Meu caro Bruno:).
Li com toda a atenção o post do Bruno. Embora partilhe algumas das suas preocupações, receio que deslize para generalização abusiva. Longe de mim pensar que a razão do declínio - é preciso não ter medo das palavras... - desportivo do Benfica se baseia no famigerado "sistema". Foram cometidos erros crassos e viveu-se à sombra de glórias passadas e número de simpatizantes. Em determinados momentos, a Instituição esteve mesmo em perigo, devido, por exemplo, à actuação de quem hoje se intitula refugiado político em Londres! Eu próprio já expressei a minha profunda convicção que a absoluta prioridade é a construção de um projecto sólido, nem sequer exijo títulos a curto prazo. Nesse contexto, arrepia-me a hipótese de conflitos por causa de adjuntos; franzo o sobrolho perante o atraso das contratações; suspiro em face do sorteio do campeonato - afinal somos - como de costume... - o clube que mais modificações sofreu aos níveis de orientação e plantel, o início "pesado" de campeonato pode, se der para o torto, arrastar consigo mais uma crise... em fins de Setembro! Acrescento que partilho a opinião de Quique Flores, se houve época em que não merecemos a Champions foi esta. E direi mais! - se houve alguma em que seria cruel para os jogadores do FCP não a jogarem foi também esta, tal a superioridade exibida. Mas se for decidido punir o clube isso deve acontecer, trata-se de uma infeliz coincidência para profissionais que suaram a camisola. Agora entendamo-nos: porque deveriam estes - e outros... - reconhecimentos ser incompatíveis com o desejo de "desinfectar", ao menos um bocadinho, o sombrio edifício do futebol português, que medra perante a complacência do poder político? Admito a discussão sobre a legalidade das escutas, deixarei as decisões a quem de direito. Mas podemos ignorar o conteúdo? Sejamos claros - houve assim tanta gente a ficar abismada com ele? De acordo, Carolina Salgado não transmite a imagem de uma testemunha-modelo, mas é assim tão perverso duvidar que JP, sendo Joaquim Pinheiro ou Jacinto Paixão, não seja capaz de comprar a fruta que se come lá em casa ao pequeno-almoço e precise de "ajuda clubística"? E as prostitutas? E as visitas de árbitros? E as frases do género "não se esqueça dos amigos"? E o comportamento do presidente do CJ? Como não haveria de me refugiar no humor perante a seguinte pérola que debitou sobre um dos conselheiros "revoltosos": "Disse-me - senhor doutor, não há aqui nada de natureza pessoal, mas... e só ele poderá explicar esse "mas"...". E todos nós perguntamos: seremos néscios ao pensar que o homem, incomodado com o que se passava, desejou assegurar que divergia na opinião quanto à condução dos trabalhos, mas tal facto não traduzia conflito pessoal? Ou a dúvida insinuante do Presidente do CJ justifica-se e teremos de pôr hipótese mais sinistra? Talvez chantagem! O Director de Comunicação do Benfica a telefonar-lhe na noite anterior: "Meu caro, pedimos ao Fernando Pereira que imitasse a sua voz e gravámos um telefonema que o envolve em tráfico de armas e droga. Pense nisso antes da votação de amanhã". Não Bruno, a lucidez quanto aos nossos inúmeros "pecados" nas últimas décadas não colide com a exigência de uma vassourada (na qual, de resto, só acreditarei quando e se a vir, aos mais diversos níveis assistimos a uma luta feroz pela sobrevivência, nalguns casos para lá da esfera puramente desportiva). E escreva sem "disponibilidade antecipada para o martírio", homem! Da mesma forma que exigi a moderação dos comentários, asseguro-lhe que no dia em que o blog se tornar uma espécie de religião que não tolera o desacordo, sairei. De imediato e sem alarde. O Benfica está no meu coração e isso não depende do que digo ou escrevo, aqui ou ali.