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Novo Benfica

Novo Benfica

20
Set08

Roda da Sorte

António de Souza-Cardoso

Um dos grandes aliciantes do futebol reside na incerteza do resultado, tantas vezes dependente de um conjunto de pequenas variáveis aleatórias que não temos o poder de dominar. Desde o pequeno detalhe do penalty que o árbitro não viu (ou viu a mais), até ao pequeno espaço que distingue uma bola no ferro de uma bola dentro da baliza.

Claro que me poderão invocar a teoria dos grandes números para dizer que não se tem sempre sorte ou azar, ou que não se é prejudicado ou beneficiado toda a vida. Num universo perfeito esta teoria estatística parece inatacável. Mas o problema é que o futebol é, como todos temos confirmado, feito de sistemas e de pessoas que se transfiguram e diminuem, no turbilhão de emoções que o “desporto-Rei” proporciona.

 Não queria ir por aí. A minha formação jurídica tem sido severamente abalada pelas aberrantes interpretações de analistas diversos sobre as recentes evoluções nos processos do apito final e prefiro por essa cómoda razão, guardar-me para a altura certa em que a justiça e a verdade (a dos tribunais e não a dos jornais) se vierem a conciliar e consumar.

 A justiça publicada é normalmente, para quem trabalha nestas lides, uma justiça diminuída e vulnerável, feita de pequenas delações ao segredo de justiça e pequenos excertos e interpretações parciais de processos amplos, complexos e profundos. Esperemos tranquilamente, portanto.

Voltemos ao futebol. Nesta jornada europeia as equipes portuguesas tiveram sortes diferentes. A primeira delas reside seguramente no adversário ou adversários (na Liga dos Campeões) que lhes caíram em sorte. Temos que dizer que o Porto e o Sporting foram, uma vez mais, agraciados pela fortuna com as equipes que lhes saíram nos potes 3 e 4, aquelas que em teoria podem condicionar a passagem á fase seguinte. O campeão turco é uma equipe arrumada de um País com poucas tradições no futebol (talvez, por isso, os assobios dos portistas à sua equipe) e o Basileia (ou mesmo o Shaktar) não têm qualquer dimensão europeia.

Basta vermos que o Guimarães só por clamorosos erros de arbitragem nas duas mãos (azar?) não eliminou o Basileia que está no grupo do Sporting e, ao contrário, numa competição teoricamente inferior, esteve muito longe de poder fazer frente ao futebol envolvente do Portmouth que lhe caiu em sorte.

Também o Benfica não teve sorte. Estou convencido que o Porto e o Sporting teriam igual dificuldade em deixar para trás o Nápoles. Não falo só do facto de nenhuma equipe portuguesa ter alguma vez eliminado o Nápoles numa competição europeia (julgo que o Porto perdeu todos os jogos oficiais que fez com o Nápoles). Falo do ambiente e da equipe que vi em S. Paolo, só possivel nos clubes de verdadeira grandeza e dimensão.

 

O Benfica pode e deve passar, mas a verdade é que não teve sorte.

No jogo jogado, acho que o Porto apesar das intermitências da exibição mereceu ganhar, mas e se o árbitro marcasse o penalty que realmente existiu a favor dos Turcos perto do final quando ainda estava 2 a 1? Não marcou e condicionou em definitivo a sorte do jogo.

O Sporting mereceu perder. Mas pareceu-me sinceramente exagerado o penalty que origina o segundo golo do Barcelona e que mata um jogo que Sporting (como já é habitual contra as grandes Equipas) não soube, sequer, disputar.

 O Setúbal sofreu um golo no último minuto que castiga injustamente uma exibição de excelente nível desta equipe de raça sobrevivente. Outra vez a sorte….

Em suma, existem equipes melhores do que outras e estou seguro que o Benfica não tem tido nas últimas duas décadas uma equipe e uma organização que estejam para além da sorte. Mas a verdade é que engrandecemos muitas vezes equipes que, em relação a outras que diminuímos, têm por vezes, apenas, essa indelével diferença da fortuna, ou da falta dela.

Estou seguro que o Benfica (se o universo se mantiver perfeito) se há-de reconciliar com a sorte e eliminar, pela primeira vez na história do futebol português, essa magnifica equipe de Napoli tão sedenta e determinada de voltar às luzes da ribalta do futebol europeu.

Para já, boa sorte para que Benfica possa já na Mata Real dar os “Passos” necessários para a conquista do titulo.

Lá Vos espero!

 

António de Souza-Cardoso

 

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