O Pouco que Falta...
O jogo com o Guimarães despertou em mim o sentimento rigorosamente contrário ao que senti no jogo com o Marítimo.
No primeiro jogo que fizemos, tivemos excesso de futebol e deficit de fortuna. No segundo tivemos deficit de futebol e, porque não reconhecê-lo, alguma fortuna.
A única semelhança é que num e no outro não tivemos boas arbitragens. Mas isso, independentemente das conspirações e suas incontáveis teorias, é um mal formativo do futebol português com que temos que lidar.
A verdade é que fiquei mais descansado com o ponto que fizemos em casa com o Marítimo do que com os 3 que fizemos fora com o Guimarães.
Ao contrário da maior parte dos jogos da pré época, vi contra o Guimarães uma equipa nervosa, com baixa concentração e um fio de jogo demasiado intermitente.
Os jogadores mais decisivos como Aimar e Coentrão, não foram desta vez tão decisivos.
Oscár Cardozo não foi, desta vez, tão produtivo e deve ter percebido que para marcar penalties não basta rematar com força.
Os laterais não estão ainda resolvidos. Espero que o “sacrifício” de Ruben Amorim e as hesitações entre David Luiz/Schaffer possam acabar rapidamente para não criarmos, como no passado recente, fantasmas e inquietações no sector defensivo.
Não gostei de Keirrisson. Não principalmente pela forma apagada e fugidia como passou pelo jogo. Mas pela atitude sonolenta e pastosa com que abordou o jogo, longe de quem tem a ambição de ser campeão, ou pelo menos de ganhar um lugar na equipa.
No cômputo geral, ficou-me a sensação estranha e amarga de um “dejá vú”. Aquela que me tem perseguido nas últimas épocas:
Depois de 115 novas contratações deste elenco directivo temos bons jogadores. Disso julgo que ninguém tem dúvidas.
Mas quanto falta para termos um colectivo indiscutivelmente completo e ganhador?
Voltamos á cultura de exigência e de rigor que tem de ser imposta desde o balneário, aos mais pueris actos de gestão. Só ela pode fazer coincidir a qualidade dos jogadores com a da equipe.
Hoje temos um bom teste para repor os níveis de confiança de que necessitamos.
Espero que o pouco que falta venha depressa e a tempo de um Benfica verdadeiramente Campeão.
António de Souza-Cardoso