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Novo Benfica

Novo Benfica

16
Mar09

O TREINADOR

Pedro Fonseca

Do Benfica se diz que é “um cemitério de treinadores”. Nos últimos anos, poucos têm sido aqueles que se têm aguentado mais de uma época ao comando do futebol profissional do Benfica.

 

José Mourinho chegou em 2000 para substituir o alemão Jupp Heynckes, que foi despedido no início da segunda época. O treinador português, ainda pouco famoso, ficou poucos meses. Para o seu lugar entrou outro português , o nosso bem conhecido Toni, campeão em 1994, mas que não conseguiu cumprir duas épocas.
Entrou Jesualdo Ferreira e a história repetiu-se – despedido no começo da segunda época. Veio Camacho, completou a época e ficou na seguinte, mas o apelo do Real Madrid fê-lo ir embora, para desgosto dos benfiquistas. Na calha estava Giovanni Trapattoni, a velha raposa, um dos treinadores mais consagrados do Mundo, mas em fase descendente da carreira.
O Euro 2004, em Portugal, não lhe tinha corrido bem, mas Trap não resistiu ao convite do velho Benfica, do clube glorioso, de que ele, milanista do coração, bem se lembrava, das históricas finais europeias (tendo ganho uma pelo AC Milan ao Benfica de Eusébio). Ao fim de 11 anos de jejum, levou o Benfica ao título, mas não continuou.
A escolha para substituir o famoso treinador italiano recaiu em Ronald Koeman, o grande defesa central holandês. A brilhante carreira europeia não teve correspondência interna, e o 3º lugar no campeonato levou ao abandono do ex-defesa do Barcelona.
Era a hora de regressar aos treinadores portugueses. Contra todas as expectativas, apareceu Fernando Santos, conhecido benfiquista, mas com passagens pelo FC Porto e pelo Sporting.
Santos nunca conseguiu conquistar a massa associativa. E como a “corrente” não passava, ao primeiro percalço – 1ª jornada da segunda época – o treinador foi dispensado. Com Camacho disponível, a opção era óbvia, mas o espanhol apareceu diferente, para pior.
Largou a equipa ainda a época não tinha terminado e deixou-a nos braços de Fernando Chalana. O resultado final não foi brilhante – 4º lugar no campeonato e a Taça UEFA como consolação.
Nos últimos 10 anos, o Benfica teve 5 treinadores estrangeiros (Quique incluído) e 4 portugueses. Nenhum conseguiu completar duas épocas à frente do clube. Os últimos que se deram a esse luxo foram Sven Goran Eriksson (de 89 a 92) e Toni (93 a 95).
Ou seja, este “cemitério” de treinadores tem credenciais. Estamos hoje perante esse mesmo cenário. Quique Flores, o neófito espanhol, já perdeu o estado de graça junto dos sócios. O Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, já veio afirmar que o rumo é para manter, mas não disse que o treinador era para manter.
Resta agora saber quando é que a paciência se vai esgotar. Com uma final no horizonte – sábado, contra o Sporting, para a Taça da Liga – e com o acesso à Liga dos Campeões à mercê (o 2º lugar está à distância de um ponto e em igualdade pontual com o Sporting o Benfica tem vantagem) não é crível uma ruptura. E não se deseja essa ruptura. 
O futebol é, no entanto, imprevisível. E se suceder uma derrota, que ninguém espera, no sábado? Quique tem vindo a cavar a sua própria “sepultura”. As afirmações no final do jogo com o V. Guimarães são absurdas e indignas de um líder de um grupo de jogadores profissionais – que ele escolheu e caucionou ao dizer que não precisava de reforços de Inverno.
A teimosia táctica (há quem lhe chame cegueira) também não ajuda. Custa compreender como se chega a esta altura da época sem um fio de jogo definido. Lançar para a fogueira jogadores a esmo tem sido também uma imagem de marca sua. Ainda não o ouvi defender um jogador. Gostava de saber como está o balneário?
Mais. Quique tem dado sempre a imagem de que prepara mal os jogos e de que, muitas vezes, desconhece as equipas que vai enfrentar. Não sei se a sua rigidez táctica e a sua incapacidade de ler o jogo é devido a essa falta de informação.
E depois essa mania de estar sempre a enviar sinais de que a Espanha inteira espera por si, é de um mau gosto tremendo. Posto isto, é tempo de começar a preparar o futuro, já. E a primeira questão que se põe é: português ou estrangeiro?
O Benfica tem uma história de treinadores estrangeiros: Guttmann, Otto Glória, Fernando Riera, Jimmy Hagan, John Mortimore, Pavic, Baroti, Eriksson (há alguns que mais vale esquecer), mas os portugueses, como se viu, têm ganho algum espaço nestes últimos anos.
A favor dos estrangeiros costuma-se, para além da história, invocar o facto de serem exteriores ao clima de suspeição e de “esquemas” que minam o futebol português, e, por isso, mais concentrados naquilo que interessa: o treino, a táctica, o estudo dos adversários, a preparação dos jogos.
A favor dos portugueses, invoca-se o conhecimento do futebol português, cheio de pequenos “truques” que são muitas vezes decisivos, dos adversários (equipas e jogadores) e da própria filosofia dos treinadores portugueses (sem muito conhecimento científico, mas com a bagagem cheia de empirismo e intuição).
O que fazer? Tenho defendido que o Benfica deve apostar decisivamente no mercado interno de jogadores, como forma de alcançar de novo a liderança do nosso futebol. Nesta linha, julgo que um treinador português seria a melhor forma de começar a preparar com tempo uma próxima época com tudo para dar certo.
Post-Scriptum: O Bruno Carvalho anunciou com pompa e circunstância a sua candidatura à Presidência do Benfica. Fico-me, para já, com esta referência: relativamente às candidaturas dos últimos anos - Jaime Antunes, Guerra Madaleno ou Carlos Quaresma -, esta candidatura indicia um "upgrade" que se regista e saúda. Quando todas as cartas estiveram sobre a mesa, voltarei a este assunto das eleições. 
13
Mar09

Candidatura

Paulo Ferreira

O Bruno Carvalho anunciou ontem que se iria candidatar à Presidência do Benfica e não poderia dissociar o meu post deste facto.

 

É importante clarificar que neste blog provavelmente existirão bloggers que o apoiarão e outros que não o farão, e como tal faz sentido que este espaço continue a ser um local de discussão e não de tendência ou de propaganda em que cada um defende e promove o que entender e está sujeito aos comentários de quem nos julga.

 

Concordando-se ou não com as opiniões de cada um, existe um mérito inequívoco neste passo de candidatura do Bruno. A partir de agora, ninguém o poderá acusar de criticar sem apresentar soluções! As soluções do Bruno serão ele próprio e a sua lista e projecto. Cabe-nos a todos julgar esta candidatura e todo o projecto e decidir no momento próprio se queremos ou não uma mudança na liderança do clube.

 

É um passo de coragem que gostando-se ou não tem de ser registado.

 

A minha posição, conhecendo o Bruno mas sem conhecer a fundo o projecto, é que será uma boa opção de viragem no clube e como tal terá o meu apoio. Reconheço e manifesto gratidão sobre o trabalho de LFV, mas entendo que está na altura de mudar. E está na altura porque o anunciado novo ciclo de mérito desportivo apregoado nunca chegou a acontecer e neste momento o “nervosismo” por tal começa a afectar o próprio equilíbrio financeiro devido à tentativa de ganhar a qualquer custo (não, não estou a falar dos métodos reprováveis dos outros…e ainda bem que por aí nunca fomos).

 

Depois de vários ciclos de novos treinadores, novos jogadores, este é o “click” da mudança que o Benfica necessita.

 

Boa Sorte Bruno!

 

Mas não desfoquemos do essencial porque existe um campeonato para ganhar antes de nos preocuparmos com as eleições. E esse filme de vitória tem mais um capítulo amanhã frente ao V. Guimarães.

 

Força Benfica!

Paulo Ferreira

12
Mar09

OBVIAMENTE, CANDIDATO-ME

Bruno Carvalho

 

Quando iniciei este blog estava longe de imaginar o caminho que iria percorrer nestes meses.
 
E estava longe porque apesar da péssima época realizada o ano passado, em que ficámos em 4º lugar, a 23 pontos do 1º classificado, acreditei que o Benfica poderia trilhar um caminho diferente com a chegada de novos jogadores e com um novo Director Desportivo.
 
No entanto, para mim, o Benfica continua a ser um clube sem um rumo vencedor, sem uma estratégia que o guie, vivendo sem o planeamento necessário para alcançar as vitórias em alta competição.
 
Parece-me claro que o problema do Benfica não está nos jogadores.
 
Parece-me evidente que o problema do Benfica não está nos vários treinadores que vai tendo.
 
Parece-me que o problema do Benfica não estará, seguramente, no Director Desportivo.
 
Se dúvidas há, basta olhar para as dezenas de jogadores que passaram no Benfica sem terem conseguido afirmar o seu valor.
 
Se há dúvidas, pode ver-se que treinadores como Manuel José, Mourinho, Ronald Koeman, Camacho ou mesmo Jesualdo Ferreira não serviram ao Benfica. Até Trapattoni, que foi campeão no Benfica, acabou por não servir.
 
O problema do Benfica é, então, muito mais profundo.
 
É um problema de gestão, de organização e de saber.
 
E é por achar que é possível alterar este estado de coisas, e por pensar que a actual equipa de gestão já esgotou tudo o que poderia dar ao clube, que creio que é hora de mudança.
 
Todos aqueles que são bem-intencionados sabem que tenho uma enorme paixão pelo Benfica.
 
Chamo-me Bruno Carvalho, tenho 40 anos e sou pai de 3 filhos maravilhosos.
 
Nasci em Bissau, em 1968, tendo vindo para Portugal com 8 meses. Nasci em África porque os meus pais aí viveram dois anos enquanto o meu pai combatia na guerra que aí se travava.
 
Fiz toda a minha vida no Porto excepto no período em que estudei no Reino Unido.
 
Sou licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, sou licenciado em Marketing pelo Chartered Institute of Marketing de Londres e tenho um MBA, com especialização em Marketing Management, tirado na Cardiff Business School da Universidade do País de Gales.
 
Fui e sou Administrador de algumas empresas, tendo sido Administrador e Director do canal de televisão NTV que hoje é a RTP-N.
 
Actualmente, sou Director Geral e Accionista do canal de televisão Porto Canal.
 
Lancei na televisão portuguesa algumas caras conhecidas como Isabel Figueira, Marta Leite Castro, Merche Romero, Cristina Alves, Olga Diegues, Inês Gonçalves, Francisco Meneses, Eduardo Madeira, Andreia Teles, Luísa Sequeira, Ana Guedes Rodrigues ou Maria Cerqueira Gomes.
 
Não sou filiado em nenhum partido político. No entanto, nas últimas eleições autárquicas fui mandatário do candidato do Partido Socialista à Câmara do Porto, Dr. Francisco Assis.
 
Sou membro da Direcção Nacional da ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) onde ocupo o cargo de Vice-Presidente.
 
Finalmente, e o mais importante de tudo, sou benfiquista.
 
Sempre fui e sempre serei benfiquista.
 
Sou um benfiquista que sofre com o clube, que fica emocionado nas vitórias e frustrado nas derrotas.
 
Sou benfiquista por influência do meu avô que também era benfiquista.
 
O meu avô chegou, inclusivamente, a ser jogador de futebol do Benfica para além de, mais tarde, quando foi viver para o Porto, ter sido Presidente do Boavista num tempo em que as coisas eram muito diferentes de hoje.
 
Com o meu avô, que era coronel do exército, aprendi o que é que o Benfica representava e quais eram os valores do clube. Com ele, percebi a grandeza do Benfica e o respeito que todos lhe devemos.
 
Não gosto nem pretendo dizer muito mais coisas acerca da minha vida pessoal, mas compreendo que as pessoas tenham que conhecer o meu passado e o meu percurso que, em meu entender, me habilita a poder ser Presidente do maior clube português.
 
Tenho a minha vida pessoal organizada no Porto, mas o Benfica é um clube do mundo, um clube maior do que as palavras e pelo amor que lhe tenho estou disposto a mudar de cidade.
 
Neste nosso blog “Novo Benfica” tenho vindo a fazer uma análise exaustiva do estado em que se encontra o Benfica hoje.
 
O Benfica, na minha opinião, assemelha-se a um mau aluno, mas que é um rapaz inteligente e capaz. É claro que a culpa das más notas é da escola, dos professores ou dos colegas, em vez de se olhar para a verdadeira causa do insucesso. É que esse aluno não estuda e não se aplica. Passa a vida a gabar-se que é o mais inteligente da turma em vez de trabalhar. E depois fica surpreendido por ter maus resultados, passando a vida a queixar-se de tudo e de todos.
 
O Benfica não tem sido capaz de parar para pensar e de reconhecer os seus erros.
 
No Benfica prefere-se adoptar uma postura de desculpabilização permanente em vez de se procurar as verdadeiras causas dos problemas.
 
Essa atitude é extremamente perigosa porque nos conduz a soluções fáceis, mas que nada resolvem.
 
Todos sabemos que o Benfica é um clube popular, mas isso não deveria conduzir ao triunfo sistemático do populismo.
 
Os benfiquistas são permanentemente enganados porque eles próprios também parecem pouco interessados em encarar a realidade de frente.
 
Talvez por isso tenham dado a vitória a João Vale e Azevedo que prometia o regresso de Rui Costa. Talvez por isso tenham, depois, dado a vitória a Manuel Vilarinho quando este prometeu o ingresso de Jardel no Benfica. Talvez por isso os benfiquistas ficaram tão felizes com o 4º lugar da época passada, uma vez que essa realidade foi logo esquecida com a contratação de Rui Costa para Director Desportivo ou pelo ataque que o Benfica fez ao Porto na UEFA para tentar conseguir na secretaria o que não conseguiu em campo.
 
Os benfiquistas têm vivido de ilusão em ilusão.
 
É preciso parar com isto!
 
É necessário falar verdade aos benfiquistas.
 
No Benfica actual não é preciso ganhar, basta dar a ilusão que se vai ganhar.
 
No Benfica fala-se permanentemente em ganhar na Europa quando o que conseguimos são presenças vergonhosas na Taça UEFA. Deste modo, todo o prestígio ganho com o suor de grandes jogadores vai-se degradando ano após ano.
 
No Benfica actual fala-se de Fundações quando não se respeitam devidamente as antigas glórias, onde os dirigentes nem se dignam a estarem presentes num funeral de um jogador que foi campeão europeu com a camisola do Benfica.
 
No Benfica falam-nos de uma recuperação financeira e de credibilidade enquanto o que se vê na prática é o passivo aumentar 22 milhões de euros, só nos últimos 6 meses.
 
Recentemente o Benfica contraiu alegremente um endividamento de 40 milhões de euros que é somente metade do passivo de um clube destroçado como o Boavista, sendo que, desse montante, 12 milhões destinavam-se ao pagamento de salários.
 
Como é que isto é possível?
 
Numa coisa concordo com a actual Administração do Benfica: o Benfica não pode cair jamais em mãos de aventureiros, apesar de eu considerar que a actual política do Benfica é de alto risco e longe da prudência que estes tempos difíceis recomendariam.
 
É claro que alguns falarão do “timing” deste meu anúncio e de que é altura de darmos as mãos e sermos campeões.
 
Mas a esses eu direi o seguinte: as eleições são só em Outubro e eu não farei qualquer acção de campanha até o título estar decidido.
 
Deste modo fica demonstrado a todos que não sou nenhum abutre, que não estou à espera de nenhum desastre para dizer o que me proponho fazer no Benfica. Sei bem que outros haverá que, permanecendo na sombra, estarão a congeminar estratégias de actuação no caso de o Benfica não ser campeão.
 
Eu não faço nada disso.
 
Ponho tudo claro em tempo útil, garantindo que não causarei qualquer perturbação no Benfica.
 
Espero, com todas as minhas forças, que o Benfica seja campeão. Mas esse título sabe-me a muito pouco. Parece-me que o Benfica, a ser campeão, o será de uma forma parecida com 2005, isto é, com pouco futebol e com pouca classe e com um custo financeiro completamente incomportável.
 
Eu quero um Benfica bem diferente deste.
 
Quero um Benfica bem organizado, bem estruturado e ganhador.
 
É necessária uma política contra o sistema. Mas contra o verdadeiro sistema, contra a incompetência e falta de visão.
 
Tenho a certeza que é possível fazer, de novo, do maior clube português aquele que mais ganha.
 
Sei que o lugar do Benfica é ser o número 1.
 
Uma palavra final de agradecimento a todos aqueles que neste blog foram demonstrando o seu apoio às coisas que por aqui vou escrevendo.
 
Saudações benfiquistas,
 
Bruno Carvalho
 
 
PS: No momento do lançamento, foi afirmado por nós que este blog não representava nenhuma tendência dentro do Benfica. E continua a não representar, pelo que peço aos meus companheiros do Novo Benfica que clarifiquem a sua posição face à minha candidatura, se assim o entenderem fazer.
 
11
Mar09

Balanço Intercalar

António de Souza-Cardoso

 

Os Portugueses são muito dados a balanços (não, não vou falar das contas do Benfica).
Gostam de parar para ver se está bem ou mal feito. Ao contrário de Deus que só descansou quando acabou, naquele sétimo dia, os portugueses com esta compulsão para o balanço, trabalhariam no primeiro dia e passariam os restantes seis a discutir e a avaliar aquilo que fizeram.
Haveria sempre quem dissesse bem, mal e mais ou menos, quem desse sugestões e quem se opusesse vigorosamente à simples possibilidade de dar sugestões.
Como bom português, agora que estamos a meio da nossa primeira época, julgo-me obrigado a dedicar ao “Novo Benfica” o seu pequeno momento de balanço… intercalar:
Primeiro, as coisas más: Não houve!
Depois, as menos boas: As graves lesões no pré-aquecimento do Miguel Esteves Cardoso e do Armindo Monteiro. Sei que um e outro ainda querem muito jogar mas, com franqueza, acho que um e o outro permanecem com lesões mais graves que a de Pedro Mantorras. O Miguel Osório está com uma pubalgia derivada do excesso de trabalho que continua a recomendar descanso e o Pedro Ribeiro, acusa excesso de jogos, o que justifica a intermitência e o mantém ausente mais tempo do que gostaríamos. Destes mais ausentes, a única boa noticia é que ninguém tem salários em atraso e que todos continuam a merecer a confiança e estima dos seus companheiros de equipe.
Finalmente as boas: De segunda a domingo o Pedro, o Miguel, o António, o Bruno e o Paulo, cá estão, militantemente (o termo está na moda), ao serviço do Novo Benfica. Recentemente reforçados com o regresso revigorante e experiente do Júlio. Podia ter dito estimulante o que não ficaria mal num sexólogo, mas ainda estou “escaldado” com os trepidantes abraços do Pedro Fonseca no memorável Nápoles-Benfica.
Mas as notícias boas não ficam por aqui: Nove meses depois de termos surgido, em Junho de 2008, passamos já o quarto de milhão de visitantes. Para se ter uma ideia mais próxima da adesão que o blog tem suscitado, direi que nos últimos dois dias fomos visitados por mais de 4.200 participantes, correspondentes a mais de 7.500 “page views” e muitos, muitos comentários. Julgo que dada a meninice do Blog este é já um caso muito sério da complexa e competitiva blogosfera.
Parece-me, porém, que a mais valiosa das nossas vitórias foi promover a reflexão interna no seio da Família Benfiquista. Para além da circunstância dos jogos, das opções do treinador, dos desempenhos dos jogadores, do acerto (ou, mais habitualmente, do desacerto) das arbitragens, falamos também de coisas mais estruturantes – a organização, a gestão, os objectivos, a estratégia. O que vai bem e o que vai mal? Como podemos ir mais longe? Que desígnios e que propostas para o futuro?
E julgo que aí atingimos o nosso melhor nível. Pela diversidade de opiniões, pela vivacidade dos argumentos, pela tolerância e riqueza do contraditório.
Julgo que fomos genuínos e autênticos. Que falamos de futebol e do Benfica com a mesma paixão e o mesmo desassombro com que fazemos com um grupo de Amigos.
Mas também com a mesma seriedade e convicção de quem, para além das amizades e das opções, quer pertencer a um Clube ganhador, glorioso e único no Mundo.
E só por isso, julgo que já somos Campeões antecipados do campeonato que, aficionada e dedicadamente, decidimos jogar.
Julgo até que mais do que a consideração que nos deram os dirigentes do Benfica que estiveram no nosso lançamento e na única manifestação do Blog feita fora destas páginas, mais importante do que esses honrosos momentos, foi a consideração e a honra de sermos visitados e comentados, todos os dias, por dirigentes, adeptos e simpatizantes que nos ajudaram a atingir o principal desiderato a que nos propusemos que foi gerar novas ideias, novas opiniões e novos contributos que ajudem a construir um Benfica verdadeiramente novo.
 
Julgo que depois do meu último post esperam que fale das eleições no Benfica e do post que o Bruno Carvalho editará amanhã (espero).
Confesso, com absoluta sinceridade, que não tenho ideia nenhuma se o Bruno Carvalho vai ou não esclarecer se pretende falar de eleições neste ou noutro momento ou se, mais concretamente, admite vir a candidatar-se à Presidência do Benfica no próximo acto eleitoral.
Por mim ficaria muito contente com isso. Não principalmente porque gosto do Bruno e porque respeito e admiro as suas excelentes capacidades humanas e de gestão e o conhecimento e paixão profundos que demonstra ter pelo Benfica.
Mas essencialmente pela constatação e pelo orgulho de ver emergir deste Novo Benfica a vontade de um de nós querer dedicar-se com tal responsabilidade ao Clube.
Só a possibilidade de através de um dos membros deste Blog, feito de tanta diversidade, de tantas diferenças, mas do mesmo inquestionável Amor ao Clube, surgir esta vontade de liderança, já nos deve encher a todos de satisfação e de orgulho.
Até porque se tal acontecer, independentemente das opções e do resultado final, todos os benfiquistas beneficiarão de uma disputa certamente edificante e seguramente proveitosa para o verdadeiro compromisso de fazer o “Novo Benfica” em que queremos voltar a viver.
 
António de Souza-Cardoso 
10
Mar09

O Benfica 2009/2010

Miguel Álvares Ribeiro

 

O post de hoje resulta da sugestão de Vitor Pereira, um dos nossos habituais e interessados participantes, em resposta ao meu post de 17 de Fevereiro:

 

“Adoraria que neste espaço pudessemos abrir uma frente de reflexão sobre o plantel de 2009-2010, algo que já foi aflorado. Sem esquecer o papel da formação e de alguns jogadores que andam por aí e que pertencem aos quadros do clube.”

 

Este tema torna-se mais actual quando vemos o Porto a prosseguir uma política de recrutamento entre as revelações da Liga, enquanto o Benfica aparentemente ainda não iniciou esta abordagem.

 

O último jogo do Benfica, contra a Naval, voltou a mostrar que a equipa está ainda muito longe do que se esperaria, quando estamos já na fase decisiva da Liga. Depois de entrar bem no jogo e marcar cedo, a equipa volta ao equívoco de recuar muito e ceder quase completamente a iniciativa do jogo ao adversário. Gostaria que a equipa mantivesse a atitude com que entrou, na procura da serenidade que um segundo golo permitiria, embora também compreenda que nessa situação haja a tendência para “gerir” um pouco o jogo; isso não pode é significar recuar até à nossa área e passar o resto do jogo num sufoco. Essa “gestão” tem que passar por manter uma pressão sobre o adversário, a começar na saída da defesa, e por uma maior qualidade na posse de bola. Parece faltar à vontade com a posse de bola na maior parte dos jogadores e há claramente um défice de criatividade, que faz com que o jogo se torne previsível e, portanto, mais fácil de contrariar.

 

Apesar do que atrás fica dito, continuo a manter a confiança em Quique e na sua equipa técnica; a Liga ainda é um objectivo realista e o trabalho de organização do futebol do Benfica aparentemente era mais profundo do que se imaginava, pelo que eu manteria esta equipa técnica na próxima época, pelo valor acrescentado que a estabilidade aporta e para poder mostrar a sua capacidade no planeamento integral de uma época.

 

Esta é a maior diferença de opinião com a perspectiva de Vitor Pereira, adiantada a 22 de Fevereiro, em comentário a outro post meu (reprodução parcial dos pontos que achei mais relevantes):

 

“... não podemos nunca falar de Rui Costa, porque este é o seu primeiro ano de dirigente e relativamente ao presidente ele mudou o paradigma da sua acção - "deixou de mandar no futebol"!


Eu pessoalmente até simpatizo com a elevada educação de Quique e até acho que provavelmente é um bom técnico... mas... afinal não nos inspira... nem a nós e parece que aos atletas também não (pelo menos nem sempre)...

Erros de casting:

Falta-nos um enorme guarda-redes.

Não temos um lateral esquerdo titular e com todo o respeito ao nosso suplente Ribeiro, a ele falta-lhe estofo atlético, não falo de altura, falo de outra coisa - até porque o Leo era também muito baixo. Porque é que deixaram sair o Léo?

Falta-nos um lateral direito suplente ou titular.

Falta-nos dois organizadores de jogo/médios centro - fortes e técnicamente evoluídos.
Falta-nos dois extremos direitos.

São sete jogadores.


A sair...

Moretto, Ribeiro, Bynia, Katso (porque quer ir), Balboa, Suazo (porque não é nosso) - são 6 jogadores.


A treinar colocaria Jesus se for consensual - tem discurso aguerrido e as suas equipas sempre jogaram bem, de todas as que me lembro sempre jogaram bem.
Foi um bom ano zero, vamos passar para o ano 1 com segurança.

 

É fundamental:

1º Acertar num treinador de longo prazo. Que possa compreender a instituição, a sua alma, o seu povo.

2º Manter a base do plantel.

3º Contratar jovens jogadores desconhecidos (de baixo valor comercial) para os lugares deficitários - que deverão possuir forte personalidade.

4º Incluir jogadores da formação no plantel.

5º Colocar jovens promessas da formação a rodar em equipas que lhe possam acrescentar valor.”

 

A minha perspectiva não anda muito longe da de Vitor Pereira, exposta atrás. Muito sinteticamente, porque o post já vai longo:

 

1 – Estabilidade. Aposta na continuidade da equipa técnica e de Rui Costa como dirigente. Embora com altos e baixos, Rui Costa merece aprovação na difícil transição de jogador para dirigente, num primeiro ano sempre mais duro, em especial pela extensa reorganização operada no futebol do Benfica. Clara aprovação também do afastamento do Presidente para um posição mais institucional e distanciada da gestão diária da equipa.

 

2 - Apesar de ser um adepto incondicional da inclusão dos jovens valores, penso que primeiro é necessário ter uma base muito sólida, que permita a sua inclusão sem receio de os “queimar”. A rodagem em equipas que lhes possam dar ritmo competitivo e crescimento enquanto jogadores deve ser encorajada, mas sempre com a perspectiva do seu regresso.

 

3 – Primeira aposta, portanto, na constituição de uma equipa base forte, com um misto de experiência e juventude, com base na continuidade da maioria dos elementos do actual plantel.

 

4 – Estamos muito bem servidos de defesas centrais mas temos um claro défice nas laterais. Maxi tem cumprido bem, mas as saudades de Léo são muitas. Sepsi, um jogador muito jovem, a quem foram dadas poucas hipóteses na sua passagem pela equipa, parece-me um elemento interessante.

 

5 – Moretto (pela falta de qualidade) e Suazo (pelo custo incomportável) não são jogadores para o Benfica; Balboa ainda não mostrou valer o investimento que nele foi feito.

 

6 – Falta o maestro. Bem sei que Rui Costa já não joga (infelizmente … que falta ele faz na organização de jogo) mas falta alguém que não tenha receio de receber a bola e assumir a organização do jogo ofensivo da equipa. Com o plantel actual a solução mais lógica passaria pela inclusão de Nuno Gomes ou di Maria no apoio ao avançado e pela libertação de Aimar para esse papel de organizador de jogo, embora já tenha percebido que Quique não adopta essa solução pela perda de agressividade defensiva no meio campo que ela implica.


Este post pretende, sobretudo, ser um incentivo à participação de todos os benfiquistas interessados na reflexão sobre o Benfica do futuro. Termino com um agradecimento especial à participação interessada de Vítor Pereira, a quem deve ser atribuído o mérito que reconhecerem a este post.

 

09
Mar09

TER OU NÃO TER MILITÂNCIA

Pedro Fonseca

Há poucos meses atrás, o presidente do Sporting introduziu um novo termo no “léxico” do futebol português – Militância.

 

Numa entrevista, Filipe Soares Franco disse dessasombradamente que faltava militância no Sporting, quando comparado com o Benfica.
Explicava ele que os adeptos e sócios leoninos perdiam em apoio, presença no estádio, dedicação, com os adeptos e sócios do Benfica.
Na sua análise muito racional, Soares Franco via-se a liderar um clube sem alma, sem mística, sem apoio no estádio. As fracas assistências, os assobios sistemáticos foram o pano de fundo para esta denúncia.
Pelo contrário, distante poucos quilómetros, o líder leonino via um clube pujante, onde os adeptos e sócios acorriam em massa ao estádio, apoiavam a equipa. Em suma, no Benfica havia alma e mística. Ou, no léxico muito próprio de Soares Franco, o Benfica tinha militância.
Deve dizer-se que, apesar de ter caído como uma bomba em Alvalade estas declarações, o certo é que a palavra pegou de estaca. E no Sporting há mais gente a pensar como Soares Franco.
Recentemente, Paulo Bento, o treinador, veio a público dizer que gostava que a equipa do Sporting tivesse o apoio que tem a equipa do Benfica. Mais uma vez, para Paulo Bento, o Sporting não tem militância, o Benfica sim.
As ondas de choque não se fizeram esperar e, nos últimos jogos, é vulgar verem-se faixas negras entre os adeptos do Sporting com frases tipo: “Se os líderes dizem que o Benfica é maior que o Sporting, o que hão-de dizer os empregados?”.
De uma coisa não podem acusar Soares Franco e Paulo Bento: de demagogia. Não me cabe a mim verificar da pouca ou nenhuma militância do Sporting, se são os próprios presidente e treinador a confirmá-la, tenho isso como dado adquirido.
Mas a militância não é algo que apareça por geração espontânea. Como a mística, é preciso cultivá-la, alimentá-la, protegê-la.
Fez história a “mística benfiquista”. Baseada em vitórias, claro, mas também em jogadores formados na Luz e onde se mantinham anos e anos. A mística foi-se perdendo, por vários aspectos, mas tem vindo paulatinamente a ser recuperada.
A militância está viva e bem viva. Ontem, o estádio da Naval registou a maior assistência de sempre para jogos do campeonato. Eis a militância em todo o seu esplendor.
No último jogo na Luz, contra o Leixões, e com a equipa a jogar com 10 e os de Matosinhos em crescendo, os milhares de benfiquista a puxar incansavelmente pela equipa foram decisivos para a vitória final. Eis a militância ao vivo e a cores.
Como disse, esta militância não nasceu de geração espontânea. Tem um principal responsável: Luís Filipe Vieira.
O Presidente do Benfica, paralelamente à recuperação financeira e credibilização da imagem do clube que encetou, não esqueceu a alma do Benfica: os seus milhares de sócios e milhões de adeptos. À razão somou a emoção. Ao rigor juntou a mística. A seriedade de princípios e valores foi misturada com uma euforia controlada.
Luís Filipe Vieira fez a simbiose entre o gestor e o sócio do terceiro anel; entre o líder e o mais humilde dos benfiquistas; entre o porta-voz da verdade desportiva em todo o futebol português e o defensor intransigente dos interesses do Sport Lisboa e Benfica.
Os números não mentem. Aliás, os números nunca mentem. Luís Filipe Vieira é um homem de números e, por isso, eles aqui vão: em 2003, primeiro ano como Presidente do Benfica, o clube tinha 90 mil sócios; hoje somos mais de 175 mil.
Nestes 5 anos, aquele que apelidei de “Presidente do Povo” já inaugurou 55 Casas do Benfica espalhadas pelo País e pelo Mundo. Aliás, o contacto com os benfiquistas em Portugal e no estrangeiro tem sido uma das bandeiras da actuação de Vieira enquanto líder do Benfica.
Também o estádio da Luz tem sido uma catedral de militância, com uma média de espectadores por jogo, entre 2003 e 2009, de cerca de 40 mil, o que faria saltar de felicidade qualquer clube cá dentro ou lá fora.
Se isto não é militância…
08
Mar09

Mas os benfiquistas, Senhor, porque os fazeis sofrer?

Júlio Machado Vaz

E depois de assim acusar Deus injustamente, pergunto-me:

 

1 - Faz sentido começar a defender o resultado aos cinco minutos?

 

2 - E descurar a pressão alta?

 

3 - E não conseguir trocar a bola e fazer as transições com a frieza necessária?

 

4 - E ficar à mercê do erro defensivo do costume ou de um golpe de azar?

 

5 - E arrancar cabelos - eu não me posso dar a esse luxo...:( - ao ver uma bola na trave e outra a beijar o poste (boa, Júlio, a imagem é de sexólogo!)?

 

6 - E aturar amanhã os andrades e os lagartos a dizerem que a falta de que resultou o golo não existiu?

 

7 - E respondo-me - NÃO!!!!!!!!!!! Fizeram um golo cedo? Magnífico! Procurem o segundo e matem o jogo (esta imagem já é de comentador desportivo...).

 

8 - E vou matar a fome, que com estes marotos já nem consigo  jantar antes do jogo, com medo que me parem a digestão! 

 

9 - E um abraço para todos, para a semana há mais paixão. No sentido de sofrimento, claro:). 

 

 

 

  

06
Mar09

Ser do Benfica!

Paulo Ferreira

Motivos profissionais levaram a que não escrevesse na semana passada e que durante esta semana não tivesse sido tão amiúde visita neste blog como de costume.

 

Lendo-o ontem não posso deixar de referir que me preocupa o facto de cada vez menos as pessoas terem a capacidade de ouvir os outros, respeitar as suas opiniões e debaterem ideias com ideias. De alguma forma, parece o caos do trânsito de onde as pessoas na sua “fortaleza” de metal soltam o pior de si e vomitam impropérios verbais perante qualquer coisa ou qualquer um.

 

Mas adiante, acho que o debate sobre o que é ser do Benfica é desnecessário e inútil. É do Benfica quem gosta do clube, quem sofre por ele, quem se entristece nos maus momentos e quem regozija nas vitórias e nas conquistas. Ou seja, todos neste blog (bloggers e comentadores) são do Benfica, com a excepção daqueles que têm outras preferências clubísticas e que também nos visitam.

 

Uma questão diferente é a forma como cada um entende ser mais eficaz ajudar o clube e a visão que cada um tem daquilo que é a gestão actual do clube.

 

Claramente, de um lado existe quem encontre na gestão actual do clube os maiores méritos e nenhum ou poucos defeitos e para este grupo normalmente o que é mau no Benfica passa a bom e o que é bom no Benfica passa a óptimo. Para estes não existem pontos fracos, o sistema assume uma importância vital (senão única) nos insucessos e dizer mal de algo é algo que se assume como uma heresia.

 

Do outro estão aqueles que entendem ser mais positivo ajudar o Benfica apontando de forma clara os erros de gestão e comunicação, na medida que estes influenciam de forma cabal o dia a dia do clube do ponto de vista financeiro e desportivos. Para estes o Benfica tem de ser melhor por si mesmo e não pode continuar adiado.

 

Qual destas é a forma certa? Não sei sinceramente, mas sei o que sinto. Até há 2/3 anos a esta parte, para mim era mais útil para o Benfica que se assumisse a posição dos primeiros aqui descritos. O Benfica estava em mudança, recuperara credibilidade, estava mais equilibrado financeiramente, fazia obra! Era para mim tempo de deixar o tempo correr e esperar resultados desportivos e a continuidade do equilíbrio financeiro.

 

Neste momento, sinto que esse tempo se esgotou e o Benfica entra numa espiral perigosa. Não posso deixar de valorizar e enaltecer o que foi feito (e continua a ser) mas por outro lado não posso também ignorar que sinto que o caminho actual não é o mais correcto. Para além dos resultados desportivos obviamente aquém do esperado, existe o aumento do passivo e os grandes investimentos que estão a ser feitos e que me parecem mais custos que investimentos, na medida que são despesas que não vão gerar receita…

 

Neste momento existem 5 pontos preocupantes:

  1. Aumento do Passivo
  2. Custos avultados que não vão gerar receitas superiores aos mesmos
  3. Falta de resultados desportivos condignos com a ambição do clube e com o investimento feito.
  4. Cultura de desresponsabilização e pouca ambição. Neste momento, é “normal” não ser excelente e até nos adeptos já se incutiu este espírito
  5. Estratégia de Comunicação

Está tudo mal? Naturalmente que não.

 

Foi muito já feito e bem feito? Naturalmente que sim.

 

O Benfica é sistematicamente prejudicado e tem de lutar contra isso? Claro que sim.

 

Isto implica continuar a passar um cheque em branco para o rumo do clube? Não me parece a melhor forma. Penso que é mais útil fazer uma crítica construtiva e que ajude à melhoria.

 

Não sei se esta postura me colocará para o Fórum como menos “benfiquista” mas é a que honestamente julgo ser mais útil para ajudar o clube. Sem deixar de denunciar quando somos prejudicados, sem deixar de apoiar sempre e sem deixar de enaltecer os méritos.

 

Por último, estamos na fase decisiva do campeonato e a ida a Naval reveste-se de uma importância fundamental! Força Benfica!

 

Saudações Benfiquistas,

Paulo Ferreira

 

05
Mar09

IGNORÂNCIA OU PROPAGANDA?

Bruno Carvalho

                     

 
 
1. NOTA INTRODUTÓRIA
 
Quero começar o texto de hoje declarando que, sinceramente, não me quero enredar em polémicas, muito menos com os meus companheiros de blog.
 
No entanto, não posso deixar de constatar uma completa diferença entre a minha postura e a posição que alguns assumem relativamente a mim. Eu nunca comentei o texto de ninguém, tenho apenas debatido ideias, como fiz recentemente com o Pedro Fonseca a propósito do Benfica Global.
 
Alguns companheiros de blog escrevem coisas com as quais não concordo minimamente, mas não teço quaisquer comentários às suas opiniões.
 
Confesso que alguns desses textos expressam exactamente as ideias que, na minha opinião, fizeram com que o Benfica chegasse ao estado de fraqueza actual, mas eu não digo nada. Respeito as opiniões dos outros como espero que respeitem as minhas.
 
Uma coisa é certa, nunca ninguém me viu fazer qualquer ataque pessoal a quem quer que seja e quando expresso as minhas opiniões, fundamento-as sempre com dados concretos.
 
Na área de comentários deste blog discute-se muito se eu quero ou não candidatar-me a presidente do Benfica, provavelmente pela forma como expresso as minhas opiniões.
 
A verdade é que eu me limito a dar, sem quaisquer rodeios, o meu ponto de vista sobre o Benfica sem me importar rigorosamente nada com os índices de popularidade, o que parece incomodar alguns.
 
Para que tudo fique claro e transparente, no post da próxima semana abordarei precisamente o tema da tal eventual candidatura, esclarecendo aquilo que pretendo fazer relativamente ao Benfica.
 
Como é fácil perceber, se eu quisesse arrancar palmas e apoios maciços faria o que muitos fazem: diria sistematicamente mal do FC Porto, repetiria incessantemente que o Benfica é um clube fantástico e ganhador, que tem sido feito um trabalho maravilhoso, que o Benfica estava destruído, que voltar a ganhar demora tempo, mas que estamos no bom caminho, uma vez que somos incontestavelmente superiores em tudo aos nossos adversários.
 
No entanto, esse Benfica é apenas ilusório. Esse Benfica, infelizmente para nós, não existe.
 
O Benfica, no mundo real, tem sido superado em tudo pelos seus adversários directos.
 
Mas os benfiquistas, alguns, recusam-se a encarar a realidade.
 
Ou pior, os benfiquistas, alguns, contentam-se com pouco.
 
Como se deve qualificar a gestão desportiva de um clube cuja equipa, desde 1994 até hoje, ganhou apenas 1 campeonato?
 
Deveremos dizer que é brilhante? Magnífica? Maravilhosa? Fenomenal? Para mim e para os benfiquistas que sentem o clube como eu, essa performance é MEDÍOCRE.
 
Depois falam da maravilhosa grandeza de um Benfica Global que aparentemente esmaga tudo e todos.
 
Mas quando se olha para os resultados tudo se desmorona:
 
- Basquetebol: nos últimos 10 anos o Benfica não ganhou 1 único campeonato.
 
Como se deve qualificar esse resultado?
 
Deveremos dizer que é brilhante? Magnífico? Maravilhoso? Fenomenal? Para mim e para os benfiquistas que sentem o clube como eu, não ganhar nada é MEDÍOCRE.
 
- Andebol: nos últimos 10 anos o Benfica ganhou 1 campeonato.
 
Como se deve qualificar esse resultado?
 
Deveremos dizer que é brilhante? Magnífico? Maravilhoso? Fenomenal? Para mim e para os benfiquistas que sentem o clube como eu, ganhar 1 campeonato em 10 anos é MEDÍOCRE.
 
- Hóquei em Patins: nos últimos 10 anos o Benfica não ganhou 1 único campeonato.
 
Como se deve qualificar esse resultado?
 
Deveremos dizer que é brilhante? Magnífico? Maravilhoso? Fenomenal? Para mim e para os benfiquistas que sentem o clube como eu, não ganhar nada é MEDÍOCRE.
 
- Futsal: o Benfica nos últimos 10 anos ganhou 4 campeonatos.
 
Neste caso a performance é boa, mas há sérias ressalvas a fazer. No futsal o Benfica, nos últimos 10 anos, tem o mesmo número títulos que o Sporting num desporto em que o FC Porto nem sequer compete. Mas o que me parece grave é o que custa esta modalidade ao Benfica. O Benfica paga mais aos jogadores de futsal do que 90% dos clubes da primeira Liga de Futebol pagam aos seus jogadores. Parece-me uma factura incomportável para mostrar que se consegue ganhar em qualquer coisa.
 
- Voleibol: nos últimos 10 anos o Benfica ganhou 1 campeonato.
 
Como se deve qualificar esse resultado?
 
Deveremos dizer que é brilhante? Magnífico? Maravilhoso? Fenomenal? Para mim e para os benfiquistas que sentem o clube como eu, ganhar 1 campeonato em 10 anos é MEDÍOCRE.
 
- Ciclismo: o Benfica não venceu, neste seu regresso, a Volta a Portugal em bicicleta.
 
O Benfica entra, de vez em quando, com grande alarido no ciclismo fazendo promessas de grandes conquistas nacionais e internacionais. O ciclismo, diziam alguns, era fundamental pois até está no emblema do clube.
 
E o que é que sucedeu?
 
Andamos a ver o Benfica a fazer a figura a que tanto nos acostumamos nestes tempos recentes. Isto é, fizemos uma grande festa antes de começarem as provas a valer e quando chegamos à Volta a Portugal fomos copiosamente derrotados.
 
Provavelmente a culpa foi do sistema ou dos árbitros, do alcatrão que era muito irregular ou do bandeirinha que se encontrava na meta, que segurava, sem vergonha, um pano de xadrez preto e branco, sinal claro de que a corrida estava controlada pelos mesmos de sempre.
 
Mas o mais grave quanto ao ciclismo é que o Benfica abandonou a modalidade sem dar explicações convincentes. Entrou e saiu de repente, da forma que o Benfica nos habituou a lidar com os seus assuntos: sem estratégia, sem lógica, sem uma visão de longo prazo e sem profissionalismo.
 
Como se deve qualificar esta forma de fazer as coisas?
 
Deveremos dizer que é brilhante? Magnífica? Maravilhosa? Fenomenal? Para mim e para os benfiquistas que sentem o clube como eu, tratar uma modalidade como o ciclismo desta forma é MEDÍOCRE.
 
Em resumo, nos últimos 10 anos, o Benfica, não ganhou nenhum campeonato de basquetebol, não ganhou nenhum campeonato de hóquei em patins, ganhou 1 campeonato de andebol, ganhou 1 campeonato de voleibol, ganhou 4 campeonatos de futsal, ganhou 1 campeonato de futebol e não ganhou em ciclismo.
 
Que Benfica é este? É um Benfica poderoso, dominador, glorioso?
 
Foi à custa de ganhar tão pouco que o Benfica se tornou o maior clube português?
 
Eu digo isto claramente e sem rodeios: este Benfica é um Benfica MEDÍOCRE, longe dos pergaminhos da sua história.
 
Se há muitos benfiquistas satisfeitos com isso? Não sei. Espero sinceramente que não. Eu não estou satisfeito e tenho recebido imensas mensagens de benfiquistas que pensam e sentem o mesmo que eu.
 
Qual é o melhor benfiquista? Será aquele que finge não ver e que se vangloria permanentemente de ser o melhor, mas que na realidade nada ganha, ou será aquele que encara os problemas de frente, não se conforma e que quer acabar com esta mediocridade global?
 
Será que se presta um bom serviço ao Benfica fingir que somos os maiores e apregoar isso aos sete ventos e depois ver os outros sempre em festa, pois são os outros que, na realidade, ganham? Ou pensam, por algum instante, que os outros não sabem que nada ganhamos?
 
Dizem alguns que o Benfica já esteve muito pior e que agora somos uma instituição credível e respeitada.
 
Mas o Benfica de que eu me lembro sempre foi credível e respeitado e não é por termos tido um presidente desonesto que vamos ter que pagar a factura o resto das nossas vidas.
 
Eu quero um Benfica credível e respeitado, mas ganhador.
 
Quanto tempo mais será preciso para ganharmos? A actual equipa de gestão já está no Benfica há 8 anos. Quantos mais anos serão precisos para ganharmos? Será que daqui a 20 anos ainda estaremos a recompor-nos?
 
E fica, desde já, aqui o meu aviso: o Benfica em termos económico-financeiros está a caminhar francamente mal. A propaganda diz o contrário, mas a verdade é que o Benfica está a andar mesmo muito mal. Eu queria falar sobre este tema esta semana, mas fica a promessa que o farei num futuro muito breve, uma vez que não podia deixar de me referir a este assunto do Benfica Medíocre, dado que, mais uma vez, os meus textos foram alvo de amplos comentários.
 
Quanto às contas, fica apenas uma nota para reflexão: no primeiro semestre de 2008/09 o Benfica teve um prejuízo de mais de 9 milhões de euros e o passivo subiu 22 milhões!!!
 
Nos tempos que correm, uma gestão destas é totalmente aberrante e pode encaminhar o Benfica para o precipício. Mas isso pouco importa aos benfiquistas, alguns, desde que lhes digam que o Benfica é grande, glorioso, o maior do mundo e que no futuro tudo irá ganhar.
 
Eu amo o Benfica e por isso não me conformo com este Benfica!
 
 
2. IGNORÂNCIA OU PROPAGANDA?
 
Após a minha nota introdutória, que eu sei que foi longa, gostava de falar do assunto que queria partilhar com todos os benfiquistas e que me parece bastante relevante.
 
Penso que devíamos olhar atentamente para a representação do Benfica nos vários programas de debate sobre futebol que existem nos diversos canais de televisão.
 
Até há pouco tempo, o Benfica estava representado por Fernando Seara no programa “O Dia Seguinte” da SIC Notícias, por António Pedro Vasconcelos no programa “Trio de Ataque” da RTP N e por Pedro Fonseca e Raul Lopes no programa “A Bola É Redonda” do Porto Canal.
 
Não pretendo fazer grandes juízos de valor quanto ao desempenho de cada um destes ilustres representantes do Benfica, pois são bastante subjectivos, mas uma coisa posso dizer: nenhum deles desempenhava ou desempenha qualquer cargo no Benfica e parecem-me ser todos homens livres, independentes, que emitem as suas próprias opiniões em cada um dos respectivos programas.
 
O mesmo se passa, aliás, em relação aos representantes dos outros clubes em todos esses programas, uma vez que nenhum tem algum cargo de Direcção nos seus clubes.
 
Ora, com o advento da TVI 24, esta lógica foi rompida.
 
A TVI 24 foi buscar Fernando Seara, sendo que a SIC Notícias substituiu-o por Sílvio Cervan.
 
E é precisamente aqui que se inicia o problema.
 
Mais uma vez o Benfica mostra a sua falta de pensamento estratégico sobre os assuntos.
 
Sílvio Cervan, goste-se dele ou não, é Vice-Presidente do Benfica.
 
Se é Vice-Presidente, Sílvio Cervan só deveria aceitar estar presente num programa de debate se os outros clubes estivessem representados ao mesmo nível.
 
Com todo o respeito que José Guilherme Aguiar e Dias Ferreira me merecem, eles não são institucionalmente Vice-Presidentes dos clubes que representam no programa.
 
Muito pelo contrário.
 
José Guilherme Aguiar e Dias Ferreira são inteiramente livres de dizerem o que entenderem pois não são vozes oficiais dos respectivos clubes. Estão lá como adeptos.
 
São, com certeza, adeptos com uma grande notoriedade, mas estão lá como adeptos. E os adeptos têm todos os graus de liberdade. Podem estar de acordo, podem criticar, podem dizer coisas mais acertadas ou outras mais irreflectidas, próprias do calor da discussão em que tudo, ou quase tudo, lhes pode ser perdoado, pois estão lá livres de amarras.
 
E o Benfica e Sílvio Cervan? Como é que funciona connosco?
 
Sílvio Cervan, sendo Vice-Presidente do Benfica, não pode ser independente.
 
Se Sílvio Cervan criticar o treinador do Benfica, quem é que o faz? Será o adepto ou o Vice-Presidente do Benfica?
 
Se Sílvio Cervan criticar o Director Desportivo por não concordar, por exemplo, com alguma contratação, quem estará então em desacordo? Será o adepto ou o Vice-Presidente do Benfica?
 
Se Sílvio Cervan criticar o Presidente do Benfica pelo descalabro das contas, quem é que fará essas críticas? Será Sílvio Cervan o adepto do Benfica ou será o Vice-Presidente do Benfica?
 
E neste caso, se o Vice-Presidente criticar num programa de televisão o Presidente do Benfica, como é que será na manhã seguinte a relação dos dois quando chegarem ao clube?
 
Parece claro que Sílvio Cervan não poderá ter uma opinião isenta sobre o treinador do Benfica, sobre o Director Desportivo do Benfica, sobre o Presidente do Benfica, sobre nenhum assunto do Benfica.
 
Então que está Sílvio Cervan a fazer nesse programa?
 
Estará a fazer campanha eleitoral? Estará a fazer a propaganda habitual?
 
O Benfica, ao autorizar o seu Vice-Presidente a estar presente num programa de televisão com estas características, criou mais um problema a si próprio.
 
Só não sei se o fez por ignorância ou por propaganda.
 
Sílvio Cevan é, claramente, um erro de casting.
 
Por um lado, o Benfica não se dá ao respeito pois coloca um Vice-Presidente seu a discutir com dois adeptos de outros clubes.
 
Por outro lado, o Benfica atenta contra a sua tradição de liberdade, pois tem um comentador condicionado, que nada poderá dizer de uma forma independente, limitando-se a poder divulgar o discurso oficial.
 
É este o Benfica que queremos? É neste Benfica que nos sentimos representados?
 
Eu continuo a preferir os comentários do Pedro Fonseca e do Raul Lopes no programa do Porto Canal.
 
Apesar da proximidade de pontos de vista que, por exemplo, o Pedro Fonseca tem com Luís Filipe Vieira, isso não o impede de ser um homem livre e sem condicionalismos e cujas opiniões eu muito respeito.
 
É que para sermos respeitados temos que nos dar ao respeito, e o Benfica que seguramente autorizou a presença de Sílvio Cervan no programa da SIC Notícias não soube, uma vez mais, dar-se ao respeito.
 
Saudações Benfiquistas,
 
Bruno Carvalho
 
 
PS: O Novo Benfica já atingiu as 250.000 visitas. É um número impressionante e muito acima das nossas expectativas iniciais. Este número de visitas só vem comprovar duas coisas: a força do Benfica e a força das ideias.
Obrigado a todos por nos ajudarem a fazer do Novo Benfica aquilo que ele é: um espaço de reflexão sobre o Benfica onde existe total liberdade de opinião.
 

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