23
Nov09
VIGILANTES
Pedro Fonseca
As palavras do Presidente do Benfica em Albergaria-a-Velha, no sábado passado, foram premonitórias: temos de estar vigilantes. Nem de propósito, 24 horas passadas, o alerta de Luís Filipe Vieira tinha todo o fundamento.
A arbitragem de Elmano Santos, curiosamente branqueada na maior parte dos jornais de hoje, foi ilustrativa daquilo que espera o Benfica no campeonato. Vamos apenas determo-nos em dois lances: o golo do Vitória de Guimarães e o penálti claro sobre Javi Garcia, já nos descontos.
É obrigatório pensarmos nisto num contexto, porque sem essa perspectiva alargada tudo é capaz de ser confundido com acaso, má sorte, tarde aziaga, noite desinspirada. Vejamos: um leve encosto de Cardozo a um defesa do Braga serviu ao árbitro para anular o golo de Luisão, que nos daria o empate; ontem, pelo contrário, à vista de todos, o marcador do golo do Guimarães empurrou Javi Garcia para longe, para melhor poder saltar e cabecear, e como se isto não bastasse, Flávio Meireles atropelou Fábio Coentrão, impedindo-o de se fazer á jogada.
O que fez o nosso Elmano? Assinalou o golo como legal, pois então…!!! Vigilantes, portanto. E vigilantes porque nos bastidores do nosso futebol muita coisa se tem passado. Comecemos pela engraçada decisão de Bruno Paixão de adiar o jogo Oliveirense – FC Porto. Coitado do Paixão, ele limitou-se a ratificar uma decisão tomada por outros – os responsáveis do FC Porto.
Estes passaram a semana toda a pressionar a decisão do nosso Bruno, que, como sabemos, é homem de decisões, como direi!?, invulgares… para não lhes chamar outra coisa. O relvado estava em más condições? Estava, como estavam a esmagadora maioria dos relvados onde ontem se disputaram jogos (eu, por acaso, até assisti a um “in loco” com o relvado em más condições que não foi adiado).
Mas, claro, como isso aproveitava ao FC Porto, o Bruno fez-lhes a vontade. E pronto, não se fala mais nisso. (Se calhar isto também fez parte da ementa de um jantar decorrido há alguns meses atrás e que começa a ser cobrado, e bem).
Depois, surpresa das surpresas!, o presidente do sporting botou faladura num congresso da APAF. Não, não é o congresso da associação dos profissionais de actividades financeiras. É o congresso da associação portuguesa dos árbitros de futebol. Confusos? Enagno? Não, é mesmo verdade.
O sporting da transparência e da ética, do luto pela arbitragem, dos discursos incendiários contra os árbitros, mandou o seu “líder” ao conclaves dos homens de negro. Onde, pasme-se!, o senhor Vítor Pereira sublinhou o seu “sportinguismo”. Se isto não é trágico é deveras cómico. Vigilantes, portanto!
Post-Scriptum: uma outra visão do fim de semana, sobre aquilo que verdadeiramente interessa aos benfiquistas, pode ser lida aqui n´ "O INFERNO DA LUZ".