AGORA SIM
Terminada a época da caça – isto é, o período de transferências -, é tempo de fazer um balanço sobre o plantel do Benfica e os desafios que se avizinham. Parece claro a toda a gente que a equipa tem um poder de fogo considerável, aumentado recentemente com a contratação de mais um médio ofensivo brasileiro: Felipe Menezes.
Para além disso, parece também claro que Jorge Jesus quis ter um papel relevante na formação do plantel e, mais do que isso, quis formatá-lo à sua imagem e semelhança. Há duas filosofias muito em voga no futebol mundial. Uma assenta na ideia de que os treinadores têm de trabalhar com os jogadores que os clubes colocam à sua disposição; outra baseia-se na ideia de que o plantel de um clube tem de ser escolhido pelo treinador (ou em conjugação com as ideias do presidente e/ou director desportivo.
No caso do Benfica, o passado demonstra-nos que os plantéis foram formados muito à volta das ideias e dos contactos dos treinadores (lembram-se, certamente, do consulado de Graeme Souness e do contentor de jogadores britânicos que ele contratou).
Este ano, é visível um papel muito activo do presidente e do treinador na formação do plantel. Rui Costa terá tido uma interferência menor, tendo a sua acção sido muito positiva e mais notória na colocação dos jogadores dispensados.
A dispensa de Patric, contratado ainda sem Jesus ao comando, e as contratações de Weldon, Júlio César, César Peixoto e mesmo Felipe Menezes, demonstram que existe uma linha directa entre o gabinete de Jorge Jesus e o gabinete presidencial de Luís Filipe Vieira.
Olhando para o plantel, salta à vista que o Benfica, ao contrário do passado, tem hoje soluções para todos os lugares, mesmo duas soluções ao mesmo nível para cada posição. Tal reside, também, no facto de ter existido uma preocupação em escolher criteriosamente jogadores que joguem em várias posições, casos de César Peixoto, Felipe Menezes, Saviola ou mesmo Weldon, que tanto pode jogar na frente de ataque como nas alas.
Junte-se a isto um outro factor que revela todo o papel determinante de Jesus na formação do plantel: a escolha de jogadores que o treinador bem conhece e que conhecem o futebol português.
Tal indicia que Jorge Jesus sabe que mais do que “nomes” são precisos atletas que revelem um profundo conhecimento do nosso futebol, aliado ao conhecimento que o próprio treinador dele tem.
Esta é, portanto, uma simbiose perfeita: Jesus quer jogadores que conhece e que conhecem o nosso campeonato – uma aposta e uma estratégia que nos parece a mais correcta e que devia ter sido implementada há muito tempo.
Essa vai ser, estou convencido, a fórmula que irá levar de novo o Benfica ao sucesso. Uma fórmula que aqui defendi num artigo intitulado “Back to Basics”, onde, premonitoriamente, escrevi que César Peixoto seria uma boa contratação.
Costuma dizer-se que mais vale tarde que nunca. O Benfica tem de retomar a hegemonia do futebol português. Para isso tem de apostar em quem conhece bem o nosso campeonato, repleto de alçapões e esquinas perigosas.
Jorge Jesus e os seus rapazes sabem bem qual é o caminho para encontrarem o baú do tesouro. Está lá, à nossa espera, o troféu de campeão.