Após as eleições legislativas de ontem, está na moda falar-se de alianças, coligações, negociações e quejandos. No futebol português este é um léxico que dura há muito tempo. Aconselho José Sócrates e pedir uns conselhos a Pinto da Costa. O presidente do FC Porto sabe como ninguém dividir para reinar, fazer alianças espúrias e coligações anti-natura, tudo para manter inviolável o seu reduto.
Durante anos a fio, Pinto da Costa soube insinuar-se junto de um clube com sede em Lisboa para enfraquecer o outro. Foi assim, no Benfica, com Fernando Martins e Manuel Damásio. Foi assim, no Sporting, com Sousa Cintra e Soares Franco. É assim com José Eduardo Bettencourt.
Pinto da Costa sabe bem que no Benfica, há muitos anos, mudou a agulha. Luís Filipe Vieira é um líder forte, carismático e invulnerável a pressões ou acordos que ponham em causa a liderança, a independência e grandeza do Benfica.
Virou-se então o FC Porto para o Sporting, que tem escolhido sistematicamente líderes fracos, submissos, cordatos e acomodados. Soares Franco e José Eduardo Bettencourt são dois exemplos flagrantes desta idiossincrasia.
Como diz o povo com razão: “Pinto da Costa come-os de cebolada”. As imagens de Bettencourt ao lado do presidente do FC Porto são todo um compêndio de como não liderar um clube que se auto-intitula grande. Soares Franco cometeu o mesmo erro e, depois, veio falar de falta de militância.
No relvado os jogadores (e o treinador Paulo Bento) sentiram na pele essa falta de liderança do Sporting. Uma arbitragem tendenciosa (e uma nomeação provocatória) são o resultado dessa submissão do leão ao dragão. Paulo Bento percebe isso bem e, por isso, assume discursos que não devem ser os seus. O treinador do Sporting é literalmente atirado aos “leões”.
Mas o FC Porto tem sofisticado esta estratégia de alianças. Com o Sporting domesticado, é necessário travar de qualquer maneira um Benfica pujante, forte e dominador, dentro e fora das quatro linhas.
Ligações umbilicais a Sporting de Braga e a Olhanense fazem parte desta estratégia. Por isso, é vulgar (e vai continuar a ser vulgar) ouvir Domingos Paciência nem um ai dizer sobre o penálti não marcado contra o FC Porto e quase pedir desculpa por ganhar o jogo. Preparem-se, porque o mesmo vai fazer Jorge Costa.
Em sentido contrário, qualquer falta mal assinalada a meio-campo a favor do Benfica vai ser motivo para grandes alaridos e reacções patéticas. Não é assim, José Mota? Não é assim, Manuel Fernandes? Não é assim, Nelo Vingada.
Vamos ter de viver com esta hipocrisia no futebol português e fazer ouvidos de mercador. Para mudar estas mentalidades, este sistema, este estado de coisas, só há um caminho: Benfica Campeão.
Post-Scriptum 1: Não quero deixar os meus leitores impedidos de saberem a minha opinião sobre o jogo com o Leixões. Solicito, assim, que visitem "O Inferno da Luz".
Post-Scritum 2: Saúdo o regresso do Bruno Carvalho a este blogue. É sem dúvida uma mais-valia que não podemos dispensar. Por motivos que me dispenso enunciar, só agora pude ler o seu "post", por isso, a resposta à sua pergunta, que muito me envaidece, segue dentro de momentos.