Vi mais uma vitória robusta do nosso glorioso. Com efeito marcar 04 golos num dia de forte intempérie  na capital de Portugal é algo que nos vai habituando, sendo certo que se dizia por aí que quando chovesse o Benfica ficaria irreconhecível. Nada disso aconteceu. Foi um Benfica que encontrou uma Académica muito bem posicionada no terreno de jogo, que jogou para o espectáculo, não pondo  um autocarro na frente da sua baliza.

Com esta atitude  a equipa de Coimbra valorizou  a sessão e obviamente a goleada do Benfica.

Há que destacar em primeiro lugar o fantástico golo de Saviola, um grande chapéu  que seria o orgulho do inesquecível Vasco Santana, porque chapéus há muitos mas este é apenas e só genial. Saviola está sem sombra de dúvidas a realizar uma época verdadeiramente espantosa fazendo esquecer os tempos recentes onde jogou em Espanha.

Em segundo lugar há que assinalar os 03 golos de Cardozo, grande matador, grande homem de área esquecido sabe-se lá porque razão, por Quique Flores, na época passada.

Com o decorrer do jogo  e com a chuva incessante a cair no terreno de jogo, a zona central do relvado começou a sofrer de forma vincada, tornando-se  impraticável para o jogo.  Mas mesmo assim o Benfica não abrandou o seu ritmo de jogo continuando a dominar uma romântica Académica que demonstrou que está a ser bem treinada só que encontrou um Benfica muito forte e que se adiantou muito cedo no marcador.

Este fim de semana foi terrível para os relvados dos estádios portugueses, mas o Estádio da Luz teve sempre excelentes relvados com chuva ou com sol. Tradicionalmente e ainda na velha Luz, Domingos Claudino tratava o relvado como fosse um filho seu. Esperemos que a direcção actual tenha em linha de conta tal facto e não deixe que neste Outono-Inverno o relvado da Luz desça a níveis de qualidade parecidos com o de outros concorrentes ao título .

Estive no Estádio de Alvalade. Por simpatia do Pedro Fonseca que de véspera me conseguiu arranjar na Casa do Benfica de Famalicão, os piores bilhetes de todo o Estádio de Alvalade.

Mas estive, com o meu filho e meu cunhado. Firmes e hirtos naquela zona indigente onde até chovia, com a mesma aplicação e devoção de quem está refastelado na bancada central.

Apesar de ter visto pior o jogo do que em casa, não gostei da atitude do Benfica. Realismo, disseram alguns no final do encontro. Mas eu neste Benfica e com este treinador não estava habituado a este discurso.

Realismo é estar a ganhar um a zero e vir para trás defender. Realismo é o começo da dúvida. É a recorrência dos últimos anos.

Como, pela primeira vez, não gostei do “realismo” de Jorge Jesus quando no fim do jogo disse que o Sporting perdia assim a corrida para o título. Eu não quero que o Sporting não seja campeão. O que eu quero é ver o Benfica campeão. E para isso temos que ganhar e não só impedir que os outros ganhem.

Mas não achei que o Benfica tenha jogado mal contra um Sporting que parece finalmente liberto do fantasma de Paulo Bento. Achei é que não jogou com a alegria e a ambição de outros momentos. E é essa alegria e ambição que têm feito do Benfica uma equipe superior que nos põe a todos a sonhar.

Hoje regressamos à Europa com o Bate Barisov.

Espero que seja também o tempo do regresso à enorme e insaciável vontade de ganhar.

Vamos bater forte neste Bate Barisov.

Sem realismos, com aquela ambição desmedida dos predestinados. Com aquela sede de vencer própria dos Campeões.

António de Souza-Cardoso

O meu texto desta semana divide-se em duas partes, versando a primeira um protesto e a segunda um veemente apelo.