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Dez08
A união faz a força
Pedro Fonseca
Luís Filipe Vieira deu uma grande entrevista à Benfica TV. Repisando algumas das ideias e projectos que tem vindo a anunciar, o Presidente do Benfica evitou pronunciar-se sobre uma possível recandidatura.
A pouco menos de um ano das eleições no Benfica, é normal que se comece a questionar quem serão os candidatos. Mas também é importante que os benfiquistas percebam que os “timings” dos órgãos de comunicação social não são os “timings” de Luís Filipe Vieira nem do Benfica. A maior parte das vezes são até “timings” muito diferentes e opostos.
Vieira faz bem em não ceder à pressão mediática. Não para alimentar qualquer tabu, mas porque, se calhar, há quem queira provocar manobras de diversão para desviar o Presidente do Benfica e os benfiquistas daquilo que é, para já, prioritário: consolidar a liderança, consolidar o projecto da Benfica TV, preparar o Benfica para os novos desafios, internos e externos.
Por outro lado, ninguém melhor do que Luís Filipe Vieira sabe qual é o momento ideal para se pronunciar sobre as próximas eleições. Dir-me-ão que nenhum benfiquista espera outra coisa que não seja a continuidade do actual líder. É bom, porém, que se saiba que se hoje é apetecível ser líder do Benfica isso deve-se ao trabalho hérculeo de recuperação financeira e da imagem do clube, e essa recuperação deve-se em grande parte a Luís Filipe Vieira.
Com o que foi conseguido e alcançado nestes últimos anos, é normal pensar-se que Luís Filipe Vieira tem uma passadeira vermelha estendida até ao cadeirão da Luz. Contudo, o sentido de responsabilidade do Presidente do Benfica não se distrai com as coisas fáceis e adquiridas.
Arrumada a casa ao nível do Departamento de Futebol profissional, com Rui Costa ao leme, Vieira tem sobre os ombros responsabilidades imensas. Não se trata agora de levantar do chão um clube depauperado, arrasado, descredibilizado por gestões danosas e irresponsáveis; trata-se de projectar o Benfica do futuro, alicerçado em projectos de vanguarda, primeiro entre os maiores clubes do Mundo.
A Benfica TV, que dá os primeiros passos, o projecto da Fundação Benfica, em prol dos mais carenciados, o Museu do Benfica, depositário de uma história gloriosa, as novas correlações de forças no âmbito das transmissões e direitos televisivos, obriga o Presidente do Benfica a um novo e redobrado esforço, dedicação e empenho.
Estes desafios não podem, por isso, ser abraçados por um homem só. Os benfiquistas têm de estar unidos e decididos a apoiar estes projectos e esta estratégia. Só com a nossa união, só com todos a remar para o mesmo lado, é que esta tarefa gigantesca será coroada de êxito.
Vieira sabe que pode contar com os benfiquistas, como contou no passado. Mas este apoio tem de ser dado com provas concretas, com acções determinadas e claras. Querem prova mais concreta e objectiva de que o Benfica está no bom caminho? Pois aqui vai: “No desempenho dos presidentes dos “grandes” no último mês, todos receberam apreciações positivas, mas a novidade é dada pelo facto de, a nível absoluto, Pinto da Costa ficar abaixo do seu homólogo do Benfica, Luís Filipe Vieira. É a primeira vez que tal sucede na vigência do Termómetro (sondagem mensal publicada no jornal “O Jogo”, na passada sexta-feira, sobre o desempenho dos presidentes dos 3 “grandes”)”.
Este dado é tanto ou mais significativo quando se sabe que foi no último mês que o Benfica sofreu uma das suas maiores goleadas na Europa (5-0 frente ao Olympiacos, na Grécia, para a Taça UEFA), deitando quase por terra um dos principais objectivos da temporada.
A extraordinária receptividade dos benfiquistas a Luís Filipe Vieira resulta da conjugação de vários factores: 1 – O reconhecimento pela recuperação da credibilidade do clube; 2 – O reconhecimento pelo trabalho de equilibro económico-financeiro; 3 – O reconhecimento pelo trabalho de modernização das infra-estruturas desportivas; 4 – O reconhecimento pelo trabalho de recuperação do ecletismo do Benfica; 5 – O reconhecimento pela disponibilidade e energia demonstradas no reforço da militância e na expansão do benfiquismo, assim como na criação de novos projectos e lançamento de novos desafios: a Benfica TV e a Fundação Benfica, entre outros.
Os tempos difíceis que atravessamos obrigam-nos a uma responsabilidade acrescida. O Benfica é grande e importante demais para voltar a cair em situações de aventureirismo, como as de um passado mais ou menos recente. O futuro obriga todos os benfiquistas a darem as mãos em prol de um projecto de Campeões.
Ps1 – O meu texto anterior, intitulado “Mais que um clube” deu azo a alguns comentários a que pretendo responder. Uns “historiadores” chamavam a atenção para o facto da escravatura nos EUA ter sido erradicada muito antes dos anos 60. Se isso é verdade, de direito, não o é, de facto. Basta ler o que se passava em estados como o Alabama ou o Texas. Mas o que não foi erradicado foi a “escravatura moral”, que teve como ícone, Rosa Parks.
Ps2 - Nesse texto, referi alguns dos grandes jogadores que vestiram a camisola do Barcelona. Por lapso, referi Puskas, um grande jogador, sim, mas do Real Madrid. No texto, fazia a comparação entre o Barça e o Real, e isso levou ao lapso, pelo que onde se leu Puskas devia ler-se, Kocsis.