Mais uma vez o Benfica ganhou e deu espectáculo!
É claro que, nestas coisas do futebol profissional, na maior parte dos casos há que ser-se realista e pragmático. O mais importante é ganhar – jogos e pontos – e o espectáculo pode vir por acréscimo.
No Benfica da presente época e salvo raras excepções, o espectáculo de bem jogar à bola tem acompanhado os bons resultados.
Para quem gosta de ver bom futebol, dá prazer assistir à maioria dos jogos do Benfica. Já aqui o referi anteriormente, mas não é por acaso que até mesmo adeptos de clubes rivais se têm rendido a essa evidência, por muito que tal lhes custe.
O jogo de ontem, contra o Hertha de Berlim, foi mais um daqueles que regalam a vista. Voltou a ver-se um Benfica extremamente pressionante, sufocante mesmo, sem dar tempo ao adversário para tentar pensar o jogo. O Hertha era quem deveria tomar a iniciativa do jogo, mas viu-se reduzido a 37% de posse de bola e apenas uma oportunidade de golo digna desse nome.
Do meio campo para a frente, a circulação da bola por parte dos jogadores do Benfica revestiu momentos de brilhantismo, com particular destaque para Di Maria, o qual jogou e fez jogar, não se perdendo em egoísmos, mas trabalhando muitíssimo em prol da equipa.
Fábio Coentrão – outro jogador genial – combinou várias vezes de forma muito acertada com Di Maria, deixando-nos água na boca quanto à magia que os dois juntos ainda podem espalhar pelos relvados.
Pablo Aimar regressou em grande estilo e o golo que apontou foi magistral, na forma como soube trocar a bola, descobrir um espaço vazio para a receber em posição privilegiada, “esticar” a jogada até que o defesa que tentava marcá-lo ficasse por terra e desferir a estocada final com um remate cruzado, sem hipótese de defesa para o guarda-redes adversário.
Saviola, apesar de não ter marcado, voltou a ser fundamental na forma como se movimentou nas costas dos defesas contrários, baralhando as marcações e abrindo, de forma muito inteligente, espaços para que companheiros seus pudessem entrar e concretizar. Teve ainda um apontamento delicioso, naquele toque em habilidade que só não resultou em golo porque a barra da baliza não quis colaborar.
Pelo seu lado, Oscar Cardozo voltou a ser letal, sabendo colocar-se no local certo, no momento certo e revelando uma enorme frieza e objectividade em frente da baliza adversária.
Seria injusto da minha parte não referir aqui as prestações dos restantes elementos que integraram o plantel, uma vez que todos estiveram muito bem. Júlio César e Luisão estiveram atentos e seguros, apesar do pouco trabalho que tiveram, David Luiz continua a saber sair da defesa com a bola dominada de uma forma que faz lembrar o grande Beckenbauer e Maxi Pereira parece estar a subir nitidamente de forma, aproximando-se do nível a que nos habituou na época passada.
Javi Garcia continua enorme nas suas tarefas de “muro” consistente à frente da defesa, permitindo aos restantes elementos do meio-campo abordarem tarefas mais ofensivas, cientes de que alguém lhes “cobre as costas”. Que falta nos irá, previsivelmente, fazer, nos dois próximos jogos!
Ruben Amorim entrega-se ao jogo com a generosidade de um Benfiquista que, pela honra que sente em envergar a camisola do seu clube de eleição, jogava nem que fosse a guarda-redes.
No entanto, foi notória a quebra de intensidade do jogo ofensivo – e do tal espectáculo que arrasta multidões para os jogos onde actua o Benfica – quando Aimar, Di Maria e Saviola foram substituídos. Os alemães do Hertha devem ter suspirado de alívio, porque faltava ainda tempo suficiente para terminarem vergados a uma derrota bem mais pesada.
Aliás, é significativo referir que há 48 anos que o Benfica não goleava uma equipa alemã…
Curiosa estatística vinha hoje nalguma imprensa escrita – o Benfica alcançou a 150.ª vitória em competições europeias, tendo subido ao 10.º lugar das equipas do Velho Continente com mais vitórias, à frente, por exemplo, do Manchester United. Nestas 150 vitórias incluem-se 22 sobre equipas que já venceram a Taça do Campeões Europeus ou a Liga dos Campeões e 17 contra equipas que já venceram outras provas da UEFA.
Continuando a jogar como o faz nesta temporada, o Benfica corre o sério risco de subir mais alguns lugares neste ranking restrito, apenas ao alcance de alguns.
Agora, há que concentrar atenção e esforços já no próximo jogo, no sempre difícil terreno do Leixões.
Continuando a evidenciar a garra, unidade, virtuosismo e capacidade concretizadora de que já deu sobejas provas desde o início da pré-época, o Benfica tem tudo para prosseguir na senda vitoriosa que esperamos culmine com a conquista de mais um campeonato nacional.
Como bem diz Jorge Jesus, o Benfica é, de longe, a equipa que actualmente melhor futebol pratica em Portugal e, no final, justiça será feita ao nosso Glorioso.