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Novo Benfica

Novo Benfica

29
Nov08

O "Velho Benfica"

António de Souza-Cardoso

Já há alguns meses que eu não sentia vergonha do meu Clube;

Já alguns meses que eu não sentia aquela eminente vulnerabilidade de ser humilhado, até por um transeunte;

Já alguns meses que eu não recebia tantas graçolas idiotas na minha caixa de mail ou no meu telemóvel;

E, no entanto, fui cauteloso a levantar a garimpa, neste novo ciclo.

Falei em tempo de construção: para assimilar rotinas e afectos – atitude, cultura comportamental; para se ganhar estrutura e sentido estratégico – desígnio, cultura organizacional.

Mas depois, claro, quem resiste á paixão quase pueril do “menino” Rui Costa? Quem não se deixa cativar pela seriedade, juventude e ambição de Quique Flores?

E lá me deixei levar na onda do “Novo Benfica” com que tanto sonho. E, de peito feito, sai para a Rua (que saudade de sair para a Rua), e voltei à arredondar um “até os comemos!” ou alambazar um “não vejo ninguém à minha frente!”. Maldita a Hora!

Por isso é que na quinta-feira, contra uma equipe de segunda a nível europeu, num jogo decisivo para a “reconstrução” do Novo Benfica, em cai. Cai lá bem do cimo da minha vaidade e da minha esperança, levada em asas da águia para o cocuruto desse Olimpo mais Alto.

 O Benfica continua adiado e isso é que nos tem que preocupar.

É verdade que é difícil sofrer 3 golos em pouco mais de 20 minutos (mas do Olympiacos??)

É admissível dizer que tivemos um golo mal anulado a Reyes e que o quinto do Olympiacos foi em vergonhoso fora de jogo (mas foi por isso??).

A verdade disse-a Quique Flores com aquela honestidade de que não sabe fugir – “Tivemos um Benfica de Papel” .

E este Benfica frágil, leve e inconsequente, lembra muito o “Velho Benfica” que nunca quisemos assumir mas que há muito que perdeu o seu instinto e a sua grandeza.

É verdade que o Benfica bateu mais fundo do que todos julgamos com Administrações desastrosas de Manuel Damásio, Vale Azevedo ou outros. Mas também aí fomos nós que nos quisemos enganar e que fizemos de “Calimero” arranjando todas as desculpas e subterfúgios para explicar o nosso insucesso.

É verdade que “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e que fazer leva sempre mais tempo e energia do que desfazer.

É verdade que esta Direcção e este Presidente ajudaram a credibilizar e a construir a esperança Benfiquista.

Mas não está tudo bem, como nos querem fazer querer.

Falta-nos tempo e sobra-nos caminho para refazer a tal cultura comportamental e organizacional.

E é por isso que temos que ser exigentes com este Benfica. Exigir que todos: Dirigentes, Treinadores, Jogadores, Claques e Massa Associativa estejam à altura da Força e da Mística do Clube. Estejam em linha com a Esperança e a Altivez que é urgente devolver ao Benfica.

Para que nunca mais, mas nunca mais voltemos a esta sensação de impotência, de humilhação e de vergonha.

A mesma que eu vi nos olhos do meu Filho - que transbordam sempre de paixão e esperança Benfiquista.

 

António de Souza-Cardoso

 

28
Nov08

Maldita ZON

Paulo Ferreira

Não tenho MEO e nos últimos tempos por andar por fora em trabalho também não tenho tido acesso à Sport TV (nem podido ir aos estádios, naturalmente) e como tal não consegui acompanhar em directo as últimas vitórias do Benfica! Sabia o resultado com regozijo e com pena de não ter podido ver o meu Benfica!

Ontem estava eufórico! Ia ver o Benfica…bendita ZON! Segundos depois do início e com um Jorge Ribeiro apático a ver a bola passar por cima e o ala direito do Olympiakos a avançar para a baliza sem qualquer pressão, comecei a amaldiçoar a companhia de Cabo. E a coisa agravou-se e bem, com uma defesa remendada, descoordenada e completamente apática, deu-se uma verdadeira humilhação.

Confesso que este ano a UEFA é algo que não me preocupa e acho que os objectivos devem passar pelo título nacional e cimentar o plantel para arrancar para objectivos mais ambiciosos nos anos seguintes, mas ainda assim levar 5 na Grécia é mau demais para ser verdade!

Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Nem tudo estava bem antes, nem tudo está mal agora. O jogo de ontem foi para LEMBRAR, mas não belisca a minha crença em toda a estrutura, desde o presidente ao preparador físico, passando pelo plantel, pelo seu técnico e naturalmente pelo director desportivo.

O Benfica não é ainda uma equipa de nível europeu e a maior consistência que vem evidenciando internamente (onde tem ganho sem grandes exibições, diga-se em abono da verdade) ainda é desmontada com grande facilidade por equipas com mais qualidade e experiência. Ainda assim, continuo a achar que estamos no bom caminho e que a derrota de ontem será mais um passo na aprendizagem do conjunto e tem de servia para manter os pés assentes na terra, reforçar a necessidade de trabalhar e a humildade de cada um. Mas que podia ter sido algo mais leve…podia!

Este ano acho que o Benfica tem obrigação de ser campeão nacional e alicerçar-se para que um resultado e uma exibição como a de ontem não aconteçam nos anos vindouros. O Benfica tem obrigação de não sair humilhado de campo algum.

Mas para isso pede-se uma reacção rápida e contundente em Setúbal. Não existe tempo nem pontos a perder e é necessário repor índices de confiança. O trabalho de Quique nestes dias tem de ser essencialmente psicológico e com vista a corrigir alguns erros defensivos (que começam no meio campo e na ausência de pressão sobre a bola…) gritantes!

Eu acredito…sempre!

PS – Um comentário para um ausente e para um presente. Luisão, que não está ausente de muitos erros é o esteio da defesa do Benfica actualmente e ao lado dele os outros jogam melhor.  Bynia não me parece tão mau como o pintam e ontem com a condicionante de não poder jogar Katsouranis foi a opção certa. Não é um prodígio, mas é um lutador e ontem para mim até foi dos melhores do Benfica…

Saudações mais benfiquistas que nunca...
Paulo Ferreira

27
Nov08

Da bonomia e outros factores de protecção.

Júlio Machado Vaz

1) Não contem comigo para rasgar as vestes e arrancar cabelos, a idade não me permite facilitar os AVCs e tenho família para cuidar.

2) Não tenhamos medo de reivindicar a gentileza de que somos capazes para com os adversários - cientificamente, fizemos o necessário para permitir aos leões o suspiro de alívio, "uf!, os lampiões levaram mais na tarraqueta...".

3) Uma equipa que tenciona ganhar ou empatar apoiada no contra-ataque, não pode sofrer um golo aos quarenta e cinco segundos, colocando o adversário na exacta situação que pretendia explorar.

4) A defesa foi um desastre, sobretudo pela esquerda. Encontremos algumas atenuantes balsâmicas - os putos nunca tinham jogado juntos e David Luiz regressa de um longo calvário. Quanto a Jorge Ribeiro, a única água benta possível será a pouca vocação defensiva de Reyes, mas que pecou mortalmente, pecou:).

5) A linha média nunca aguentou - ou imitou... - o pressing dos gregos e a já crónica incapacidade de transição voltou a assombrar-nos. E contudo, juro que considero Bynia o jogador do Benfica que mais se aproximou de níveis aceitáveis de rendimento. (O Katsouranis ainda estava gripado?).

6) Depois do 3-1, houve um período em que ficou demonstrada à saciedade - e à sociedade! - a tremideira da defesa helénica. O problema é que a nossa tremeu mais e levámos o quarto.

7) Bem sei que o adversário já estava em gestão de esforço e plantel, mas não desgostei dos minutos de Balboa e Urreta.

8) A UEFA já era e não devemos fazer disso uma tragédia... (já me custa pronunciar o adjectivo!). Como disse num post anterior, o desafio mais importante é Segunda contra o Setúbal. Quer isto dizer que imito a raposa que fingia desdenhar as uvas?; que pifei definitivamente do quinto andar?; que tenho a ambição de integrar o próximo elenco directivo e por isso estrangulo a crítica?

9) Três, dois, um..., não às perguntas 1 e 3, espero que não à 2:). Fizemos uma exibição miserável e sinto-me profundamente humilhado. Mas quero acreditar que os jogadores e a equipa técnica também. Quando não sabemos o que dizer, é assisado recorrer a um ditado popular, aí vai disto - não vale a pena chorar sobre o leite derramado ou, acrescento eu..., o quinto fino ou imperial na mesa! Não será o único desgosto do ano, mas que alternativa nos resta? Seguir em frente.

10) Respirem fundo e não moam o seixo das patroas, que já nos aturaram noventa minutos de vernáculo; adiantem o espírito natalício um mês e imaginem a alegria dos putos!; saboreiem antecipadamente o jantar romântico de amanhã ou o fim-de-semana prolongado, romântico ou não, que aí vem; dêem graças a Deus por não estarem no lugar dos nossos pobres banqueiros, às voltas com a crise, ou do Engenheiro Sócrates e da D.Manuela, que não têm tempo para futeboladas, ocupados como estão com o nosso futuro. Se tudo falhar, lembrem-se que em Vigo foi pior - apanhámos sete e não tivemos coragem de ir ao El Corte Ingles durante uns tempos:).

11) Boa noite a todos e viva o Benfica! Mesmo que hoje seja à custa de massagem cardíaca e respiração boca-a-boca...   

26
Nov08

O PORTO, O FC PORTO E PINTO DA COSTA

Bruno Carvalho

 

Apesar de estarmos num blog do Benfica, não me parece nada estranho que falemos do nosso principal adversário dos últimos anos.
 
Aliás, estou em crer que é a dificuldade em perceber qual a relação que o Benfica deve ter com o FC Porto que nos tem levado a tantos equívocos e dissabores.
 
Acho, igualmente, positivo clarificar, desde já, que tenho um grande respeito pelo FC Porto e que muitos dos meus melhores amigos são portistas, o que até é natural atendendo a que eu vivo na cidade do Porto.
 
Não me parece que seja possível compreender o que é actualmente o FC Porto sem fazer um retrato da realidade social vivida na cidade do Porto e na Região Norte de Portugal.
 
 
 
 
Se olharmos para o Índice de Poder de Compra (IPC) verificamos que, sendo a média de Portugal 100, o Índice de Poder de Compra na Região de Lisboa e Vale do Tejo é de 149 e o do Norte é de 83.
 
Lisboa é, de facto, o local de Portugal onde o poder de compra é mais elevado, situando-se, claramente, acima da média do País, enquanto no Norte o poder de compra é apenas 55% do de Lisboa (praticamente metade) e situa-se muito abaixo da média nacional.
 
Se, por outro lado, olharmos para os dados de desemprego do final de 2007, verificamos que a Taxa de Desemprego em Portugal se situava nos 7.9%, enquanto no Norte atingia 9.5%, sendo a zona do País mais afectada por este flagelo.
 
Apesar de alguma recuperação em 2008, é previsível que o Norte seja atingido com violência pela actual crise devido às características exportadoras de muitas das suas empresas, numa altura em que os principais mercados (Estados Unidos, Espanha, Alemanha, etc.) estão em clara recessão.
 
Pode-se, ainda, constatar que as oportunidades de emprego nas multinacionais, na Administração Pública e na área dos serviços estão quase todas em Lisboa. Assim, o Porto vê constantemente os seus jovens irem viver para a capital ou para o estrangeiro.
 
Mas não é preciso olhar muito para os números para se perceber a difícil situação que o Porto e o Norte do País atravessam.
 
A cidade do Porto assistiu, nos últimos anos, a uma confrangedora perda de importância no contexto nacional.
 
Tomemos, por exemplo, o caso dos bancos. Várias instituições financeiras que tinham sede no Porto, transferiram o seu centro de decisão para Lisboa, de uma forma formal ou informal. O BPA, BCP e até o BPI são casos disso.
 
Ao nível da Comunicação Social o panorama também tem sido deprimente, tendo fechado um título emblemático como “O Comércio do Porto” e com “O Primeiro de Janeiro” reduzido a quase nada. Mesmo o grande jornal da região, o “JN”, está longe de ser o jornal do Porto como era no passado.
 
O Porto é humilhado e mal tratado quase diariamente. Por exemplo, o aeroporto do Porto é controlado por Lisboa e agora até a gestão do Metro do Porto foi assumida pelo governo e retirada às instituições locais, apesar do Metro ser considerado um caso de enorme sucesso.
 
Em largas franjas da população do Porto há o sentimento que a capital portuguesa é centralista, egoísta e pouco solidária com o resto do País.
 
Pode-se dizer, sem exageros, que o Norte de Portugal e a cidade do Porto em particular, vivem uma das situações mais difíceis da sua história, onde a pobreza, a falta de perspectivas de futuro e a sensação de abandono predominam.
 
Provavelmente muitos dos que estão a ler o que escrevo, e muitos são de Lisboa, não acreditam em mim ou acham que estou a exagerar.
 
Infelizmente não estou. A situação é ainda pior do que aquela que eu consigo transmitir.
 
É importante que se diga que eu não tenho nada contra Lisboa. É uma cidade de que eu muito gosto, da qual me orgulho (em especial do Estádio da Luz) e onde tenho diversos amigos.
 
Isso não me impede de constatar que já há vários anos os nossos políticos optaram deliberadamente por concentrar toda a riqueza e quase todo o investimento em Lisboa na tentativa de criar uma cidade que fosse capaz de competir com as principais metrópoles europeias e designadamente com Madrid e Barcelona.
 
No entanto, esse modelo adoptado, que existe na prática, mas não é comunicado formalmente às pessoas, tem graves consequências, quer para o resto do País quer para a própria cidade de Lisboa, que também sofre com essa opção, uma vez que esta acarreta enormes inconvenientes, desde problemas sociais, de exclusão, de violência, de criminalidade, de mobilidade e muitos outros.
 
É neste contexto de grave crise no Norte do País e de profundo desânimo, que temos que olhar para o FC Porto e para as suas vitórias.
 
É que o FC Porto tornou-se a alegria e a esperança de muita gente.
 
Eu acho ridícula a falta de noção que existe relativamente à estratégia para derrotar o FC Porto.
 
Eu dou um exemplo: muitos acham que agridem ou diminuem o FC Porto chamando-o “Clube Regional”. Acham esses que assim insultam ou ridicularizam o Porto. Nada de mais errado.
 
O Porto é de facto um clube regional. Mas o Porto quer ser um clube regional. Está nos genes do Porto ser um clube regional. É isso que dá força ao Porto. Olhemos para o Barcelona. Não é o Barcelona um clube regional? E isso diminui o Barcelona?
 
Quanto mais chamarem ao FC Porto “Clube Regional”, mais forte estão a torná-lo, mais estão a unir os jogadores, os adeptos, mais o Porto se torna bandeira da Região Norte.
 
É por isso, e muitos não o entendem, que é difícil ser-se benfiquista hoje na cidade do Porto. É que o FC Porto é usado por muitos como um instrumento numa pretensa guerra Norte-Sul.
 
É por não me identificar com essa guerra, e muito menos com a utilização do futebol para esses fins, que me sinto muito confortável de gostar tanto do Benfica, mesmo vivendo no Porto, ainda que isso me traga às vezes alguns dissabores. E, efectivamente, traz.
 
O Benfica é, de facto, um clube diferente, um clube com uma implantação mundial e com uma dimensão muito superior à do FC Porto.
 
Mas no Benfica, essa dimensão e essa grandeza em nada têm contribuído nos últimos anos para as vitórias. É que tem faltado humildade e respeito pelos outros para transformar essa força em resultados desportivos.
 
O Benfica, pura e simplesmente não tem sabido reagir aos sucessos do FC Porto e ao presidente que o Porto tem.
 
E já agora que falamos do presidente do FC Porto, parece-me importante perceber o que é o Porto antes e depois de Pinto da Costa.
 
Pinto da Costa assume a presidência do Porto em 1982. Nessa altura o Porto tinha no seu palmarés 7 campeonatos, 4 Taças de Portugal, 2 Supertaças e nenhum título europeu, nem sequer uma final.
 
Durante os mandatos de Pinto da Costa como presidente, o Porto ganhou 16 campeonatos, 9 Taças de Portugal, 13 Supertaças, foi 2 vezes Campeão Europeu, ganhou 2 Taças Intercontinentais, 1 Taça UEFA, 1 Supertaça Europeia e isto para falar apenas de futebol.
 
Pinto da Costa ganhou 70% dos campeonatos que o FC Porto conquistou ao longo do seu historial, 69% das Taças de Portugal, 87% das Supertaças e 100% dos títulos europeus que o seu clube venceu.
 
O actual presidente do FC Porto conseguiu que o Porto ultrapassasse o Sporting no ranking de títulos conquistados a nível interno e tornou o Porto o clube português com mais títulos internacionais ganhos.
 
Desde que Pinto da Costa é presidente, o Porto ganhou 16 campeonatos enquanto os restantes clubes todos juntos ganharam 11. Mas o pior de tudo é que esse domínio tem-se vindo a acentuar. O Porto que nunca tinha ganho sequer 1 tricampeonato, chegou a um penta e nos últimos 6 anos ganhou 5 campeonatos, sendo actualmente, tricampeão.
 
Falo das vitórias do Porto com a frieza dos números e com a tristeza de ver ano após ano a total incapacidade do Benfica em reagir de uma forma enérgica a este cenário.
 
Uma das coisas que na realidade mais me choca é o facto do Benfica ter demonstrado uma total inépcia para lidar com Pinto da Costa ao longo de todos estes anos.
 
Foi, aliás, o ódio a Pinto da Costa que fez com que os benfiquistas elegessem Vale e Azevedo para presidente do Benfica. Na altura, Vale e Azevedo era apelidado o “Pinto da Costa Vermelho”.
 
Na última década, apenas por duas vezes vi o Benfica reagir a Pinto da Costa com determinação e estratégia. Uma foi na época 2004/05 com José Veiga e a outra vez é agora com Rui Costa.
 
É importante clarificar que José Veiga e Rui Costa têm comportamentos totalmente diferentes e que eu nunca me identifiquei com Veiga e sou um confesso admirador de Rui Costa.
 
Apesar de não gostar do estilo de Veiga (ainda hoje me lembro de uma lamentável conferência de imprensa em que Veiga e Luís Filipe Vieira atacavam a vida pessoal de Pinto da Costa), reconheço que ele foi capaz de blindar o balneário do Benfica, construir um espírito de grupo, defender o treinador e o grupo de trabalho. E isso deu-nos um título ao fim de 11 anos.
 
Hoje, felizmente, temos o Rui Costa. Rui Costa já no defeso respondeu com mestria a Pinto da Costa, no momento em que ferido pela ida de Cristian Rodriguez para o Porto, foi buscar o Reyes ao Atlético de Madrid.
 
Rui Costa com os seus conhecimentos de futebol conseguiu outra coisa que há muito não se via: o Benfica tem melhor treinador e melhores jogadores que o Porto. Se o Benfica tivesse no seu seio o hábito de ganhar eu diria, desde já, que o campeonato era nosso. Como esse hábito não existe, as pernas tremem mais, mas até para isso Rui Costa é fundamental. Rui Costa já ganhou tudo e com a sua experiência de Milão seguramente conseguirá transmitir ao grupo a confiança necessária para sermos campeões.
 
E com melhor equipa e com melhor treinador que os nossos adversários, os resultados estão á vista: temos já 4 pontos (no mínimo) de avanço sobre o Porto e 5 sobre o Sporting.
 
Há, ainda, outra questão que poucos têm referido, mas que me parece determinante também para os resultados que o Porto tem conseguido. Há já vários anos que o orçamento do Porto para o futebol é maior que o do Benfica e do Sporting juntos. Este facto demonstra bem onde tem estado a liderança do futebol português.
 
Na realidade, não sei se isso é uma situação sustentável para o Porto a longo prazo e, com franqueza, isso não me interessa pois não me preocupam as finanças dos outros clubes. Mas que isso confere uma grande vantagem desportiva ao Porto, isso é inegável.
 
No entanto, isso, por si só não explica tudo, uma vez que há vários anos que o orçamento para o futebol do Benfica é significativamente maior que o do Sporting e nós temos ficado sistematicamente atrás deles e até conseguimos ficar atrás do Guimarães que tem um orçamento muitíssimo menor.
 
Vamos agora, então, ao tema da corrupção. Sei bem que é disso que esperam que fale e aqui revele se sou ou não um verdadeiro benfiquista.
 
Que tristeza! Onde nós chegámos! A prova de fogo de um benfiquista é a forma como trata, ou melhor, como insulta, o presidente de um clube adversário e não aquilo que pode fazer pelo seu próprio clube.
 
Esse tem sido o erro sistemático do Benfica. O Benfica em vez de construir uma identidade forte e ganhadora, desperdiça o seu tempo a pensar em Pinto da Costa e como o pode ofender.
 
Se alguém pensa que vou insultar o Presidente do FC Porto, pode parar já de ler este texto, uma vez que não o vou fazer. Eu tenho respeito pelo presidente do FC Porto, como imagino que Luís Filipe Vieira tinha por ele quando era presidente do Alverca.
 
Mas não pensem que vou fugir ao assunto. Eu vou falar com franqueza de Pinto da Costa.
 
Pinto da Costa foi condenado no âmbito do Apito Final, por corrupção desportiva, pelo Conselho de Disciplina da Liga e recorreu da sentença, que veio a ser confirmada pelo Conselho de Justiça da Federação, numa reunião recheada de polémica. Sinceramente eu acho que essa reunião foi uma vergonha e não deixou ninguém convencido de que aí se fez justiça. A reforçar o que digo, está o facto do TAS (Tribunal Arbitral du Sport), em Lausanne, na Suíça, ter desconsiderado totalmente essa decisão do Conselho de Justiça.
 
Pinto da Costa, entretanto, recorreu para os tribunais administrativos, onde, entre outras coisas, põe em causa a utilização das escutas telefónicas como meio de prova. Este processo ainda decorre, pelo que devemos aguardar atentamente os seus resultados, ainda que já se saiba que o Supremo Tribunal Administrativo, no processo do presidente da U. Leiria, veio dizer que as escutas não poderiam ser utilizadas, o que pode fazer reverter todo este processo.
 
Quanto ao FC Porto a história é ainda pior. O FC Porto foi condenado pelo Conselho de Disciplina da Liga e, pasme-se, não recorreu.
 
O Porto cometeu, na minha perspectiva, um erro trágico ao não ter recorrido da sentença que o condenava no processo Apito Final.
 
É que a honra não tem preço e muito menos se vende por 6 pontos.
 
Por mais que tenham descoberto depois que o recurso de Pinto da Costa aproveita ao Porto, o certo é que o Porto não recorreu, o que significa que aceitou o castigo e logo qualquer um pode deduzir que o Porto se deu como culpado num processo de corrupção desportiva.
 
Deste modo, o Porto colocou-se numa posição em que lhe é muito difícil defender-se quando alguém lhe chama “corrupto”. A provar o que eu digo estão as várias declarações feitas pelo presidente da UEFA, Michel Platini, a propósito do Porto que devem fazer corar de vergonha qualquer dirigente ou adepto portista.
 
O Porto comportou-se com esperteza saloia, não tendo assumido a postura séria que uma instituição de prestígio exigiria, sabendo-se que o principal valor que se deve defender na vida é a honra.
 
E, neste caso, Pinto da Costa esteve muito mal.
 
Das duas, uma: ou Pinto da Costa concordou com o facto de o Porto não ter recorrido, o que no meu ponto de vista é um erro lamentável ou, se não concordou, tinha que se demitir, uma vez que era ele o presidente e não poderia transigir num assunto desta importância. Demitia-se e a seguir convocava eleições ouvindo a opinião dos sócios do seu clube.
 
Assim, Pinto da Costa, apesar de ser um Presidente dos mais bem sucedidos em termos de títulos na história do futebol mundial, apesar de ter construído um estádio novo, apesar de ter construído um centro de estágios, apesar de ter renovado o campo da Constituição, apesar de estar a terminar o pavilhão, cometeu um enorme erro.
 
Na minha opinião 6 pontos estragaram tudo e o Porto perdeu o respeito dos seus adversários porque não soube dar-se ao respeito.
 
Eu prefiro sinceramente nada ganhar do que a desonra que se abateu sobre o FC Porto.
 
Contudo, eu não sou dos que acha que o Porto conquistou todas as vitórias que enumerei por ser um clube corrupto ou porque comprou tudo e todos.
 
Eu não alinho na conversa do sistema que me parece, sobretudo, uma desculpa para quem não consegue ganhar em campo.
 
Estou convicto que o Porto ganhou o que ganhou porque ao longo destes anos foi melhor que o Benfica e porque tinha melhores equipas e melhores treinadores que os seus adversários.
 
O Porto chegou inclusivamente a ser Campeão Europeu com uma equipa que poderia ser a do Benfica. O treinador era o do Benfica (Mourinho), os jogadores principais (Deco e Maniche) eram do Benfica, e depois o próprio Mourinho foi buscar Derlei e Nuno Valente ao Leiria e Paulo Ferreira ao Setúbal por meia dúzia de tostões. O sonho que se viveu no Porto podia, perfeitamente, ter sido vivido pelo Benfica.
 
 
Todos bem sabemos que Pinto da Costa definiu, há muito, o Benfica como alvo a abater. E nesse aspecto, há que admitir que o Benfica tem dado uma grande ajuda, com constantes tiros nos pés. Não foi com certeza Pinto da Costa que elegeu presidentes como Manuel Damásio ou Vale e Azevedo. Não foi Pinto da Costa que contratou, ao longo de anos, centenas de jogadores medíocres e treinadores sem qualidade, deixando fugir os principais talentos para os adversários directos.
 
O Benfica queixa-se muito do sistema, mas devia queixar-se sobretudo do seu sistema de gestão desportiva que tem sido miserável ao longo de todos estes anos.
 
No que diz respeito às arbitragens, que fique claro que eu não gosto dos árbitros portugueses e acho que eles são, na sua maioria, medíocres. Mas isso é consensual.
 
De facto, basta perguntar aos adeptos do Porto ou do Sporting se gostam dos árbitros que temos. Perguntem-lhes se não acham que os seus clubes são prejudicados pelos árbitros. Eles acham genuinamente que sim, como acham os adeptos dos clubes mais pequenos. No fundo acham todos. É que os árbitros, na sua generalidade, são francamente maus.
 
No entanto, não acho que sejam os árbitros a génese dos problemas do Benfica e a prova está aí à vista de todos.
 
Como já disse atrás, Rui Costa assumiu a pasta do futebol e o Benfica construiu logo uma melhor equipa que os seus adversários, tendo melhor plantel e melhor treinador que os demais, e os resultados apareceram de imediato. O Benfica tem já 4 pontos (no mínimo) de vantagem sobre o Porto e 5 sobre o Sporting.
 
Esse é o caminho. O caminho do conhecimento, do saber estar e da competência.
 
É por isso, e por muito mais motivos, que eu gosto tanto do Rui Costa!
 
Bruno Carvalho
 
PS 1: A confirmar muito do que eu disse, o FC Porto qualificou-se para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões pelo 3º ano consecutivo, mesmo com a pior equipa dos últimos anos. Registe-se que, desde que existe Liga dos Campeões, é a 9ª vez que o Porto passa a fase de grupos, sendo que o Benfica apenas conseguiu tal feito uma única vez, com Ronald Koeman, na época 2005/2006.
 
PS 2: Questionado pela RTP sobre quem seria o melhor jogador da Liga Portuguesa, Pablo Aimar (outra vez lesionado!) respondeu que era Lucho González, jogador do FC Porto. Será que não chega de dar tiros nos pés? Não haverá ninguém no Benfica atento a estas coisas? Alguma vez alguém do Porto disse que o melhor jogador da Liga era o Simão Sabrosa? Não podia Pablo Aimar ter dito que era o David Suazo, o Reyes ou o Luisão? Ou até não poderia ter dito, com um sorriso, que era ele próprio? Tinha que dizer que era um jogador do Porto? Agora imaginem lá quem se ficou a rir…
25
Nov08

A Taça UEFA de volta

Miguel Álvares Ribeiro

 

 
 
Passado meio ano sobre a chegada de Quique Flores ao Benfica, a opinião sobre o seu trabalho e a sua forma de estar no desporto não podia ser melhor. Do ponto de vista dos adeptos benfiquistas, uma das coisas que Quique trouxe, que melhora definitivamente a nossa qualidade de vida, foi a tranquilidade acrescida com que podemos, hoje em dia, assistir aos jogos do Glorioso. De facto, habituados que estávamos a sobressaltos constantes, a solidez que a defesa do Benfica tem apresentado permite um descanso extraordinário aos adeptos que, como eu, já começavam a desenvolver problemas cardíacos.
 
Isto foi bem patente no Domingo, contra a Académica, onde os atacantes contrários poucas oportunidades tiveram de provocar perigo perto da nossa baliza. A defesa mostrou-se sólida - que gosto ver de novo a jogar David Luiz - e contou com a colaboração preciosa de Yebda e Binya (pouco criativos mas muito constantes no apoio defensivo). Reyes esteve em grande nível, desequilibrando em grande parte dos lances em que se envolveu, bem acompanhado por Nuno Gomes, que se mostrou mais uma vez essencial para abrir a defesa contrária e criar o primeiro golo. Fundamental também, nesse lance, a perspicaz desmarcação na diagonal feita por Rúben Amorim, que abriu o espaço para o passe decisivo, e a conclusão sem falhas. Rúben Amorim é um jogador de que tenho boa opinião, já que tem uma excelente leitura de jogo e uma acentuada preocupação táctica, mas ainda alterna com períodos onde está muito apagado. Concordo com o Júlio Machado Vaz que é um descanso contar com Cardozo, quando é necessário marcar penalties, mas, tirando isso, passou mais uma vez ao lado do jogo. Assim que entrou Suazo o ataque ganhou outra objectividade e vivacidade.
 
A equipa do Benfica vem crescendo de jogo para jogo, como Quique prometeu, faltando apenas aos jogadores do Benfica ganharem a confiança e maturidade suficientes para controlarem mais a bola e o jogo, sobretudo em momentos importantes.
 
Estes apectos – a solidez defensiva e a auto-confiança – serão fundamentais no jogo de grande importância que se segue, na Grécia, com o Olympiakos. Ao contrário do que eu previa, este jogo tornou-se fundamental para a qualificação para a fase seguinte da Taça UEFA, depois da derrota caseira com o Galatasaray. Vamos ver como os nossos jogadores vão lidar com esse acréscimo de pressão; esperemos que sejam capazes de nos dar mais uma alegria sem grandes sobressaltos.
 
Na breve pesquisa que fiz na Internet sobre o nosso adversário vi que a lotação do Estádio Karaiskakis é de 33 334 lugares; não concordam que há ali claramente um lugar a mais? Proponho que na 5ª feira esse lugar seja para mim 
           
 
Um abraço
24
Nov08

Deixem jogar o Reyes

Pedro Fonseca

Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete. Chegado aqui parei de contar. Não porque os meus conhecimentos de Matemática não dão para mais, mas porque mais uma ou menos uma falta era já quantitativamente irrelevante.

 

Domingos Paciência tem um problema com o Benfica. Sejamos mais rigorosos: Domingos Paciência tem um problema com o FC Porto. Estes dois factos não são contraditórios. Criado no seio de uma cultura “desportiva” que elegeu o Benfica como “inimigo”, o actual treinador da Académica leva a coisa a peito.
O que não deixa de ser tragicamente irónico num homem que tinha tudo para ser um bom treinador e um agente civilizado do futebol português, que deles está bem carenciado. Mas Domingos sente que tem de ir para o banco sempre com a camisola do FC Porto vestida, esteja em Leiria ou em Coimbra.
Há uns anos atrás, ficou célebre a imagem do então treinador da União de Leiria, durante um jogo com o FC Porto, com os olhos no chão, evitando ver a realidade – a “sua” equipa derrotava o “seu” FC Porto. E isso era mais do que Domingos podia suportar.
Ontem, em Coimbra, não houve olhos no chão. Mas houve uma perseguição impiedosa e miserável dos jogadores da Académica a esse fora-de-série chamado José António Reyes. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis faltas. Uff…
O extremo espanhol deve ter sentido bem na pele que nos relvados portugueses a genialidade é atributo mal visto e a cortar pela raiz. Pelo que se exige aos árbitros portugueses que defendam a genialidade, a qualidade, o talento. É para ver jogadores como Reyes que os adeptos de todos os clubes pagam bilhete para ir ao estádio.
Apetece dizer: “Deixem jogar Reyes”. O que fez Domingos, ele que foi um bom jogador de futebol e devia ter tido uma acção pedagógica junto dos seus jogadores? Mal viu Bynia entrar mais acutilantemente sobre um jogador da Académica, sem nele tocar sequer, Domingos saltou como uma mola do banco para barafustar.
É certo que Bynia tem sido perseguido injustamente pelos árbitros, ele que é um jogador viril mas leal, e o Benfica tem de o defender publicamente. Mas o camaronês não é homem de olhar para o chão, em situações mais embaraçosas, pelo contrário, é homem de olhos nos olhos, e de carácter.
Depois dos olhos no chão de há anos atrás, Domingos brindou-nos ontem com mais uma imagem para a posteridade. Com a boca cheia de ar e o olhar incrédulo, o treinador da Académica revelava o que lhe ia na alma: “Bolas, mais uma vez estes tipos a fazerem-me a vida negra”. É que a última derrota da Académica foi há cerca de um ano, contra o Benfica, em Coimbra.
E pronto. Podia ter falado da lição táctica que Quique deu a Domingos. Podia ter escrito sobre a quarta vitória consecutiva. Podia ter feito a antevisão do jogo, quinta-feira, contra o Olimpiacos, na Grécia. Podia ter sublinhado um facto, um pormenor, mas tão, tão, tão importante: Reyes com a bola dominada junto da área da Académica não prossegue um lance de grande perigo para que seja assistido um jogador da Briosa.
Pois é, são estes pequenos pormenores que revelam o carácter das pessoas, não são Domingos?
23
Nov08

Uma noite calma, carago:).

Júlio Machado Vaz

Gostei do que vi, mesmo tendo achado a Académica inferior a outros anos. A equipa foi compacta,  pressionou alto e fez circular a bola. É claro que até ao primeiro golo a transposição não se deu de um modo fluido, aquele meio-campo não nasceu para pensar o jogo. Algo que Nuno Gomes faz e com uma elegância refinada, quase diria que por vezes atacamos em 4-4,5-1,5!

Ruben Amorim é de uma disciplina táctica irrepreensível e consegue desmarcações oportunas. Reyes bateu-se, e além do que joga "colecciona" faltas. A conversa de Pedro Proença com Bynia antes do jogo ia conseguindo o milagre de não surgir o amarelo da praxe:). É um jogador útil, quando se limita a impedir a progressão do adversário, recuperar a bola e passá-la sem angústias existenciais. Alguns degraus acima, o mesmo se aplica a Yebda.

Foi um prazer reencontrar David Luiz, Reyes fica mais liberto e a solidez defensiva é maior. Mas não me iludo - o rapaz vai acabar no centro da defesa ao lado de Sidnei, numa defesa subida a rapidez dá-lhe vantagem sobre Luisão. Maxi tem vindo a subir de rendimento e a cumprir muito bem, embora eu seja a favor da existência de uma alternativa de raiz (o miúdo de Vila do Conde seria uma óptima ideia...).  

Cardozo, como outros, carregava uma pipa de horas de voo nas costas, mas terá sempre a  vida difícil com Quique por não ser veloz. No entanto, Deus o abençoe pela calma que me invade quando está em campo para marcar penaltis:).

Suazo é um personagem! Às vezes olha em volta com uma atitude imperial, que me faz temer pelo balneário, e a descontracção bamboleante de quem passa pelo relvado por acaso, auscultadores bem escondidos e reggae a consolar-lhe os neurónios... E de repente o maroto arranca e os defesas parecem tão imóveis como os matraquilhos que não dispenso na noite de S.João:). Que golo monumental teria sido aquele chapéu...

Por último, e embora eu rosne sempre com algumas perdas de bola e charutadas, achei a equipa mais tranquila a defender a vantagem, o que é uma boa notícia para o meu coração e para o Quim, que teve uma santa noite.

Não vos escondo que gostaria muito de uma alegria na Quinta, mas o campeonato está em primeiro, segundo e terceiro lugares na minha lista de prioridades, mesmo não tendo exigido títulos. O regresso do Benfica que todos desejamos far-se-á de dentro para fora e pela consistência obtida Domingo após Domingo - quando as televisões deixam... - ou não se fará.

 

P.S. A propósito de televisões - porque tive eu a sensação que os dois comentadores da Sporttv empurraram um para o outro a apreciação do lance do penalti?

23
Nov08

Estamos mesmo de Regresso!

António de Souza-Cardoso

Hoje, com sinceridade, não estava para escrever.

Regressei ainda esta madrugada de uma viagem, tão bonita como desgastante, a Shangai e Macau e já tinha arrumado a minha ausência de escrita nessa airosa desculpa de andarilho ausente do seu País.

Mas, depois, sobreveio esse monstro chamado “jet lag” que nos injecta uma inusitada espertina de que comecei a padecer poucas horas depois de me ter deitado.

O segundo culpado de eu ter rasgado a justificação da falta à escrita do “Novo Benfica”, é o Paulo Ferreira que no seu último post dá o mote do “Regresso”.

Para além do meu regresso que obviamente só eu sinto e a mim interessa, estamos também de regresso ao futebol. E julgo que neste Blog que pretende reunir reflexão e paixão benfiquista começamos, à portuguesa, a disputar terrenos e aprofundar pequenas diferenças, em vez de nos sentirmos na mesma Casa, irmanados pelo mesmo ideal e pela mesma ambição.

 Por isso, insistindo que a cordialidade e a educação (para além da legitimidade de qualquer opinião diferente e de qualquer critica construtiva) devem ser apanágio de quem participa no Blog (em qualquer blog..), julgo que é tempo de voltarmos á reflexão e discussão positiva sobre o futebol e o Benfica.

O próprio futebol do Benfica está de regresso com um jogo muito difícil frente á Académica. Estou seguro da consciência que todos temos sobre a importância de manter a distância para os nossos mais directos adversários e não deixar fugir essa extraordinária surpresa que é o Leixões. Como estou seguro que o Benfica tem equipa (tem equipas…) capaz de ultrapassar a Académica, num campo sempre muito difícil, de um adversário sempre muito combativo e valoroso. Estou, finalmente, seguro que se não houver outras surpresas (infelizmente esta época têm aparecido com inusitada assiduidade) o Benfica vai ganhar e o Luisão vai também ele, regressar aos golos, como tem sido habitual contra a Académica.

Porque estive ausente não acompanhei com profundidade a questão dos “No Names”. Toda a gente de bom senso defende a existência das claques no sentimento de festa e de “aficcion” que transmitem em cada jogo. Nenhuma pessoa de bom senso defende que estas organizações sirvam para a prática de actos criminosos.

 O Clube tem defendido bem essa destrinça (entre a árvore e a floresta) e deve continuar a fazê-lo com rigor e sem complacência, até porque é a imagem e bom nome do clube que estão em jogo. Mas a primeira vigia, o primeiro filtro e sinal de diferenciação, deve vir das próprias claques que não devem permitir que a sua organização sirva para albergar criminosos ou encapotar ilícitos que vão contra a sua natureza e desprestigiam a sua acção.

Ainda a propósito de regresso e das paragens (magnificas) de onde regresso, deixem-me partilhar convosco o desespero que é fazermo-nos entender na China. Estou convencido que os rapazes só não dominam hoje o mundo porque a morfologia da língua deles não lhes permite falar ou entender a nossa (ou qualquer outra) língua.

De forma que sempre que queríamos alguma coisa ficávamos nós num frenético e inútil esbracejar e eles com cara de assustada incompreensão. Para desanuviar a coisa (e tentar de novo) usei sempre uma táctica infalível: Mandava parar a conversa e dizia alto com o punho a bater no coração: Benfica! Benfica”!!  O “fácies” dos chineses mudava logo e a boca e os olhos rasgavam-se num sorriso único de reconciliação e simpatia. Depois de (eles e nós) dizermos muitas vezes: Benfica!, Benfica!, estavam criadas as condições para regressarmos ao entendimento.

Foi com a mesma intenção que escrevi este post: para uma modesta convocação dos benfiquistas para o regresso ao entendimento, ao futebol, ao sentido da Festa e ao inebriante sabor das vitórias.

O Regresso do Benfica. Do Mesmo que foi e do Novo que será, sempre Campeão!

 

António de Souza-Cardoso

 

21
Nov08

De Regresso

Paulo Ferreira

Compromissos profissionais e uma respectiva ausência do local habitual de residência e trabalho provocaram um forçado interregno deste espaço e inclusive obrigou à minha falta de comparência ao célebre jantar. Foi com muita pena que estive arredado deste espaço durante cerca de 2 semanas, mas é também com o maior gosto que estou de volta!

Gostaria apenas desta vez de deixar alguns comentários soltos ao que fui assistindo e à actualidade…

1)      Fazem-me muita confusão discussões sobre o meu ou o teu blog. É como se houvesse o meu e o teu Benfica! Por mim e sei que falo por todos os que escrevem no Novo Benfica todos os que entram neste espaço (concorde ou não com as suas opiniões) são bem-vindos desde que respeitem os outros e sejam cordiais. Espero que nos outros espaço se passe o mesmo. Benfica é um único e é de todos os benfiquistas…e as divisões apenas ajudam os adversários!

2)      Apraz-me registar que este ano o Benfica caminha “tranquilo”. Não existem confusões internas e até os meios de comunicação social começam a ter dificuldades em fazer 1ª páginas polémicas todos os dias. Este é meio caminho andado para ganhar e Quique, LFV e Rui Costa estão de parabéns pela tranquilidade e resguardo que estão a conseguir impor.

3)      Quando à operação nos NN…parece-me claramente um fenómeno extra-futebol e até extra claque. São criminosos infiltrados dentro de organizações que lhes facilitam as movimentações e as encobrem. Não confundo a claque em si com alguns dos seus elementos e penso que em “teoria” as claques dão alegria e cor ao futebol. O problema é que de algum tempo para cá, esta vertente violenta e criminosa das claques protagonizada e incitada por alguns dos seus elementos mais proeminentes confunde-se com a própria essencial das claques e neste caso apenas resta “tirar-lhes” o tapete. Mais uma vez LFV sai bem na fotografia por não apoiar institucionalmente uma organização que no seu seio está vinculada com actividades criminosas.

4)      A Selecção está pelas ruas da amargura. Ontem ouvi alguém comentar que Queirós ainda não teve tempo para trabalhar… eu discordo, Queirós conseguiu em muito pouco tempo tirar qualquer qualidade que a equipa pudesse ter, conseguiu impor o desânimo colectivo e ainda fazer voltar os laivos de vedetismo, egoísmo e indisciplina. Madaíl já saiu mais cedo de um jogo, já pediu desculpas aos portugueses,…quanto mais aguentará ? E logo ele que tanto gosta de fugir das balas!!! Seja como for, gostaria de estar optimista mas todos os indicadores antevêem tempos negros.

5)      Por último, o jogo desta semana com a Académica. É um jogo complicado em que o Benfica defronta o treinador mais anti-benfiquista do campeonato (rivalizando de perto com Jesualdo…), num campo complicado mas onde existem todas as condições para sairmos com os 3 pontos. Temos melhor equipa, melhor treinador e começamos a ter uma solidez que nos permite sair com resultados positivos mesmo quando não jogamos bem.

Saudações Benfiquistas,

Paulo Ferreira

20
Nov08

TERTÚLIA BENFIQUISTA

Bruno Carvalho

 

Não posso deixar de notar a forma elegante e simpática como a Tertúlia Benfiquista reagiu ao meu post.
 
Fico muito satisfeito por isso, uma vez que somos todos Benfica.
 
Fica feito o devido registo.
 
Viva o Benfica e um abraço a todos os elementos da Tertúlia.
 
Bruno Carvalho

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