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Novo Benfica

Novo Benfica

12
Fev09

SÉTIMO CÉU

Bruno Carvalho

             

 

Sei muito bem que alguns aguardam este meu texto com saliva a escorrer-lhes pelos cantos da boca, tal a ansiedade em que estão para me poderem criticar, uma vez que acham que chegou uma boa altura para isso.
 
É curioso, porque esses que tanto me querem atacar julgam-se mais benfiquistas do que eu e, não é menos verdade, que eu me julgo muito mais benfiquista do que eles, pelo menos no sentido daquilo que eu defino o que é ser benfiquista.
 
Como não gosto de desiludir ninguém, vou escrever um texto de acordo com a minha forma de ver as coisas.
 
A minha principal conclusão é que o status quo do Benfica, isto é, os actuais dirigentes do Benfica e todos aqueles que com o seu apoio têm vindo a sustentar a actual situação do Benfica devem estar muito felizes, devem mesmo ter subido ao sétimo céu que é, como se sabe, o paraíso supremo.
 
É fácil de explicar o motivo que me leva a dizer isso: o Benfica colocou-se exactamente na posição em que tanto gosta de estar e que lhe retira toda a pressão.
 
O Benfica, apesar de não ter ganho no Dragão e consequentemente não ter atingido o primeiro lugar no campeonato, conseguiu aquilo a que tanto nos acostumou: conseguiu, uma vez mais, colocar-se na posição do coitadinho, do clube permanentemente roubado e espoliado pelos maus, pelos árbitros, pelo presidente da arbitragem, pelo sistema, por tudo e por todos.
 
Neste momento, o Benfica já não precisa de ganhar. O Benfica já tem a desculpa perfeita para o caso de não ganhar.
 
Na realidade, após este jogo, o Benfica já nem precisa de ser campeão. Já há culpados a quem se poderá apontar o dedo e, assim, todos dormirão mais tranquilos.
 
Perguntam-me logo todos: “então o penalti do Yebda, foi ou não falta?”
 
Não, não foi penalti. Digo isso com toda a clareza, mas também me parece que não o foi por mero acaso, pois o Yebda bem se esforçou por fazer a tal falta e não toca nos pés do Lisandro por milagre.
 
Mas, de facto, não foi penalti e eu detesto, como qualquer outro benfiquista, que o Benfica seja injustiçado por uma decisão errada de um árbitro.
 
Dito isto, não acho que o Benfica tenha empatado o jogo apenas por causa do árbitro, mas sim, sobretudo, pela sua falta de ambição demonstrada na segunda parte, uma vez que, estando a ganhar por 1-0, foi pouco o que fez no jogo para ampliar a vitória, limitando-se a tentar não sofrer o empate.
 
Bem sei que é tudo uma questão de expectativas, mas, na minha opinião, este Benfica podia e devia ter feito muito melhor.
 
As recentes declarações públicas dos dirigentes máximos do Benfica mostram uma grande satisfação com a atitude do Benfica no jogo contra o Porto. Apenas posso entender que estejam satisfeitos porque ou estavam à espera de pior ou, então, não são capazes de exigir mais. É tudo uma questão de ambição. Quem tem pouca ambição normalmente contenta-se com pouco.
 
Parece-me claro aquilo que venho dizendo há muito tempo: o Benfica tem um plantel claramente superior ao do Porto e quem tivesse alguma dúvida disso bastava olhar para os dois bancos de suplentes. O Benfica tinha sentados no banco Cardozo, Nuno Gomes, Di Maria, Carlos Martins, Binya, Jorge Ribeiro e Quim, enquanto o Porto tinha Mariano González, Farias, Pedro Emanuel, Stepanov, Guarin, Tomás Costa e Nuno Espírito Santo. A diferença parece clara.
 
Assim, quando se é melhor deve jogar-se para ganhar.
 
Ao Benfica, para vencer a partida, faltou-lhe o denominado “estofo de campeão”, faltou-lhe a crença nas suas próprias capacidades, faltou-lhe a mentalidade ganhadora.
 
No Benfica há muito que se preferiu instalar um discurso de desculpabilização e de empurrar as responsabilidades para outros.
 
Talvez a maioria dos adeptos do Benfica não goste, não perceba, ou não queira perceber, o que vou escrevendo neste blog, mas uma coisa posso assegurar: com outra mentalidade, com outro discurso, com outra atitude, provavelmente teríamos ganho, até com alguma facilidade, no Dragão.
 
É claro que é mais simples, mais cómodo e, sobretudo, traz muito mais popularidade responsabilizar os outros pelos nossos fracassos.
 
Neste aspecto, o Benfica está no perigoso caminho de hostilizar tudo e todos, queixando-se permanentemente dos árbitros, de todos, tratando-os como se todos fossem uns criminosos e corruptos.
 
Aqueles que acham que o Benfica é o principal prejudicado pelas arbitragens deveriam olhar para o caso do Sporting de Braga.
 
O Braga veio à Luz dar um banho de futebol ao Benfica e só não ganhou devido a vários erros do árbitro. Na semana seguinte podia e devia ter ganho ao Porto e isso só não sucedeu, novamente, devido a erros de arbitragem.
 
Se estes dois jogos tivessem acabado com a merecida vitória do Braga, o que teria sucedido não fosse a influência dos árbitros, neste momento o Braga teria mais 6 pontos, o Porto menos 3 e o Benfica também menos 3. Neste momento, o líder do campeonato seria precisamente o Braga com 35 pontos, o Porto teria 32 e o Benfica, Sporting e Leixões teriam 31.
 
Já agora, aproveito para perguntar aos meus consócios benfiquistas que se limitam a olhar para as arbitragens, como é que é possível que o Benfica deste ano consiga ter apenas mais um ponto que a desgraça da equipa do ano passado?
 
Como é possível que Suazo, Aimar, Reyes, Ruben Amorim, Katsouranis, Yebda, Carlos Martins, Luisão, Sidnei, David Luiz & Companhia tenham, ao final da 17ª jornada, apenas mais 3 pontos que o Leixões e terem mesmo sido eliminados da Taça de Portugal por esse mesmo Leixões?
 
Um Leixões que teve mesmo que vender a sua maior estrela, Wesley, que saiu no final de Dezembro por 350 mil euros! Parece, de facto, um valor irrisório para quem se habituou aos 300 mil euros por mês que recebe Suazo ou dos 220 mil euros mensais que recebe Reyes.
 
Os jogadores de Matosinhos chamam-se Beto, Braga, Chumbinho, Zé Manel ou China. Não são meninos ricos e mimados que passam a vida a chorar e a lamentarem-se dos árbitros.
 
Para concluir, reitero o meu ponto de vista: o problema principal do Benfica prende-se com a cultura do próprio clube. O Benfica afastou-se de uma cultura de exigência e conquista para uma cultura de vitimização e de desculpabilização.
 
O Benfica chegou a ter o Porto à sua mercê, mas faltou-lhe a ambição dos campeões para desferir o golpe final. O Benfica não ganhou porque lhe faltou mentalidade ganhadora e a prová-lo esteve a substituição de Suazo por Di Maria,
 
Agora temos o Benfica de que muitos gostam. Um Benfica coitadinho, um Benfica prejudicado, um Benfica vitimizado, um Benfica que não é campeão porque não o deixam.
 
Está aberta a caixa de Pandora de todas as desculpas para não sermos, uma vez mais, campeões.
 
Sei que muitos estão fartos do que eu digo. Mas saibam que eu também estou farto de todos aqueles que se resignam à condição de coitadinhos.
 
Saudações Benfiquistas,
 
Bruno Carvalho
 
 
PS: Ao contrário do que alguns, menos atentos, pensam, eu não estive silencioso. Eu, por regra interna do blog, escrevo à 5ª feira e respeito sempre o meu compromisso.
  

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