogos Olímpicos. Lá longe, em Pequim, o nome do Benfica foi gritado e dignificado. Nélson Évora (repito, o Homem do Ano), Vanessa Fernandes e Angel di Maria tornaram o Benfica no clube português mais medalhado em Jogos Olímpicos (não esquecer também a medalha de bronze de António Leitão, em Los Angeles/84).
Algumas semanas antes, o Euro 2008, na Suiça e na Áustria, fez parar Portugal. Uma semi-desilusão, com a eliminação nos quartos-final aos pés da finalista Alemanha. Os benfiquistas presentes no torneio, Nuno Gomes e Petit (Quim, infeliz, veio para casa devido a lesão) cotaram-se como dos melhores.
Outro dos pontos marcantes do ano foi a criação da Benfica TV. O arranque deste projecto, algo negligenciado por alguma imprensa (por motivos óbvios), está muito para lá do mero facto de colocar o Benfica na vanguarda dos clubes portugueses e ao lado dos maiores do mundo.
Contam-se pelos dedos das mãos os clubes de expressão mundial que deram o passo para montar um projecto audiovisual próprio. Mas a Benfica TV vai também ser um instrumento decisivo na “revolução” dos direitos televisivos em Portugal. Liderando as audiências, o Benfica exige as contrapartidas monetárias que a sua dimensão reivindica. Com a Benfica TV, Luís Filipe Vieira passa a deter a “arma” decisiva para a batalha que se avizinha.
2008 não terminou sem que o Benfica ascendesse ao lugar que deve ser sempre o seu: o 1º. Esta posição, que está já a incomodar muita gente (vidé arbitragem de Pedro Henriques no Benfica – Nacional), tem muitos responsáveis, mas deve-se sobretudo a uma estrutura de futebol profissional, blindada, eficaz e solidária (como se viu na resposta ao escândalo da anulação do golo de Cardozo no já referido Benfica – Nacional), pronta para dar resposta positiva a todos os desafios – e vão ser muitos e duros – que 2009 vai trazer. Estamos preparados! Um Bom Ano para todos!
 
PS: O Bruno Carvalho, cujos textos muito aprecio pela sua pertinência e arguta inteligência, deu, num dos seus últimos posts, uma notícia bombástica (os blogues também servem para dar notícias e não só para publicar opiniões), que, não fosse a nossa comunicação social andar distraída, seria manchete em qualquer jornal: José Veiga é benfiquista.
Ao revelar que o ex-presidente da Casa do FC Porto do Luxemburgo e antigo conselheiro predilecto de Pinto da Costa sempre foi, afinal, adepto (sócio?) do Benfica, destrói também um dos maiores mitos do clube azul-e-branco: só ter na sua estrutura portistas “bacteriologicamente” puros. Luís Filipe Vieira está perdoado.

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