Antes de mais, queria pedir desculpa aos visitantes deste blog pela minha prolongada ausência do mesmo, ausência esta motivada por questões profissionais inadiáveis. Não tenho a presunção de pensar que eu tenha feito qualquer falta mas, pelo contrário, eu é que tenho sentido a falta destes escritos e da troca de comentários com que os leitores me têm honrado.
Passando ao tema deste post, começo por reconhecer que já bastante tem sido escrito sobre o jogo de arranque oficial da época 2010/2011, embora a Supertaça Cândido de Oliveira se reporte sempre à época anterior.
No cômputo geral, parece-me dificilmente rebatível que perdemos justamente. Mesmo depois daquele início desastroso, considero que, a partir dos 25 minutos de jogo, conseguimos passar a ter a iniciativa, tendo mesmo desenvolvido alguns ataques bem gizados, que só não levaram mais perigo à baliza do Porto porque Cardozo e Saviola se encontravam nitidamente em noite não.
Confesso que não percebo qual a razão para que Jorge Jesus tenha resolvido alterar, precisamente num jogo a doer, a estrutura que tão boa conta tinha vindo a dar na maior parte dos jogos da pré-época. Para mim era claro que já começava a ver-se a existência de rotinas no desenvolvimento do ataque do Benfica, assente essencialmente na acertada colocação de alguns jogadores.
Era o caso do Fábio Coentrão a defesa esquerdo – com o César Peixoto ou o Gaitan mais avançados na ala esquerda, do Jara (parece-me grande contratação) na ala direita mas fazendo rapidíssimas desmarcações e trocas de bola e com o Saviola muito móvel, fugindo à marcação dos adversários, embora ainda acusando falta de ritmo, o que se traduzia em frequentes dificuldades de dominar a bola nas condições a que já nos habituou.
E depois, claro, o Cardozo goleador, bem municiado por aqueles jogadores rápidos e altamente tecnicistas e ainda um Carlos Martins em boa forma, quer na execução de passes a “rasgar”, quer a experimentar os seus potentes remates de longe.
Sobre o Roberto, não querendo contribuir para a campanha de crucificação do rapaz, não posso deixar de lamentar a teimosia de Jorge Jesus em continuar a insistir na titularidade do guarda-redes espanhol, quando é clara a insegurança dele, bem patente aliás na cara de pânico que exibe.
Se Jorge Jesus acredita assim tanto no Roberto, deve protegê-lo durante este momento mau que atravessa, em vez de o lançar às feras como tem feito regularmente e, a meu ver insensatamente, o fez contra o Porto.
Se a intenção é que seja uma aposta de futuro, então que não o ponha a jogar no Benfica do presente, sob pena de lhe matar prematuramente a carreira. Aliás, penso que a margem de manobra de Jorge Jesus na utilização do Roberto deve estar a ficar cada vez mais curta, correndo o risco de, num destes dias, ser Luís Filipe Vieira ou Rui Costa a impor-lhe que o retire da equipa.
É sabido que, para que uma equipa se “solte” para a frente, é fundamental ter confiança em quem fica “lá atrás”. Quando os restantes jogadores não confiam no guarda-redes – o que me parece estar a ficar patente no Benfica – partem de forma mais retraída e mesmo hesitante para o ataque.
Um outro ponto em que me parece que Jorge Jesus “pecou” no jogo da Supertaça foi em escalar um meio-campo demasiado macio, para fazer frente a uma equipa reconhecidamente combativa como é o Porto e, ainda por cima, “picada” para uma vingança criada por espíritos imaginativos e férteis, que vislumbraram terem sido altamente prejudicados ao longo da época passada.
Para permitir a subida dos defesas laterais, parece-me óbvio que o meio campo defensivo do Benfica deveria ser reforçado e de combate, com Javi Garcia ao lado de Airton, tendo Carlos Martins ou Aimar mais adiantados, como municiadores de Jara, Cardozo e Saviola. Tenho, para mim e desde o descalabro do jogo de Liverpool da época passada, que há jogos em que há que assumir um meio campo mais defensivo, que permita aos homens da frente atacar sem receio de desguarnecer as costas.
Apesar dos reparos acima feitos, considero que o Benfica tem uma equipa suficientemente forte para consumo interno e mesmo para provocar umas agradáveis surpresas na Champions, mas Jorge Jesus deverá voltar ao registo que o caracterizou ao longo da temporada anterior – com grande humildade e sempre a deitar água na fervura de excessivos optimismos - ao contrário daquilo que aparenta neste início de época, mostrando mesmo alguma sobranceria.
No ano passado, também o primeiro jogo oficial se saldou por um resultado negativo – o empate caseiro com o Marítimo – mas a partir daí a equipa embalou para uma época que nos encheu de alegrias, espalhando um futebol espectacular e altamente eficaz por praticamente todos os campos por onde passou.
Acredito firmemente que o mesmo vai suceder nesta temporada e que o adágio popular mais uma vez vai ser cumprido – o primeiro milho é dos pardais!