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Novo Benfica

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04
Ago08

A coragem

Pedro Fonseca

Alexandre Pais, director do “Record”, não é jornalista de elogio fácil. Nem muito menos um daqueles que trafica a opinião em troco de um prato de lentilhas. É, por isso, relevante o qualificativo com que este assumido belenense classificou a estratégia de Luís Filipe Vieira à frente do Benfica: corajosa.

“Luís Filipe Vieira é um homem de coragem”, escreveu Alexandre Pais num dos seus recentes editoriais, na última página de “Record”. O jornalista analisava o investimento que o Benfica estava a fazer na sua equipa de futebol, um ano depois de uma época desportiva desastrosa, e numa altura em que não poderá contar com os milhões da Liga dos Campeões.
Gestor de reconhecidos méritos – a cujo currículo junta como cereja em cima do bolo o ter colocado em ordem as contas do Sport Lisboa e Benfica -, Luís Filipe Vieira sabe que o assumir de riscos calculados faz parte do dia-a-dia de um líder de uma grande instituição.
É certo que o futebol envolve variáveis cujo grau de aleatoriedade atinge o absurdo. Até por isso, o investimento que o Benfica está a fazer, atacando mercados financeiramente mais poderosos e aliciando jogadores de topo, merece que se dedique uma atenção muito especial ao trabalho que nos últimos anos foi feito por Luís Filipe Vieira.
Não é por acaso que, por exemplo, o Espanhol elogia o comportamento do Benfica nas negociações pela contratação do “delantero” Luís Garcia. E, em cima desse elogio, sobe a fasquia das exigências financeiras e, apesar de do lado encarnado ouvir um rotundo “não”, continua a manter em aberto as vias negociais.
O que é que isto significa? Tão-só que o Espanhol reconhece que o Benfica, a palavra dos dirigentes do Benfica, merece credibilidade. Mas mais: que reconhecem ao Benfica uma sólida capacidade financeira que lhes permite contar com o dinheiro na conta bancária.
Os que criticaram a dependência dos “diktats” da Olivedesportos, continuam mudos face ao corajoso distanciamento que esta direcção do Benfica encetou, nomeadamente através da constituição de um Canal Benfica;
Os que assistiram impávidos ou críticos à “entrega” do Sporting aos bancos, principalmente ao BES, (a ponto de se questionar se quem lidera os “leões” é Filipe Soares Franco ou Ricardo Salgado), ou que verificam ser o FC Porto controlado por empresários sem escrúpulos, como Juan Figer, continuam indiferentes ao facto do Benfica ser o único grande clube português imune às pressões do exterior;
Os que viram e ouviram, pela primeira vez, um Presidente da UEFA congratular-se com a estratégia de um clube português em nome da transparência, da verdade desportiva, da credibilidade do futebol, preferiram dar voz aos intriguistas do sistema.
Em Portugal é assim: a competência e o mérito têm sempre no reverso da medalha a inveja. O problema para estes invejosos e maldizentes é que o Benfica não é gerido de fora para dentro; o Benfica está bem e recomenda-se; o Benfica é o presente e o futuro do futebol português, naquilo que ele tem de mais cristalino. Como se viu no sábado à noite em Guimarães, onde os presidentes do Benfica e do V. Guimarães deram uma corajosa demonstração de unidade em nome da credibilidade do futebol, as centenas de crianças presentes no estádio foram bem a imagem daquilo que somos: a maior instituição desportiva portuguesa, o maior clube do Mundo.

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