Nas passadas eleições para os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica fui, como toda a gente sabe, candidato à Presidente da Direcção do Clube.
Nessas eleições, sob o meu ponto de vista, Luís Filipe Vieira e todos os membros dos órgãos sociais demissionários que se recandidatavam estavam a violar claramente os estatutos do Benfica, uma vez que usaram um expediente da demissão em bloco para antecipar as eleições.
Esse “truquezinho” tinha como consequência que quem o praticou não se poderia candidatar a qualquer órgão social do Benfica por um período de 6 anos.
Por entender que Luís Filipe Vieira e seus pares estavam a violar grosseiramente a democracia de um clube que sempre teve na democracia o seu pilar, interpus uma providência cautelar, num tribunal de Lisboa, visando suspender a deliberação que tinha aceitado a lista de Luís Filipe Vieira às eleições.
Essa providência cautelar foi aceite pelo tribunal, o que significa que o juiz entendeu que havia uma forte probabilidade de eu ter razão.
O juiz, ao aceitar a minha providência cautelar, sabia bem que Luís Filipe Vieira ficaria fora das eleições e mesmo assim aceitou-a.
Ao Benfica foi comunicada a decisão do tribunal, mas Manuel Vilarinho veio alegar que a citação tinha sido mal feita quando sabia perfeitamente que tal não era verdade.
O tribunal de Lisboa decidiu agora que eu tinha razão.
O que significa isto?
Significa que a citação ao Benfica foi feita de forma correcta, logo a Lista de Luís Filipe Vieira não podia ter concorrido, logo apenas havia uma lista válida do passado dia 3 de Julho – a minha -, logo o Presidente do Sport Lisboa e Benfica deveria ser outro.
No entanto, esta decisão vem tarde.
Vivemos num país em que a justiça funciona sempre fora de tempo e onde a “xico-espertice” vale a pena.
Deste modo, confrontei-me com um problema moral sério.
Por um lado, sei que tenho razão e que alguns violaram descaradamente os estatutos do Benfica para obterem a todo o custo o que pretendiam.
Por outro lado, se eu continuasse, apesar de ter toda a razão, arrastaria o Benfica para o caos. Por exemplo: todos os contratos feitos por esta Direcção seriam inválidos, teria que haver novas eleições, etc.
Perante este cenário, outra alternativa não me restava que por de lado a minha pessoa e colocar em primeiro lugar os interesses do Benfica, o clube que tanto amo.
Por isso desisti de tudo.
Aqueles que me atacaram brutalmente, dizendo que eu estava a soldo de Pinto da Costa, e outros mimos do género, têm aqui a sua resposta.
Se eu estivesse mesmo a soldo desses senhores não hesitaria em levar o Benfica para o caos, até porque, em bom rigor, quem arrastou o Benfica para essa situação foi Luís Filipe Vieira ao violar os estatutos e, com a ajuda de Manuel Vilarinho, não olhando a meios para vencer as eleições.
Mas como eu acho que o Benfica está em primeiro lugar, desisti da acção em tribunal para que o Benfica não saísse prejudicado.
No entanto, uma coisa é certa, esta nódoa acompanhará sempre Luís Filipe Vieira e esta Direcção.
Sei que para os sócios, como foi claramente demonstrado no passado dia 3 de Julho, estas coisas pouco interessam.
Vivemos numa sociedade em que a honra é um valor que há muito deixou de interessar para muita gente.
É pena.
Quem se queixa dos métodos dos outros que fazem tudo para ganhar, não deveria ter um Presidente eleito desta forma.
Os resultados desportivos, neste momento, servem para tudo encobrir, mas eu sonho com um Benfica diferente e não será este episódio que fará desmoronar este meu sonho.
Saudações Benfiquistas,
Bruno Carvalho
PS 1: Carlos Azenha foi despedido do Setúbal. Deixo-lhe aqui um forte abraço de solidariedade e apoio. Gostava de relembrar a alguns, que ficaram muito satisfeitos com esse facto, que Jorge Jesus também já foi despedido desse mesmo Setúbal. É o futebol!
PS 2: Pedro Fonseca escreveu no seu último texto: “E vão 5 jogos, mais 3 pontos e uma postura onde se deve realçar a raça, a crença, a vontade, o empenho, o profissionalismo. Tudo atributos que estavam arredados do Benfica há muitos e muitos anos.” E eu pergunto ao Pedro, então porquê que esses atributos estavam afastados há tantos anos? O Presidente não era o mesmo? Foi preciso eu falar para que Luís Filipe Vieira acordasse e começasse, por exemplo, a ir aos jogos?