E se Quique quiser Ficar?
O episódio em torno de quem será o treinador do Benfica para a próxima época é um bom exemplo daquilo que tem sido a gestão do Benfica dos últimos anos.
No tempo de se comprometer com Quique Flores, a Direcção do Benfica, insistiu que se tratava de um projecto a longo prazo (mínimo de dois anos) ajustado à aposta no perfil de um treinador, jovem ambicioso e dinâmico.
Que afastasse o fantasma das mudanças sucessivas de treinador. Vínhamos de uma época miserável em que ficamos em 4º lugar e fomos servidos por 3 treinadores. A última fase de Fernando Chalana foi confrangedora e a prova evidente do equívoco que se instalou na gestão desportiva do Clube.
Era por isso natural este ímpeto de estabilidade. Com o habitual lavar das nódoas do passado e o consequente anúncio de (mais um) futuro florido.
O Benfica teve novamente esta época um percurso desportivo pouco digno e muito desfasado daquilo que foram as promessas dos dirigentes, o dinheiro investido e as expectativas legitimas da massa associativa.
Como ninguém assume e a culpa (outra tradição a que esta Direcção nos tem habituado) e ela não pode morrer solteira o olhar persecutório, ou o dedo acusador, viram-se para o Espanhol…
Dele esperam um único deslize para sustentar qualquer justa causa de rescisão. Mas o espanhol que pode até nem ser treinador para o Benfica, é um Homem civilizado e cortês e não comete deslizes dessa natureza.
Dado o impasse gerado, a Direcção do Benfica mostra as cartas que tem: Diz-se disposta a pagar parte da indemnização à equipe técnica, constituída por 4 elementos. Mas apenas parte daquilo a que legalmente têm direito, num valor que em caso algum pode ultrapassar os 1,5 milhões de euros.
Enquanto caem as máscaras, para utilizar uma expressão já usada no Blog (julgo que noutro sentido), levanta-se o impasse:
O treinador não diz que aceita menos do que legalmente tem direito. O Benfica não diz que paga mais que o limite definido.
Mas o treinador sabe que o Benfica não o quer. Como também sabe que pode legalmente ficar.
Entretanto vai-se preparando a nova época, com contratações anunciadas. Que não foram objecto da análise e do comprometimento do treinador. Nem deste, nem de um outro que o venha eventualmente substituir. Luis Filipe Vieira, o tal que não tem culpa de nada, nem responsabilidade sobre nada, proporciona (não se sabe a quem?) a centésima contratação dos seus curtos (ou longos?) anos de liderança. Tanta gente, tantas equipas, tantos ciclos…
Na crista deste impasse, duas coisas podem acontecer:
A mais provável e desejada por esta Direcção é que Quique saia. Mas quando? É certo que não a tempo do seu substituto escolher e estruturar a equipa. Quem vai assumir a culpa para o ano? Vamos ver o mesmo filme?
A outra, é ainda pior:
E se Quique, que parece ser um Homem direito e cumpridor, não quiser mesmo sair?
António de Souza-Cardoso
PS. No jornal “A Bola” da passada segunda-feira, a coluna habitual de Carlos Pereira Santos, provocou que alguns amigos me ligassem a perguntar se não seria eu o miserável senhor, alvo da indignação e dos impropérios do jornalista. De facto, as ligações ao Porto Canal e à Casa (não será Causa?) Real, permitiam essa putativa confusão. Quero dizer aos meus Amigos que não sou eu, pelo simples facto de que não fiz (nem faria) as afirmações que provocaram a revolta do jornalista. Mas já agora deixem-me que diga que não fica bem a Carlos Pereira dos Santos andar a fazer acusações genéricas que provocam suspeições específicas, só por achou que não deveria revelar o nome de quem pretendeu, tão gravemente, acusar. Para quem se ofende com tanta facilidade, deveria ter outro cuidado. Não vá alguém lembrar-se de proibir este tipo de jornalismo…