Sport Madrid e Benfica
Muito se tem falado da nova estratégia de Luís Filipe Veira (talvez a última), na capacidade de Rui Costa conduzir e planear o departamento futebol, mas regra geral todas as conversas de café acabam na qualidade do actual plantel ou do próximo reforço que está para chegar.
Enquanto Benfiquista julgo que é importante retomar o tema da identidade do clube. Lembro-me bem de quando um determinado presidente prometeu um Benfica feito com a espinha dorsal da Selecção Portuguesa...
Amanhã se Luis Garcia se confirmar (espero que sim...) estaremos quase mais próximos da Selecção Espanhola do que da Portuguesa, o que tendo em conta o último Europeu até pode não ser mau, desportivamente falando.
A questão que gostava de levantar aos Benfiquistas, é quantos se revêem numa equipa que fala português-brasileiro na defesa (Leo/ Luisão/ David Luiz) e espanhol do meio campo para a frente (Balboa, Aimar, Cardozo, Reyes/ Garcia?)?
Acham que estes jogadores sentem a camisola do Benfica como sentiram Coluna, Eusébio, Chalana, Álvaro ou Diamantino? Julgo que não.
Desta questão emergem muitas outras, nomeadamente como é que sendo o nosso país um dos maiores formadores do futebol mundial, e o Benfica o maior clube nacional, não temos um único português que venha da "cantera" com possibilidades de se afirmar como titular na equipa do Benfica?
Uns dirão que Vale e Azevedo acabou com a Formação mas o que tem Luís Filipe Vieira feito pela Formação? Quantos novos talentos surgiram durante os seus mandatos?
Outra das questões que me causam algum espanto, é a capacidade que o Benfica dá constantemente aos seus treinadores de fazerem as equipas com os seus amigos de longa data.
Esta época começa realmente a lembrar-me as de Souness em que vieram Steve Harkness, Scott Minto, Mark Pembridge, Michael Thomas -um dos piores de sempre, Dean Saunders e o gigante Brian Deane.
Acho sinceramente que o Benfica deve dar liberdade aos treinadores para formarem as suas equipas, mas estes deverão sempre fazê-lo tendo em conta os princípios e valores do Clube. Isto é, a visão do treinador deve ser submetida a uma visão maior, que é a do Clube e, neste caso, a do Maestro.
Este pensamento conduz-nos a uma questão ainda mais profunda, quais são os valores do clube e da tão falada Marca Benfica?
Serão portugalidade/ liderança/ espírito vencedor/ património ou apenas espírito vencedor como o Chelsea de Mourinho ou o Arsenal de Wenger que nem vence e joga sem um único inglês?
Enquanto ninguém tem uma ideia daquilo que deve ser o Benfica no presente e no futuro, resta-nos assobiar para o lado e esperar pela vitória do Sport Madrid e Benfica num próximo campeonato.
Um abraço a todos os benfiquistas,
MO
PS: já agora um Italiano (Miccoli) não fazia mal para equilibrar as contas.