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Novo Benfica

Novo Benfica

05
Jun08

No princípio era o verbo

Pedro Fonseca

Quando, em 28 de Fevereiro de 1904, Cosme Damião fundou, com outros “compagnons de route”, aquela que é a maior instituição portuguesa e uma das principais marcas mundiais  – o Sport Lisboa e Benfica – imprimiu-lhe um quadro de valores comportamentais que ainda hoje marcam a diferença.

Esta declaração de princípios, onde se inscrevia a honradez, o “fair play”, o amor à camisola, a idoneidade, transformou-se numa marca genética que a “vox populi” sintetizou numa frase histórica e datada: “Ser benfiquista é ser bom chefe de família”.

Visionário, Cosme Damião percebeu que aqueles valores e princípios podiam ser moldados e ajustados às circunstâncias, perdendo assim a sua pureza e a sua essência iniciais. A natureza humana é o que é, e o Benfica dirigido por homens com virtudes e fraquezas corria o risco de tergiversar na defesa da sua “Constituição não-escrita”.

Para obstar a que a ideia fundacional fosse adulterada pelas vicissitudes da história, no símbolo do clube, eterno e imutável, foi lapidada a frase: “E Pluribus Unum”. A utilização de uma língua morta não lhe retira a força e a modernidade.

O Benfica foi, é e será o que sempre quis Cosme Damião, “Todos por Um”. Neste “Dia 1” do blogue Novo Benfica, o regresso ao passado não é sinónimo de saudosismo, nem de nostagia serôdia, mas é um precioso insuflar de mística e de glória reflectida em troféus e em orgulho.

Se nos dias que passam estas palavras soam a algo de antiquado é porque o reino vai mal. Valha-nos Scolari, o chefe de um pelotão que queremos ver em Viena, na final do Euro. À falta de melhor exemplo de motivação, Felipão disse há dias em Viseu, após a chegada de Cristiano Ronaldo: “Um não carrega vinte, mas vinte carregam um”. Perceberam? E Pluribus Unum. Inspirado em Cosme Damião, o seleccionador bem pode visionar a glória futura.  

 

Post-Scriptum: Este texto foi escrito antes de se saber a decisão da UEFA sobre o “caso” FC Porto. Com a retirada portista da lista dos clubes inscritos na “Champions”, as reacções não se fizeram esperar. O Benfica optou, e bem, pelo silêncio. O mesmo não se pode dizer de Gilberto Madaíl, cujo cargo obrigava a outro recato, mais a mais estando Portugal a disputar o Euro 2008. As críticas do líder federativo à UEFA, para além de insensatas, podem vir a penalizar a prestação nacional em terras da Suiça. Madaíl devia saber dar-se ao respeito e, por isso, no que ao Benfica diz respeito, o senhor deve ser considerado “persona non grata”. Capice, Gilberto?

 

Pedro Fonseca

05
Jun08

Seduzida e driblada

Júlio Machado Vaz

Durante o namoro – curto… - manteve-se clandestino. Os fins-de-semana pertenciam-me por inteiro, dos cinemas do Arrábida às Pousadas de Portugal exibia sorriso doce e disponibilidade total, o “decide tu, princesa” resumia o nosso viver. Não sou de falar acerca da minha intimidade, mas digo que as noites começavam cedo, acabavam tarde e repousavam mais o espírito do que o corpo… Rendi-me à evidência – o príncipe encantado existia, encontrara-o num Sábado como tantos outros numa discoteca de música latino-americana, quando se inclinara à minha frente e pedira a honra de uma salsa. E como dançava bem, o maroto! Mas eu já vivera o suficiente para saber que o desejo nem sempre resiste à palavra, pedi ao Acaso – não gosto de meter Deus nestas alhadas… - que me poupasse a homem casado clandestino, engatatão profissional ou bronco irrecuperável. Dançou calado e fiquei-lhe grata, para mim a música é para  saborear em pleno, sem conversa de circunstância. Devolveu-me à mesa ainda em silêncio e assim imaginei que partisse. Até lhe ouvir o sussurro, “sento-me?”. Senti um arrepio premonitório, acenei que sim. Foi o tiro de partida…
Eis-nos aqui chegados: marido e mulher, apartamento espaçoso na periferia, dois bons empregos, famílias que parecem compatíveis, o humor não desapareceu, o sexo como nunca o imaginara também não. Acontece que vivemos a três! (Não, não casei de penalti…). Do nada surgiu concorrência inesperada e fortíssima, um clube de futebol, mais propriamente o Benfica. Devo dizer que a minha primeira reacção foi de simples e incauta surpresa, é um tripeiro religioso, de onde lhe vinha o amor pelos apaniguados da águia Vitória? De uma espécie de epifania. Em criança tropeçara com Eusébio num restaurante e o Rei – ele trata-o assim, à revelia do senhor D.Duarte! – fez-lhe uma festa no cabelo e perguntou se era do Benfica, a resposta pareceu-lhe evidente, a ele, que hesitava entre o Salgueiral e o Boavista para contrariar o irmão, portista dos quatro costados. Como eu, de resto, por bairrismo e não grande entusiasmo pelo jogo, vinte e dois homens a correrem atrás de uma bola e mais uns milhares a insultarem a mãe do homem de negro não têm o condão de me encantar.
Mas o amor é feito de desacordos negociados e ultrapassados, afinal eu também embirrava com a sua paixão por carros em miniatura aos quais era proibido limpar o pó e ele sofria com a minha intransigência em manter jantares só de mulheres na última sexta de cada mês, não seria o futebol a assassinar a paixão. Pensava eu…
Casámos no início do Verão, partimos em lua-de-mel para o Cantábrico e espreguiçava-me eu, acariciando a hipótese de lhe desafiar o desejo ainda uma vez, quando o ouvi murmurar, íntimo, para o computador no colo – “O Santos é bom homem, mas devíamos tê-lo empandeirado”. Fiquei satisfeita, confesso. Porque me agradava saber o meu homem um chefe de empresa de coração sensível, por mim estava de acordo com a decisão, o tal Santos merecia uma nova oportunidade, a competência adquire-se, a boa índole não. Dirigi-me ao quarto de banho e foi impossível não ver o que o computador expunha e me colheu de surpresa – ele não pensava em voz alta apoiado no mail de um colaborador e sim na primeira página de A Bola! Abriam-se as portas do Inferno?.
O Benfica marcava passo e chegou Camacho, o entusiasmo lá em casa foi de curta duração, aparentemente o homem tinha mudado. Como os nossos fins-de-semana, obedientes aos horários dos jogos da equipa. Era preciso jantar primeiro ou depois, manter um silêncio religioso durante o jogo e no entanto estar pronta para apoiar – o desacordo estava fora de causa… - as exclamações de desagrado, quando não o belo vernáculo portuense, na minha opinião desperdiçado com lisboetas. Mesmo se as coisas corriam bem, as “papoilas saltitantes” davam-nos o braço, ele levantava os seus como se tivesse ganho sozinho e abria um sorriso acompanhado de ordem castelhana: “Cariño, hay que salír a comer!”. Aconteceu pouco. E Camacho perdeu a paciência antes de mim e pôs-se a andar. Avançou o  querido Chalanix, mas a depressão futebolística instalara-se, enfiado no sofá rosnava que para jogarem assim também ele os treinava, elaborou uma complicada teoria da cabala que envolvia mau ambiente no balneário, a situação incómoda de Rui Costa – tem um ar fino, o rapaz! – e falta generalizada de pernas. Um calvário que desaguou num raio de esperança quando o campeonato chegou ao fim.
Santa ingenuidade, a minha! Agora vive a semana toda, e não apenas o seu fim, dependente do que apelida de novela das contratações: “Este é caro”, “A custo zero? Quando a esmola é grande o pobre desconfia”, “Substituir o Ruizinho? Era bom, era!”. Para cúmulo descobri que os juniores, os juvenis e os iniciados também o interessam, ao Domingo de manhã sai desarvorado e volta sonhador – “Aquele puto, daqui a uns anos…”.
Apetece-me citar o Albarran: o horror, a tragédia… Que vou fazer de mim? De nós? Não me quero precipitar, mas a situação exige medidas cuidadosamente reflectidas. Por agora tenho apenas o diagnóstico do mal e o primeiro passo é admiti-lo com dignidade e coragem – casei com um lampião furioso!:(.

05
Jun08

Razões do Blog “Novo Benfica”

Bruno Carvalho

 

 

 

 

Somos do Benfica porque é o maior Clube do Mundo.

 

Nenhum outro Clube resistiria tanto tempo afastado da condição de campeão - com o magro e pouco claro interregno de há 3 anos, com a mesma mística, a mesma altivez, a mesma grandeza…

Educamos os nossos filhos com a justa orientação de extremosos Pais de Famílias e sentimos desconforto quando eles assistem impotentes à Festa dos Outros.

Somos benfiquistas e porque a nossa natureza é ganhadora e inconformista, recusamos lutar por qualquer coisa menos do que sermos os melhores. Do que estarmos á dimensão da nossa história, da nossa grandeza, da nossa diáspora …

O Benfica não é só, nem principalmente, dos que hoje, por efémera circunstância, o dirigem. O Benfica é de cada um dos benfiquistas de todos os lugares do mundo.

E é precisamente porque somos um clube popular e universal que escolhemos um Blog como instrumento universal e popular para nos juntarmos, para nos ouvirmos, para voltarmos a reunir a Família benfiquista.

Sem vergonha de evocarmos a memória do passado que nos fez grandes, que nos tornou maiores, mas com a vontade, a atitude a ambição de fazer com que o futuro nos aquiete a memória.

Por isso chamamos a este Blog “Novo Benfica”.

Porque queremos ajudar o Benfica a fazer de Novo. Mas também porque acreditando no futuro queremos sinceramente que o mais feliz dos benfiquistas possa ser sempre o mais Novo de nós.

Como tudo o que é Novo, também o nosso Blogue precisa dos seus primeiros “construtores” - os arautos da boa nova de um Benfica novamente glorioso.

Pensamos em gente diferente, de várias áreas, do Norte e do Sul do País.

Pensamos principalmente numa nova equipe, de onze aguerridos jogadores que entrarão em campo  para viver, de novo, a glória do Benfica.

Bruno Carvalho

 

PS: Queria aproveitar esta oportunidade para fazer publicamente os seguintes agradecimentos:
- ao António Souza-Cardoso por ter, comigo, tornado realidade este novo espaço dedicado a todos os que gostam do Benfica
- a todos os bloggers do Novo Benfica por terem aceite este desafio em nome de um único objectivo: ajudar o Benfica
- ao Sr. Presidente do SL Benfica, Sr. Luís Filipe Vieira, ao Sr. Dr. Manuel Vilarinho e ao Sr. Mário Dias cuja presença na apresentação do Novo Benfica muito nos honrou
- ao restaurante “o Barbas” e ao seu dono que nos recebeu com enorme simpatia e nos presenteou com um magnífico repasto
- ao Sapo por terem acreditado neste projecto
05
Jun08

NOVO BENFICA, OLÉ

António de Souza-Cardoso

 

 

 

 

Não tendo sido o verdadeiro instigador deste Blog, a verdade é que, desde o inicio, acolitei como pude o Bruno Carvalho na simpática gestação do “Novo Benfica”.

Hoje, no primeiro dia, desta Vida nova, olho para obra feita e tenho a mesma orgulhosa sensação que o Deus Criador (ou talvez o Espírito Santo, para deixar ao Bruno o que é do Bruno..) teve naquele festivo sétimo dia  - Julgo que “está tudo muito bem!”.

De facto parece-me que o “Novo Benfica” é, antes de tudo, uma Nova Casa do Benfica. Em tudo o que isso significa de ponto de encontro, de opinião, de convívio e de partilha. E apesar ser a última das Casas do Benfica tem duas características que me parecem de destacar:

Uma é que, tal como o Benfica que hoje somos, esta Casa é universal. Cumpre os mesmos objectivos (desportivos, lúdicos, afectivos) das restantes Casas do Benfica mas, diferentemente destas, está acessível a todos os Benfiquistas independentemente do sítio onde se encontrem.

A segunda é que, tal como o Benfica que queremos ser, esta é uma Casa do futuro e da modernidade que, ao invés de escolher tijolo e reboco, recorreu às mais avançadas tecnologias para que pudéssemos estar juntos e viver intensamente a nossa paixão benfiquista. Num gesto simbólico de que o que importa ao Benfica (que já é, gloriosamente, presente e passado) é, verdadeiramente, o Futuro.

Para além de uma Nova Casa, o “Novo Benfica” é também uma Nova Equipe. Constituída pelos mesmos 11 jogadores que ontem entraram em campo, no mítico Barbas (mais um abraço de sentido agradecimento), vestidos a rigor e hoje aqui estão, todos janotas, com mesma vontade de servir o Benfica.

Somos como já comprovaram e passando a absoluta imodéstia uma Equipe de luxo que está destinada a ganhar quase tudo, ou para ser mais preciso, tudo menos dinheiro. Para além desta evidente vantagem para o Clube, temos ainda a outra de não sermos transaccionáveis. Sem querer parecer muito mórbido digo, com total convicção, que a nossa cláusula de rescisão é a morte. Só nesse derradeiro estado nos pode separar do nosso Benfica.

Para além de “Muito Bons”, “de Borla” e “não Transaccionáveis”, temos ainda a vantagem de jogarmos todos os dias, com a mesma dedicação a que nos obriga a nossa paixão Benfiquista.

Claro que o sucesso desta Nova Casa e desta Nova Equipe, dependem também muito dos benfiquistas. Daqueles que quiserem animar o Blog, com visitas, comentários e sugestões, fazendo também do “Novo Benfica, um Benfica vencedor.

 

António de Souza-Cardoso

 

Nota 1. Não quero, em nome de todos, deixar de manifestar o nosso agradecimento ao SAPO, enaltecendo o empenho e paciência que tiveram para connosco e manifestando a nossa esperança de que passe (ele SAPO) rapidamente de verde para vermelho, nem que seja de emoção pelo sucesso do ” Novo Benfica”.

 Nota 2. O Presidente da Direcção do Benfica, honrou-nos ontem com a sua presença, conjuntamente com o Sr. Mário Dias e  Dr. Manuel Vilarinho. Tivemos uma conversa franca e julgo que construtiva para o novo caminho de sucesso e de futuro que queremos para o Benfica. Independentemente das eventuais diferenças ficamos conscientes do muito que nos une - esta transbordante paixão pelo Benfica e a vontade que todos temos de o servir melhor. 

 

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