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Jul08
Sem tempo para pedir tempo...
Pedro Fonseca
Sem dramatismos, mas também sem despreocupações exageradas. As duas derrotas consecutivas no Torneio Guadiana, frente a Blackburn Rovers e Sporting, podem não significar nada, e podem significar muito.
Quique Flores está a levar ao limite o seu perfil experimentalista, de técnico “científico” em detrimento do perfil mais intuitivo de Trapattoni, por exemplo. Salta aos olhos que jogadores como Luís Filipe ou Edcarlos não servem. Perder tempo com estes atletas é isso mesmo… perder tempo.
Tenho para mim que a lista de dispensas será o primeiro grande teste à capacidade de Quique Flores. Depois do que se viu no fim-de-semana, Edcarlos, Luís Filipe, Zoro, Sepsi, são cartas fora do baralho.
Sendo assim, há um défice defensivo - que se acentuará se Katsouranis sair - que é obrigatório resolver rapidamente. Sabe-se, e Quique sabe-o melhor que ninguém, que uma grande equipa começa a construir-se de trás para a frente. E mais do que isso: os automatismos na defesa são mais demorados e mais difíceis de se estabelecerem.
Quem é que temos, afinal? Nelson e Maxi (adaptado) para lateral-direito; Léo e Sepsi (?) ou Jorge Ribeiro (adaptado) para lateral-esquerdo; Luisão e Katsouranis (adaptado) para centrais, mais David Luiz (a recuperar de lesão prolongada). Mais Sidney, uma incógnita. Pouco, muito pouco. Faria bem o Benfica em atacar o mercado em busca de um central de real dimensão mundial, de preferência um europeu.
E claro, o guarda-redes. Não será por aí que os problemas se agravam, mas é preciso perceber que Quim não é propriamente um guarda-redes de dimensão europeia. Se queremos - e queremos - fazer uma equipa que dispute a Taça UEFA até ao fim e se abalance a grandes noites europeias (ai, que saudades, ai, ai!), então é preciso ir buscar um guarda-redes da envergadura de um Michel Preud´homme, por exemplo.
No meio-campo e na frente o difícil vai ser escolher quem dispensar. Contra o Sporting, foi notório que Quique quis experimentar Aimar, Carlos Martins e Nuno Assis, todos juntos. Não dá. Aimar tem de jogar mais atrás, no lugar de Martins. E este tem de “fazer” de Nuno Assis. Quanto ao ex-vimaranense, vamos ver o que decide Quique. As exibições de Assis têm agradado e o jogador tem feito pela vida.
O problema é que ainda existe Fellipe Bastos, Bynia, Yebda, Petit, Katso, Ruben Amorim.
E depois, o ataque. Óscar Cardozo é incontornável; Makukula esteve à experiência, mas ninguém ainda está convencido; Nuno Gomes deve sair que surgir uma boa proposta; e depois há o “caso” Mantorras. Com a vinda de Luís Garcia ou de Miccoli, a escolha pode ficar complicada. Sem nos queremos (que ideia!) substituir a Quique, aqui vai a nossa escolha: Cardozo, Luís Garcia ou Miccoli, Makukula e Mantorras.
No próximo fim de semana, no torneio de Guimarães, já não há tempo para mais experiências. O primeiro jogo a sério aproxima-se e não é pêra doce – em Vila do Conde, contra o Rio Ave. O pior que podia acontecer era Quique “imitar” Fernando Santos. Cruzes, credo!