18
Ago09
MAIS DO MESMO!
José Esteves de Aguiar
Começou a Liga Sagres 2009/2010 e, lamentável mas não inesperadamente, já começou o regabofe de arbitragens influenciadoras dos resultados do Benfica e do FCP.
Com efeito, começando pelo jogo do Porto em Paços de Ferreira, Carlos Xistra resolveu proibir a equipa da casa de ganhar. Quando Carlitos se isolou, tendo inclusive ultrapassado Helton, o árbitro decidiu inventar um fora-de-jogo e anular aquele que poderia – e deveria - ter sido o lance decisivo da partida.
É claro que faria muito mais jeito ao Paços de Ferreira o acréscimo dos dois pontos, do que faria falta ao Porto a retirada de um, mas certo é que assim se vai amealhando… e a Liga é uma prova de regularidade.
Outra singularidade da arbitragem de Carlos Xistra tem a ver com a expulsão de Hulk. A violenta entrada deste, “em tesoura”, às pernas de um colega de profissão justificaria, por si só, o cartão vermelho directo. No entanto, o árbitro mostrou-lhe o segundo cartão amarelo e o vermelho por acumulação e, só agora, vem dizer que afinal mostrou o cartão vermelho directo, por palavras que lhe terão sido dirigidas por Hulk. Que grande xistrada!
Ainda a propósito de Hulk, é curioso que Jesualdo Ferreira e outros iluminados do FCP peçam aos árbitros para protegerem aquele jogador. Para mim a curiosidade desta situação assenta em dois pontos: primeiro, parece-me que também os adversários precisam de ser protegidos, perante um Hulk tão agressivo como aquele que temos visto ultimamente. Em segundo lugar, acho curioso que quem pede a protecção dos árbitros para o Hulk, seja precisamente o clube cujos jogadores já “mimosearam” grandes tecnicistas como João Vieira Pinto ou Simão Sabrosa com entradas violentíssimas, quando não agressões deliberadas!
Já agora, porque não pedir a mesma protecção para jogadores como Aimar, Saviola, Di Maria, Fábio Coentrão ou Carlos Martins, autênticos “sacos de pancada” devido à sua capacidade técnica para “esconder” a bola dos adversários? Ou mesmo para Óscar Cardozo, jogador que embora não sendo dado a primores técnicos, se farta de sofrer faltas que, muitas vezes, passam impunes só porque ele é maior do que os adversários que as cometem?
Passando ao jogo do Benfica com o Marítimo, parece-me que temos todas as razões para manter o optimismo que nos acompanhou na pré-época. Fizemos um grande jogo de futebol, embora me pareça que a equipa não entrou tão pressionante desde o primeiro minuto, como o havia feito nos jogos da pré-época. Não digo que demos meio jogo de avanço, porque acho que a atitude é bem diferente da evidenciada em grande parte dos jogos da época anterior, mas deveríamos ter massacrado desde o início e não apenas na segunda parte.
Houve, no entanto, três outras condicionantes que levaram a um resultado que, na perspectiva de quem quer ser campeão, temos necessariamente que considerar negativo.
A primeira condicionante foi a notória falta de sorte nalguns momentos – como por exemplo no livre atirado à barra por Aimar ou nos remates efectuados já dentro da pequena área do Marítimo e que esbarravam numa floresta de pernas - e também o relativo desacerto dos nossos avançados.
A segunda condicionante foi que, mais uma vez, um guarda-redes que joga contra o Benfica faz o jogo da vida dele. Já há uns anos, este mesmo guarda-redes – então ao serviço do Paços de Ferreira – fez uma exibição portentosa, insuficiente no entanto para evitar então uma derrota por 1-3.
Este Peçanha foi, ao mesmo tempo e no mesmo jogo, simultaneamente herói do Marítimo (por tudo que defendeu) e mestre do anti-jogo (por tantas lesões que simulou e que, se fossem reais, fariam com que ele estivesse hoje mais maltratado do que o Adriano…).
A permissão de tal anti-jogo, principalmente por parte de Peçanha, mas também de outros jogadores do Marítimo, foi apenas uma das vertentes negativas da actuação do árbitro Artur Soares Dias, a terceira das condicionantes que pretendo referir. As outras vertentes negativas evidenciadas pelo árbitro têm a ver com questões técnicas, as quais passo a enumerar:
a) no penalty assinalado por pretensa falta de David Luiz, parece-me claro que a bola vai à mão e não o contrário, até porque o jogador do Benfica se encontra meio de costas para a jogada e muito próximo do ponto de partida da bola;
b) ainda na primeira parte do jogo, numa jogada em que o mesmo David Luiz se encontra dentro da área do Marítimo e vai a receber a bola, de costas para a baliza, é nitidamente carregado por trás, sem que a devida grande penalidade fosse assinalada;
c) no único penalty assinalado contra o Marítimo, ocorreu um duplo erro da equipa de arbitragem, que deveria ter levado à repetição da grande penalidade – o guarda-redes avançou da linha de baliza ainda antes do pontapé de Cardozo e, mais grave, o Miguelito e o Fábio Coentrão estavam bem dentro da área quando o pontapé foi desferido. Imagens da Sport TV mostram claramente que era impossível o árbitro não se aperceber de tal facto, até porque se passa totalmente dentro do campo de visão deste;
d) pouco antes de terminar o jogo, já depois do golo do Benfica, um jogador do Marítimo que se encontrava dentro da sua grande-área cortou nitidamente com a mão uma jogada de Weldon. Se uma situação equivalente foi sancionada com penalty contra o Benfica, então deveria haver critérios uniformes e ser assinalada grande penalidade contra o Marítimo…
Enfim, não há dúvida que vamos ter mais do mesmo e que ao Benfica não bastará ser melhor do que o Porto, se quiser ser campeão. Vai ter que ser muito melhor, para compensar as “habilidades” - umas mais subtis, outras mais grosseiras como as de domingo passado – que alguns árbitros insistem em cometer!