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Ago09
BETTENCOURT AINDA VAI A TEMPO!
José Esteves de Aguiar
Pouco depois de ter assumido a presidência do Sporting, José Eduardo Bettencourt afirmou aos órgãos de comunicação social que os sportinguistas não deveriam preocupar-se com os reforços do Benfica, mas sim com o FCP.
Palavras carregadas da sobranceria que acha que lhe foi conferida pelo facto de o Sporting ter ficado, durante quatro anos seguidos, à frente do Benfica na classificação da principal Liga de futebol profissional.
Palavras que, ao mesmo tempo que visavam menosprezar o Benfica, demonstravam a continuação da vassalagem que o Sporting tem prestado ao FCP nos últimos anos. Talvez essa vassalagem tenha sido parte da razão para os segundos lugares que tem sido permitido ao Sporting alcançar…
Se o Sporting se atrevesse a fazer frente ao FCP - em tudo quanto de obscuro e sinistro tem sido feito para o colocar nos píncaros, seja à custa do que for e numa “lógica” em que parece tudo valer – seguramente iria pagar tal atrevimento com lugares menores na classificação geral.
A aliança, por vezes tácita, outras vezes expressa, que o Sporting tem feito com o FCP, assenta também no facto de que quem manda no Sporting são lisboetas. Eu explico: qualquer sportinguista que viva no Porto ainda que temporariamente e, por tal razão, tenha que conviver com os adeptos portistas, rapidamente percebe que o seu “inimigo” não é o Benfica.
José Eduardo Bettencourt é um sportinguista tipicamente lisboeta: odeia o Benfica sem perceber que tal ódio, tal como sucedeu com alguns dos seus antecessores, lhe tolda o discernimento, a ponto de ficar contente com as migalhas que Pinto da Costa lhe concede!
Em declarações presentes na comunicação social de hoje, José Eduardo Bettencourt adopta um discurso que me parece totalmente inapropriado para o Presidente de um crónico candidato ao título. Reconhece que errou ao não reforçar suficientemente a equipa, pede desculpa por não ter conseguido arranjar dinheiro para tal, assume que não cumpriu o seu trabalho, alegadamente por falta de tempo.
Será que ele não teve mais tempo do que o Benfica? É claro que sim, o que não teve foi capacidade negocial para tal, o que até me surpreende, tendo vindo de um grupo bancário dos mais fortes do Mundo. Sempre pensei que Bettencourt fosse um homem de grandes desafios e de coragem para arriscar, mas parece que me enganei.
A menoridade do seu discurso torna-se caricata quando, orgulhosamente, posa para uma fotografia de apresentação de vinte (!) novos sócios, dos quais oito nem à fotografia compareceram…
Mas acredito que Bettencourt ainda vai a tempo! A inflexão no seu discurso, passando a sobranceria ao mea culpa, indica que pode estar a reflectir na melhor estratégia a seguir. Espero, sinceramente, que perceba quão perniciosa para o futebol português tem sido a aliança do Sporting com o FCP e ajude a limpar a pouca-vergonha em que aquele tem sido convertido por Pinto da Costa e seus pares.
Ainda agora, a propósito da negociação entre Benfica e Braga para a transferência de César Peixoto, foi notória a influência de Pinto da Costa a tentar inviabilizar o negócio. O Presidente do Braga, mais um subserviente de Pinto da Costa e inimigo declarado do Benfica, não teve qualquer pejo em voltar atrás com a palavra dada.
Por último, uma curiosidade: Bettencourt reconheceu – e bem – que é bonito ver-se 62.000 pessoas num estádio para assistir a um jogo particular. Alguns portistas que conheço insurgiram-se ontem pelo facto de o jornal Record dar mais destaque à transferência de César Peixoto para o Benfica do que à vitória do FCP na Supertaça. Tive que recordar-lhes que é uma questão de importância relativa dos clubes: na final da Supertaça estiveram cerca de 15.000 espectadores (!).
Mais palavras para quê?