História do Cerco de Lisboa. (Só para seguir o universo Saramago)
O que eu não entendo é como é que ainda há quem pense que a evolução do Benfica tem de estar ligada à história recente e ao modus operandi de um outro clube qualquer.
Os problemas do Benfica, desportivos, financeiros e outros, devem, a meu ver, ser resolvidos com base numa matriz própria, autónoma e independente de exemplos externos.
A fixação pelo FC Porto nunca trouxe nada de bom ao Benfica. O Benfica tem de saber pensar por si, fazendo uso de critérios claros de competência, ambição, excelência, responsabilidade. E extremo cuidado na forma como expõe fragilidades em público.
Agir, na Luz, tendo como...norte, o Porto é, a meu ver, um erro. Por isso, qualquer análise, mais para mais feita em público, dos problemas do Benfica, que parta, para a sua resolução, de uma comparação com o Porto ou qualquer outro clube, está, a meu ver, condicionada por esse pecado capital, à partida.
Percebo que vem viva cercado de portismo, acabe por acusar o toque. O aceno constante das conquistas recentes do FCP pode, talvez, levar a um desespero de comparação, mas não caiamos nessa armadilha! Aliás, eu poderia estar aqui a desfiar todo um rolo de argumentos que mostram que o FCP está também cheio de maus exemplos, que eu não gostaria de ver o Benfica trilhar, nomeadamente a nível da gestão financeira, para começar. Mas não vou por aí. Saibamos procurar dentro de nós, as respostas para as nossas falhas e não noutros lados. Eu não sou pelo pensamento único, e defendo um clube plural, aberto à discussão interna de tudo. Isso não está em causa.
Mas o meu ponto é este: analisar o Benfica, e tentar, modestamente, contribuir para a resolução dos seus problemas, não passa por trazer outro clube à conversa (seja ele qual for). Isso diminui o Benfica. Torna-o mais vulnerável e dá trunfos a quem é inimigo do nosso clube. Eu, como benfiquista, não sinto nenhuma inveja, nem qualquer complexo, em relação a qualquer outro clube. Conheço a nossa história, de que me orgulho, e reconheço-me na nossa idiossincrasia. Que não tem, não pode ter, comparação.