OS Bons e os Maus Agoiros
Ontem ganhamos à Turquia na jornada inaugural do Euro 2008 – normal, mas Bom Agoiro.
Antes tínhamos conhecido a lesão incapacitante de Quim que seria substituído por Nuno Espírito Santo – Mau Agoiro, tanto mais que para além de um Miúdo sem a grandeza nem a maturidade necessárias, restam-nos agora, na Baliza da Selecção, 2 graúdos que passaram as respectivas épocas sugestivamente sentados nos respectivos bancos. Até parece que Scolari, ao contrário do que diz no milionário anúncio “às vezes não pensa” - Mau Agoiro, ainda porque na equipe de todos nós, saiu uma águia na força da vida para entrar um dragão de pouca chama.
O Onze inicial começou, para a além da Legião estrangeira, com 2 Benfiquistas, um Sportinguista e nenhum portista – mais um Bom Agoiro, portanto.
No cômputo geral tivemos 4 bolas nos ferros e um golo anulado – Mau agouro, será que as Virgens de Caravaggio e de Fátima, se esqueceram de nós e da nossa extrema devoção?
Avaliados os bons e os maus agoiros vamos ao jogo. Ao contrário do que alguns diziam, ficamos a saber que a Turquia joga pequeno e que Portugal tem evoluído bem no colectivo, embora ainda sem a precisão e o entrosamento (gosto muito desta palavra que não vejo dizer em mais lado nenhum e me faz sentir mais perto de um Rui Santos ou outro verdadeiro comentador) que gostaríamos. Não estamos, na Suiça, ainda a trabalhar como um relógio, mas no global julgo que melhoramos.
Quanto às exibições destaco a boa prestação de Pepe que me pareceu fisicamente melhor do que Ricardo Carvalho, as alas não comprometeram a defender nem deslumbraram a atacar, o meio campo, com um Moutinho muito voluntarioso, um Deco a parecer cansado na segunda parte e o incansável Petit, o grande jogador das coisas pequenas – quantas recuperações de bola quanta energia posta em jogo. Pena não termos tido este Petit toda a época. Na frente para além da saudosa leveza de Simão e da genialidade de Ronaldo, a surpresa foi Nuno Gomes. O Capitão foi o ponta-de-lança que os comentadores têm dito que falta á Selecção. Uma bola no poste, outra na barra e uma preciosa assistência para o primeiro golo. E ainda, muito, muito trabalho a fixar a defesa Turca no seu reduto.
Pronto está visto, venha a República Checa onde a obrigação é vencer e, com isso, passar à fase seguinte
Um comentário final á entrevista do Presidente do Porto à SIC:
Assistimos a uma radical mudança de táctica no jogo jurídico azul e branco. Já perceberam que a invocação da não retroactividade da Lei não tem a definitiva validade jurídica que lhe queriam pôr. Perceberam também que conseguiram pressionar um Gilberto Madail sempre “esponjoso” e maleável e a pedir represália encarnada. Têm, finalmente, muita esperança, vá-se lá saber porquê no Conselho de Justiça e no recurso. Talvez animados por aquele também surpreendente (?) convite para se constituírem como assistentes no recurso interposto por Jorge Nuno (a vigiar…).
Por isso a tese é: (1) vamos ganhar o recurso em tempo (desconfiemos todos se assim for);(2) o recurso de Jorge Nuno aproveita ao Porto (será que os catedráticos também disseram isto? – não me cheira); e (3) a UEFA vê-se, em sede de recurso, confrontada com um batoteiro que já não o é (felizmente que na UEFA é menos permeável a estes catedráticos “malabarismos”)
No final, vi um Presidente mais envelhecido, sem a garimpa e o chiste de outros tempos. Com algumas “brancas” e outros mistérios como aquela dos suíços que ficamos sem saber se eram relógios, queijos ou canivetes….
António de Souza-Cardoso