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Novo Benfica

Novo Benfica

03
Dez08

De como vamos ter muito que sofrer.

PR

Quique Flores tem sido de uma serena sabedoria, na forma como fala da época e da equipa, e acho que deve ser escutado com a devida atenção. A ideia de que a equipa está ainda longe do que se pretende foi defendida em plena euforia, após a vitória em Guimarães. Não foi por acaso, o homem sabia o que dizia.

E a ideia da semana passada, de que os adeptos serão indispensáveis para conseguirmos ganhar alguma coisa tem igualmente mérito, e mostra que Quique percebe as insuficiências da equipa, mas também a força que o benfiquismo tem e de como essa militância pode ajudar ao crescimento de alguns jogadores ainda pouco maduros para conseguirem carregar a equipa. A equipa precisa que os adeptos não a abandonem, basicamente.

Acho que temos um bom plantel, globalmente superior ao dos nossos rivais, mas o meio campo precisa de uma cultura táctica e uma classe que nem Yebda, nem Bynia demonstram ter, apesar de serem jogadores interessantes para se imporem gradualmente no futuro (Katsouranis tem essa cultura táctica, creio), e numa equipa em que os alas (Di Maria, Reyes, Urreta, Balboa) defendem mal, à excepção de Ruben Amorim, a defesa fica muito exposta, a equipa começa a defender muito atrás, não mostra maturidade para saber gerir a posse de bola. Isto é gritante quando temos de gerir uma vantagem no marcador. E perdemos dois pontos em Matosinhos com o Leixões, e agora mais dois com o Setúbal nos últimos minutos. Com esses 4 pontos a mais seríamos líderes. E é nestes jogos que se ganham, e perdem, campeonatos.

E depois há a defesa: precisávamos do melhor Leo, e de um central experiente para ajudar ao crescimento de Sidnei e David Luiz. Esse central, no nosso plantel, é, obviamente,Luisão. Ele não é brilhante, quer dizer, não é nenhum prodígio, mas é experiente, sabe o que é o Benfica e é, nesta equipa, indispensável. Precisávamos também de um lateral direito com uma classe que Maxi nunca terá (apesar de ser muito trabalhador e de ter uma ética de entrega ao jogo e aos interesses da equipa que é um exemplo). Na baliza, eu também sempre gostei mais de Moreira do que Quim, mas acho que mudar de guarda-redes não vai resolver, só por si, os problemas desta defesa.

É que, além do que foi dito, o nosso meio campo não tem ajudado nada, muito pelo contrário.

A agressividade junto dos condutores da bola das equipas adversárias é muitas vezes inexistente, e a busca dessa posse é feita muitas vezes sem método, só com base na vontade e no instinto. Os desequilíbrios do nosso jogo defensivo são flagrantes. As perdas de bola são assustadoras e sistemáticas. Ninguém parece parar para pensar!

No ataque estão as nossas maiores armas, mas com o Pablo Aimar a jogar um ou dois jogos e a parar três é difícil ter alguém que pense o jogo atacante da equipa (Um ataque com Cardozo, Suazo, Nuno Gomes...merecia um Rui Costa a distribuir jogo...)

Reyes é um artista, mas com tendência para ser egoísta e não pensar tanto na equipa; sobretudo quando ela não está a ganhar. Carlos Martins estabilizou num nível sofrível. 

Pergunto-me se não seria melhor, nesta altura, colocar o Ruben Amorim ao meio, ao lado de Katsouranis...No domingo passado lembrei-me do Petit. Teria sido importante tê-lo em campo naquele jogo.

Quando nos falta a maturidade de Luisão e Nuno Gomes, a equipa perde vozes de comando que podiam ajudar a estabilizar o conjunto. Falta alguém que saiba pensar o jogo a cada momento e equilibrar a equipa quando ela começa a entrar em stress.

A fraqueza do Benfica passa muito pela forma como a equipa não sabe lidar com a desvantagem no marcador, mas julgo que isso tem muito a ver com uma lógica de muitas épocas seguidas de derrotas. É o tal caminho que leva tempo a percorrer, uma matriz que leva tempo a modificar. Sabemos que pedir tempo, no futebol, é pedir o impossível, e o dilema do Benfica parece ser este: há matéria prima (jogadores, treinador, direcção desportiva), mas era preciso experiência em campo para que o processo de crescimento da equipa fosse sereno, ganhando jogos sucessivos e não abanando com jogos como o da Grécia e o de Domingo passado. E quando a equipa fica, de uma vez, sem Nuno Gomes, Aimar, Luisão...é pedir muito a Yebda, Bynia, Miguel Vitor, Sidnei, Jorge Ribeiro, Urreta que, de repente, sejam os pilares de que a equipa precisa.

Agora não podemos deitar a toalha ao chão. Ninguém ganha, ou perde, campeonatos em Dezembro. Há que ser humilde, dar a volta ás insuficiências com treino de cultura táctica, jogar sempre com grande concentração e acreditar que há uma estrutura global atrás da equipa que acredita nela. E essa estrutura incluí, tem de incluír, cada um de nós, a cada momento.

O jogo do próximo fim de semana é absolutamente fulcral para recuperar a confiança da equipa. Ganhar na Madeira será o tónico de que a equipa precisa. É um jogo difícil, mas nós somos o Benfica, e com trabalho e humildade ganharemos. Mas se não ganharmos...nada de pânico. A procissão ainda nem sequer vai a meio e esta equipa pode dar-nos ainda muitas alegrias. Mas, como nós, na bancada, vai ter de sofrer. Sofreremos juntos, unidos na crença de que seremos campeões.

 

 

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