26
Out09
VISIONÁRIO
Pedro Fonseca
Não há clubes perenes. Lembro-me sempre desse gigante dos anos 40 que chegou a jogar em Portugal, em digressões históricas, o clube argentino, San Lorenzo de Almagro, ou o grande Torino que, depois da tragédia de Superga nunca mais recuperou a liderança do futebol italiano.
Um e outro são hoje clubes em estado comatoso, ignorados no mundo inteiro. E onde pára o bi-campeão europeu Nottingham Forest? Longe, muito longe, dos holofotes da glória. Mesmo o estado do Ajax, tri-campeão europeu, nos fantásticos anos de Cruyff, é de um declínio evidente.
Os exemplos são muitos e variados. Muita gente pensa, em Portugal, que os clubes de futebol não morrem. Esta ideia foi construída ao longo de anos de impunidade dos clubes perante o Estado e a Justiça. As dívidas ao fisco e à segurança social eram atiradas para trás das costas, o que interessava era contratar o próximo avançado brasileiro.
A Justiça também não ousava tocar nos dirigentes desportivos. Os crimes contra a verdade desportiva eram ignorados ou até vistos com alguma ironia. A do costume. Nos últimos tempos alguma coisa se alterou para tudo continuar na mesma.
Vem isto a propósito de declarações de Miguel Bento, director de marketing do Benfica, ao jornal “A Bola”. Dizia ele que não tivesse Luís Filipe Vieira assumido a liderança do Benfica e o clube provavelmente já não existiria hoje.
Miguel Bento referia-se ao empenhamento, contra tudo e contra todos, de Vieira para a construção do novo Estádio da Luz. Sem o estádio, defende, o Benfica teria sido ostracizado e ficaria irremediavelmente para trás.
Estou de acordo com Miguel Bento, mas julgo que a acção de Luís Filipe Vieira se estendeu muito para além da construção do novo estádio, que foi, sem dúvida, a cereja em cima do bolo.
Quando hoje se formaliza a entrada de mais de 400 sócios em menos de uma semana e se ultrapassa a meta dos 200 mil sócios – isso tem por trás o trabalho de muita gente, mas deve-se, principalmente, à dinâmica introduzida pelo actual Presidente do Benfica;
Quando hoje as equipas das principais modalidades – hóquei, basquetebol, voleibol, futsal ou andebol – garantem vitórias sobre vitórias, isso deve-se à classe dos seus atletas e à competência dos seus técnicos, mas toda a reorganização que foi implementada e que evitou que muitas delas acabassem, foi impulsionada pelo actual Presidente do Benfica;
Quando os clubes a nível mundial se deixam cair nas mãos de multimilionários de ocaisão, Vieira sempre defendeu que o Benfica pertence aos sócios, não deixando, contudo, de fabricar visionárias operações financeiras e montar projectos estruturais (como a Benfica TV) que permitem pensar num clube a ombrear com os maiores do Mundo;
Quando hoje a “marca” Benfica tem o valor quantitativo e qualitativo de uma autêntica “golden share”, líder no mercado nacional e internacional, isso foi obra de gerações de benfiquistas, mas a sua recuperação do pântano em que tinha caído deve-se, fundamentalmente, à visão estratégica e de gestão do actual Presidente do Benfica.
Podia enumerar mais uma série de medidas estruturais tomadas nos últimos seis anos sob a liderança de Luís Filipe Vieira, mas tal serviria apenas para esmiuçar a dimensão de uma obra que recolocou o Benfica no seu lugar histórico – o Primeiro.
Um dia, aqui ou noutro espaço de opinião, vamos desmontar a mistificação de quem diz que Vieira errou na gestão desportiva, descontextualizando esta “verdade” sem reflectir sobre o estado do futebol português.
Talvez que só o tempo e o distanciamento nos permita perceber bem a dimensão da obra realizada (e a que ainda está por realizar, lá iremos em breve) por Luís Filipe Vieira no Benfica. Nas duras circunstâncias em que o fez.
Não há que ter medo das palavras e, por isso, temos para nós – e estou convencido para a esmagadora maioria dos benfiquistas – que Luís Filipe Vieira é o maior Presidente da História do Sport Lisboa e Benfica.
Post-Scriptum: Bettencourt criticou o "stars fund" do Benfica mas agora vem dizer que o sporting pode criar um. Bem dizia Luís Filipe Vieira que "pela boca morre o peixe".
