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Novo Benfica

Novo Benfica

30
Abr09

Crise de Responsabilidade

António de Souza-Cardoso

Vivemos dias de angústia e de incerteza.

 

 

 

Os principais paradigmas onde assentavam as democracias económicas ocidentais, caíram com estrondo.

O sistema financeiro que se impunha como corolário do capitalismo económico, implodiu de forma tremenda.

Os grandes e respeitáveis senhores da alta finança europeia, a quem cabia a responsabilidade de garantir a idoneidade do sistema, transmutaram-se em vulgares criminosos, amigos do ilícito e do alheio.

O sistema político a quem cabia a responsabilidade de fiscalizar e regular a economia e seus agentes deixou, por efectiva falta de comparência, que os produtos tóxicos contaminassem todo o mercado, a partir das intocáveis off-shores.

O sistema judicial e judiciário, a quem cabia a responsabilidade de prevenir e punir a ilicitude, demitiu-se de actuar, entretido que estava nos grandes processos mediáticos onde a responsabilidade também andou sempre escondida.

A crise resulta assim da absoluta declinação de responsabilidade das classes dirigentes. E o pior de tudo é que quem vai sofrer com esta falta de responsabilidade, são precisamente aqueles que não têm qualquer responsabilidade na situação a que chegamos.

Porquê toda esta lengalenga (?), dirão os meus Amigos, ansiosos que a “bola comece a rolar”.

A verdade é que o Benfica vive também uma crise profunda de resultados. Uma crise que por mais que nos custe tem já duas décadas. Uma crise que vem do preciso tempo em que, não deixando de ser os maiores, deixamos claramente de ser os melhores.

E esta crise está umbilicalmente ligada a uma crise de responsabilidade directiva que o Benfica tem atravessado. Um crise de liderança, de dar a cara, de assumir o que há para assumir, em nome do Clube e da sua grandeza.

Os dirigentes do Benfica das últimas duas décadas (com honrosas excepções) não têm assumido essa responsabilidade e, pior do que isso, não têm estado à altura das suas responsabilidades.

Vem isto a propósito das últimas declarações do Presidente do Benfica sobre a sua saúde, depois de ter corrido galhardamente 5 Km.

Disse o Presidente do Benfica no fim do “passeio” que estava bem fisicamente e que “para o ano ainda estaria melhor”. Só não podia era assistir aos jogos…

Eu julgo que nenhum Benfiquista aspira a que o seu Presidente ganhe uma maratona. Mas todos gostaríamos que o Presidente do Benfica fosse um verdadeiro líder – e o provasse estando com a equipe nos principais momentos que são quando ela joga. Quando ganha ou quando perde, que é o destino último de um clube de futebol.

 

Mas o nosso Presidente não. Não está lá. Demite-se dessa responsabilidade.

E também não tem qualquer culpa do desempenho do Benfica no já longo período em que tem responsabilidades directivas. Porque, apesar de ser o líder, não marca golos, não treina pessoas, não contrata jogadores.

A única coisa que o Presidente do Benfica parece ser capaz é de correr e… naquela entranhada mania de tudo adiar, promete-nos que para o ano ainda correrá ainda mais e melhor.

O Presidente do Benfica não quer ser o Líder do Benfica. Não suporta essa responsabilidade. E é por isso que eu acho que não serve para liderar o Benfica.

 

António de Souza-Cardoso

PS1. Pelo terceiro jogo consecutivo, o Benfica jogou melhor. Com outro modelo de jogo, o que eu defendi desde o inicio.Com Ruben Amorim no meio, como defendi desde o inicio. Com Nuno Gomes e Óscar Cardozo (marcou 6 golos em 4 jogos) na frente, como eu defendi desde o inicio.

PS2 – Continuamos a ser vítimas da (falta) justiça desportiva. Veja-se Rui Costa (o outro) e o escandaloso penalti que inventou (será que o faria se fosse contra o FCPorto?). Veja-se o castigo iníquo ao nosso Rui Costa (porque não a Paulo Bento de quem todos vimos a mãozinha a girar ?!)

 

29
Abr09

O Campeonato português é mentiroso

Miguel Álvares Ribeiro

Por razões de ordem pessoal tenho hoje muito pouca disponibilidade para escrever o meu post semanal, pelo que esta crónica é muito breve e “roubei” a Joaquim Evangelista o título, embora as acusações de concorrência desleal entre clubes que ele faz provavelmente não vão tão fundo como as que eu sinto.

 

A Comissão Disciplinar da Liga anunciou ontem que Rui Costa foi castigado com um mês de suspensão e 1.250 euros de multa.

 

De acordo com a informação prestada pelos órgãos de informação, o castigo diz respeito ao encontro da última jornada, em que os encarnados receberam o Marítimo, e tem por base o artigo 107.1 do Regulamento Disciplinar, que pune os dirigentes por "lesão da honra e da reputação". Mais concretamente, na base da punição estão "expressões, desenhos, escritos ou gestos injuriosos, difamatórios ou grosseiros para com membros dos órgãos da Liga e da Federação".

 

Não posso dizer que não tenha acontecido nada, mas assisti à transmissão do jogo e não me apercebi de nada. Pelo contrário, os responsáveis de outras equipas podem fazer declarações inflamadas e apelos à violência que nada lhes acontece. Para falar apenas dos casos muito recentes, os insultos de Paulo Bento, que todos vimos e ouvimos em mais do que uma ocasião, através da televisão, não existem (uma vez que não são mencionados no relatório do árbitro) e, portanto, não merecem qualquer punição.

 

Este é, infelizmente, o retrato do nosso sistema de “Justiça”. Não importa que se faça Justiça (agora sim, sem precisar de aspas) mas que se cumpram uma série de regras escritas e que, inclusivamente, vão sendo adaptadas de acordo com as conveniências. Nem sequer os árbitros que omitem esses factos nos seus relatórios, numa clara atitude de violação dos seus deveres, sofrem qualquer punição (provavelmente o que acontece é mesmo juntarem mais uns pontos no currículo).

 

Realmente, tenho que concordar: O Campeonato português é mentiroso!

 

 

P.S. - Apesar de referência já feita pelo Pedro Fonseca, realço novamente o feito extraordinário da nossa equipa de Basquetebol, numa fase regular sem falhas em que venceu todos os jogos em que participou. À Benfica!

 

No domingo assisti do meu sofá a um bom jogo de hóquei em patins, apesar de o campo estar claramente inclinado. A reconstrução da nossa equipa está feita, nesta modalidade tão cara aos portugueses e com tão grandes tradições no Benfica. Podemos não ganhar este ano mas temos as bases lançadas para um futuro de sucesso.

 

28
Abr09

Ser Benfiquista no Porto

José Esteves de Aguiar

 

 

Quando o António Souza-Cardoso me convidou para participar no Novo Benfica, aceitei sem hesitações, só tendo colocado uma condição: poder escrever de forma livre, sem alinhamento com qualquer facção, constituída ou projectada. É claro que este pressuposto me foi de imediato assegurado pelo António, tal como ele refere no seu “post” de dia 26.

 

Entretanto, alguns comentários a esse mesmo “post” deram-me o mote para esta minha primeira intervenção.

 

Ser Benfiquista no Porto não é ser melhor nem pior do que sê-lo em qualquer outro ponto do Planeta, mas é necessariamente diferente. E nem se diga que apenas os Benfiquistas nados e criados nesta cidade sentem desta forma. Tenho amigos Benfiquistas de Lisboa, que vieram viver para o Porto por razões profissionais e que, pouco depois de aqui chegarem e começando a lidar com os “andrades” – é assim que chamamos aos portistas – logo principiaram a sentir o que queremos dizer.

 

Mesmo quem sentiu e sente a rivalidade dos adeptos do Sporting ou de qualquer outro clube, sabe que não tem contra si a lógica avassaladora do domínio do FCP, nos últimos vinte anos. O que pode contrapor um sportinguista contra nós? Nada que nos incomode, nada que possa levar-nos a ter a frustração de os nossos filhos não seguirem a nossa paixão clubística.

 

Ora isto passa-se, principalmente embora não em exclusivo, na cidade do Porto. Tenho três filhos pequenos – entre os 7 e os 11 anos – e luto quase diariamente para manter a “bênção” de ainda serem Benfiquistas. Luto para que se sintam uma orgulhosa minoria no estabelecimento de ensino que frequentam, mas convenhamos que seria bem mais fácil se tivéssemos títulos para festejar!

 

Levei-os para a rua para festejarem a conquista do campeonato no dia 22 de Maio de 2005, mas não pudemos fazê-lo onde quereríamos, na Avenida dos Aliados. Nesse local, os super-dragões esperavam pelos adeptos do Benfica para os “castigarem” pela afronta de nos tornarmos campeões na cidade do Porto. Algum Benfiquista, nalguma outra cidade do Mundo, terá deparado com semelhante situação? Penso que não, porque só aqui é que os adeptos mais ferrenhos do FCP se sentem impunes.

 

Ao festejar a conquista daquele título – tal como a da Taça de Portugal da época anterior, contra o Porto de Mourinho – apercebi-me de um facto curioso: foram estas as primeiras vezes na minha vida que saí à rua para festejar vitórias do Benfica. Com efeito, nessa altura tinha eu 45/46 anos e como vivi toda a minha infância, adolescência e grande parte da idade adulta habituado a ganhar com frequência, nem sequer festejava os títulos com exuberância!

 

Espero, sinceramente, que os Benfiquistas das novas gerações sejam incentivados a manter esta chama imensa – tão grande que supera até o fogo do dragão – o que só poderá ser alcançado se forem habituados a que o nome Benfica seja sinónimo de vitórias, conquistas e glórias!

 

BENFICA SEMPRE!

 

27
Abr09

O BENFICA GLOBAL II

Pedro Fonseca

 

Há semanas escrevi neste blogue um texto intitulado “O Benfica Global”. Nele, defendia a tese de que o Sport Lisboa e Benfica é muito mais do que um clube de futebol, sendo hoje o mais eclético clube do Mundo.
É certo que o futebol, escrevia, é a alma e o coração do nosso clube – o “core business”, como agora se diz. Mas não é menos certo que o Benfica é muito mais do que isso. O Benfica é José Maria Nicolau e Eusébio, Espírito Santo e Carlos Lisboa, Livramento e Ramalhete, António Leitão e Vanessa Fernandes, Panchito Velasquez e Ricardinho, Nélson Évora e Telma Monteiro.
Este fim-de-semana foi paradigmático sobre o Benfica Global. No basquetebol, vencemos o fc porto, terminando a fase regular com um recorde absoluto de 30 vitórias consecutivas – não conheço um desempenho igual em nenhuma das outras modalidades durante a sua história. No andebol, atingimos as meias finais do play-off. A nossa Telma Monteiro foi campeã europeia de judo. E no hóquei em patins perdemos por 1-0 em casa do fc porto, no primeiro jogo do play-off de acesso à final, depois de uma arbitragem vergonhosa.
Já não bastavam as arbitragens manhosas, vergonhosas e inadmissíveis com que somos prejudicados na Liga, agora até no hóquei em patins assistimos a um “fartar vilanagem” que devia fazer corar de vergonha todos os responsáveis por esta modalidade tão querida dos portugueses.
Daqui quero dar um grande abraço de parabéns à jovem equipa de hóquei em patins do Benfica, que num clima intimidatório e adverso, e tendo ainda que bater-se contra a equipa de arbitragem, dá esperança aos benfiquistas de que ali estão os dignos sucessores de Livramento, Carlos Dantas, Luís Ferreira, Jorge Vicente, António Ramalhete, Mariano Velasquez e Panchito Velasquez.
A tudo isto se junta a vitória obtida frente ao Marítimo, na Luz, perante uma apreciável moldura humana. O Benfica Global está bem e recomenda-se.
Porém, não nos deixemos iludir. Vivemos em Portugal e, só isso, explica muita coisa. Explica a arbitragem do hóquei mas não só. Explica ainda a actuação ignóbil da federação portuguesa de judo e do seu presidente.
Este senhor ficou desagradado com o facto da campeã Telma Monteiro ter falado ás televisões sobre o seu título europeu envergando o fato de treino do Benfica. Eu quero agradecer à Telma Monteiro esse facto. Não só porque o equipamento do Benfica fica bem em qualquer circunstância, mas porque é ao Benfica que Telma tem de agradecer o apoio que lhe permite tais desempenhos.
Ao senhor da federação de judo, apenas isto: ninguém em Portugal daria conta da federação de judo, muito menos do seu presidente, se não fossem as vitórias de Telma Monteiro. Esse senhor devia agradecer à Telma por alguém notar a sua existência.
O Benfica agradeceu publicamente aos campeões Nelson Évora, Vanessa Fernandes e Telma Monteiro. Faria bem melhor a federação de judo em adoptar uma postura mais civilizada.
Este é o Benfica Global. O Benfica de todos os benfiquistas. O Benfica dos que amam o futebol e dos que apreciam o hóquei, dos que festejam os golos no andebol e dos que vibram com os cestos da nossa equipa-maravilha no básquete, dos que não esquecem Eusébio, nem Lisboa, nem Nicolau, nem Leitão. O Benfica dos benfiquistas que estão em Portugal e dos espalhados pelo Mundo. O Benfica Global.
26
Abr09

As saudades que eu tinha do credo na boca:).

Júlio Machado Vaz

Apenas um bom começo e depois displicência ou atracção pelo abismo? Não creio.

Di Maria e Reyes parecem-me "incompatíveis"..., em termos defensivos! Pura e simplesmente não asseguram uma cobertura adequada aos laterais e travam uma circulação fluida da bola, com mais uma finta e outro pedido de falta. (Diga-se que mesmo a ganhar por três e ainda com Aimar em campo os espaços eram enormes e a pressão mínima.)

Cardozo e Nuno Gomes não mereciam tanto sofrimento. E já cá estavam há dois meses, quando o sistema era o pontapé para a frente e fé em Suazo...

Carlos Martins bate-se, mas a clarividência não está lá. Com Aimar em sub-rendimento, é caso para perguntar se os dois conseguirão um dia fazer o trabalho de um dez  "a tempo inteiro".

Sidnei, esse, não pode sair de lá:). Ruben Amorim também não. Maxi aspas, aspas.

E no futuro? Que dinheiro há? Suficiente para Reyes ficar e reforçar as posições carenciadas? Não sei. Vale mesmo a pena vir um outro guarda-redes, numa altura de apertar o cinto? Não acho. Um defesa-esquerdo é imperioso, até dói ver David Luiz a passar por toda a gente e a não conseguir centrar:(.

Mas há vida para lá do futebol! Um abraço grato à Telma e à equipa de basquete:))))))). 

26
Abr09

Novo Reforço para o Novo Benfica

António de Souza-Cardoso

Agora que o final de época se aproxima e que se mantêm algumas das lesões que desde o inicio da época condicionam o desempenho do Novo Benfica (o M EC e o Armindo Monteiro nem chegaram a entrar em campo..) chegou a altura de ir ao mercado procurar reforços á altura de um dos maiores Blogs portugueses.

Também por isso a tarefa não foi fácil. Os candidatos apareceram em catadupas, as cunhas multiplicaram-se,  a histeria por um lugar na equipe instalou-se no mundo dinâmico da blogosfera.

Tínhamos que escolher e, sem prejuízo de outros eventuais reforços, o feliz contemplado foi o José Esteves de Aguiar.

Coube-me a mim convidá-lo. O “Zé” (não confundir nem com o do boné, nem com o de Lisboa) é um bom Amigo e um grande Benfiquista. Que junta a grande paixão que tem pelo Clube a um espírito aguerrido, frontal e de uma singular honestidade intelectual.

 Estive sempre com o Zé Esteves de Aguiar em tertúlias portuenses onde o que era preciso era defender o Benfica. Demos e levamos, como é habitual nestas refregas.

 Mas a verdade é que nunca cuidei de saber outra coisa do José Esteves de Aguiar que não da sua apaixonada condição de Benfiquista. E foi assim que o convidei. Sem nenhum outro pré requisito.

Tenho a certeza que depois do Zé Esteves de Aguiar o Novo Benfica será ainda melhor.

O José Esteves de Aguiar é para além de tudo um insigne causídico que exerce a sua actividade a partir do Porto, onde vive.

Para além disso sei que uma das suas paixões é a escrita, na esteira do Avô que foi um dos Fundadores do Primeiro de Janeiro, um dos mais antigos e distintos jornais diários de Portugal e da Europa.

Por mim resta-me agradecer-lhe a disponibilidade e transmitir-vos a certeza que tenho de que vão gostar de o conhecer.

 

António de Souza-Cardoso

 

22
Abr09

A estratégia e o "Sistema"

Miguel Álvares Ribeiro

 

Os posts publicados anteontem e ontem, pelo Pedro Fonseca e pelo António Sousa Cardoso, reflectem duas formas, aparentemente antagónicas, de analisar os problemas do Benfica mas que considero não ser possível dissociar.

 

O Pedro Fonseca fez uma descrição (breve) do sistema, a quem atribui os males do Benfica, adoptando uma posição desculpabilizadora das nossas falhas em termos organizativos; o António Sousa Cardoso, embora reconhecendo a existência do sistema, acha que se pode ignorá-lo pois se jogarmos bem e formos melhores é muito improvável que percamos.

 

Qualquer que seja a Direcção do Benfica, não pode ter resultados significativos se a sua análise e estratégia de actuação não tiverem em conta estas duas visões complementares sobre a situação do futebol em Portugal.

 

Não se pode adoptar a posição de desistir ou tudo justificar apenas porque o sistema não nos deixa ganhar. Por outro lado, não é possível ignorar a existência do sistema, pois ele mina os próprios fundamentos do edifício desportivo. Enquanto não houver confiança na existência de verdade desportiva, não pode haver competição leal e verdadeira.

 

Nem sempre é fácil a vida de um adepto de um clube, mas somos muitos e de muitos clubes e nem sequer é por a sua equipa perder mais vezes que os adeptos são menos aguerridos no apoio; mas se sentirem que perdem, não por serem piores mas por serem prejudicados por factores alheios à competição sadia, então a desconfiança, o descrédito e o desânimo, que certamente sentirão, pode levar à perda de muitos apoiantes dos clubes e do próprio sistema desportivo.

 

Quem me conhece sabe que sou um desportista. Apesar de nunca ter passado da mediania, já pratiquei vários desportos, sobretudo pelo gosto de jogar, da competição do convívio, etc. Obviamente gosto mais de ganhar do que de perder, mas a perspectiva da derrota não me tira o gosto de participar e sei reconhecer o mérito do adversário quando este o tem.

 

Para mim, o maior dos problemas do futebol prende-se com a perda dos valores éticos do espírito desportivo; deixou de ser um jogo para ser sobretudo uma guerra. Deixou de haver equipas adversárias que procuram jogar lealmente, na luta pelo melhor resultado, e dar um espectáculo interessante, para haver inimigos que se digladiam sem misericórdia em todos os foruns possíveis.

 

Este estado de coisas deve-se em grande parte ao Porto, que elegeu como estratégia de afirmação, há já cerca de 30 anos, uma guerra Porto-Lisboa, que passa sobretudo por uma guerra Porto-Benfica (e cada vez mais assim é, dado que o Sporting aceitou pactuar com o sistema, tacitamente, não o afrontando, para tirar os dividendos possíveis) e a criação de um clima intimidatório dos adeptos dos clubes rivais.

 

As posições que o Porto foi ocupando no edifício desportivo (e não só) faz com que a luta contra este estado de coisas seja muito dura e desgastante, além de proporcionar poucos resultados práticos no curto prazo. É, no entanto, imperioso prossegui-la e conseguir mudar este paradigma, por forma a que se possa voltar a acreditar no sistema desportivo.

 

É evidente que temos que ser críticos na avaliação da equipa e dos seus dirigentes pois é claro que nem tudo correu bem nesta época no seio do futebol do Benfica. É verdade que, apesar de estar a fazer uma época razoável, o Benfica passou por um longo período em que a equipa parecia apática e incapaz de produzir exibições convincentes, enquanto, pelo contrário, o Porto foi construindo uma equipa e melhorando a qualidade do futebol praticado.

 

Isto deve levar-nos a concordar que é necessário implementar uma cultura de exigência e melhorar a organização interna, bem como gerir melhor o fluxo de informação para o exterior. Por outro lado, a cultura de vitória de que fala o António, faz-se de vitórias e ficará sempre, pelo menos, a dúvida se este trajecto seria o mesmo se não tivesse havido “mãozinha amiga” em vários resultados no início da época e o Porto tivesse ficado a 6 ou 7 (ou mais) pontos da liderança.

 

Aliás, nem é preciso recuar tanto. Façamos um pequeno exercício de especulação; o que seria agora a Liga se nas últimas jornadas a Académica tivesse beneficiado de arbitragens isentas? Pelo que se viu o mais certo era que perdesse na Luz e vencesse ou empatasse com o Porto – bastaria aceitar os golos limpos marcados, assinalar os penalties que ficaram por marcar e invalidar os golos em fora de jogo. Apesar de toda a capacidade de organização que muitos lhe reconhecem e das outras ajudas que não foram contabilizadas, o Porto estaria neste momento 1 (ou 2) pontos à frente do Sporting e 2 (ou 3) à frente do Benfica, ou seja teríamos campeonato até ao último instante.

 

Para bem do Benfica e do próprio sistema desportivo, importa denunciar o sistema e lutar pelo seu fim, mas também convém que não fiquemos ingenuamente à espera que isso aconteça. Se o sistema existe e nos prejudica (melhor dito, se existe essencialmente para nos prejudicar) temos que ser ainda mais organizados, ainda mais fortes e unidos para o vencer.

 

21
Abr09

"Não Venhas Tarde..."

António de Souza-Cardoso

No Domingo passado tivemos outra vez Benfica.

A boa notícia é que vimos um Benfica diferente, para melhor, duas vezes seguidas.

A boa notícia é que desta vez, não fomos prejudicados nem pela sorte, nem pelo juiz da partida.

A melhor notícia é que, desta vez, para além de jogarmos melhor, ganhamos. É sempre assim quando jogamos bem: arriscamo-nos a ganhar.

E se jogarmos bem não duas vezes ma s muitas vezes, aprendemos a ganhar. Viciamo-nos nisso. Já não sabemos jogar mal e por isso é muito improvável que percamos.

 Apesar dos sistemas (que existem) e de todas as teorias da conspiração (que, habitualmente também existe).

Quando nos viciamos em ganhar somos, por outro lado, mais exigentes. Já não nos contentamos com menos. Exigimos muito da equipe, dos técnicos, dos dirigentes.

E a própria equipe, os técnicos e os dirigentes, sentem essa pressão e, simultaneamente, esse estimulo e essa vocação ganhadora.

Chama-se a isso cultura de organização que, claro, não é só feita de factores comportamentais. Precisa também de capacidades inatas, de boa matéria-prima – do talento ou dos talentos que julgo que esta equipa tem. Mas precisa também de trabalho contínuo, de planeamento permanente, de estratégias adequadas e de modelos eficazes que as apliquem.

Ganhar é o tónico principal para que tudo isso seja possível.

 Mas se quisermos ser realistas, a verdade é que só quando tudo isto existe é que se ganha sustentadamente.

O Benfica ganhou e, como disse no post anterior, tenho muita Fé que ganhe todas as “finais” que ainda lhe faltam. Porque esse tónico permitirá que o Benfica se recomponha num modelo de jogo mais equilibrado (claro que com Amorim no meio e 2 pontas de lança) e se una á volta de um conjunto de bons jogadores e de uma equipe técnica que já conhece as suas potencialidades.

O tal tempo, dirão alguns dos meus Amigos…

Com sinceridade, julgo que não há tempo que resista á falta de gestão organizacional.

Primeiro vem o tempo de construir uma Organização capaz. Depois sim, vem o outro tempo de aculturação dos agentes que integram essa Organização.

 Como já disse aqui as transformações ocorridas no Porto e no Benfica na última época, constituem exemplo paradigmático da necessidade prévia de uma boa Organização.

 O FC Porto aparentemente desvalorizou-se em relação ao ano passado. Vendeu mais valor do que comprou. Ao contrário, o Benfica valorizou-se. Acrescentou mais valor à equipe do aquele que subtraiu.

 A cultura de Organização que existe no F.C. Porto tratou de maximizar o valor. No fim do ano o clube que fez um desempenho financeiramente positivo, poderá novamente gerar valor com a equipe e apostar em novos valores.

Ao contrário, a falta de cultura de Organização no Benfica tende para a maximização do desperdício. Não geramos valor neste directamente através do nosso desempenho, nem indirectamente aumentando da forma como podíamos o valor dos nossos activos.

E depois, a grande tentação de quem não tem Organização é esconder essa insuficiência com novos ciclos ou com factores de desculpabilização (o permanente sistema, mesmo o que a justiça não comprova) ou de desresponsabilização (“eu não marco golos…”).

Por isso, o problema do Benfica não é falta de tempo. É falta de uma Organização capaz de, entre outras coisas, gerir o tempo.

É falta de uma Organização capaz de garantir que se parte a tempo (como não aconteceu na época anterior com Fernando Santos) ou se chega a tempo como, mesmo ganhando, não podemos garantir que ocorra esta época.

Mantenho fé reforçada nos últimos desempenhos desta equipe. Apesar dos desequilíbrios que o plantel sempre teve, se continuarmos a ganhar, salvamos para o clube um conjunto de bons jogadores.

Para isso, ao contrário do que reza o Fado, nunca é tarde demais.

 

António de Souza-Cardoso

 

 

20
Abr09

O "SISTEMA" DE A a Z

Pedro Fonseca

O “sistema” está bem e recomenda-se. O “sistema” não dorme, raramente se distrai e a notícia da sua morte era exagerada. A história de construção do “sistema”, ou “polvo”, como quiserem, é mais ou menos conhecida, mas façamos uma breve viagem ao passado.

 

No início da década de 80, o fc porto tentou montar um esquema que permitisse consolidar os campeonatos ganhos em 78 e 79, quase 20 anos depois do último título. O primeiro a perceber essa necessidade dava pelo nome de código de “Zé do Boné”.
A estratégia era amadora, embora inteligente. O alvo era o Benfica (aliás, o alvo sempre foi o Benfica – que o sporting não conta e nunca contou) e os jornais da época começaram a divulgar as célebres tiradas do Zé, entre as quais a histórica expressão dos “roubos de igreja”.
Escusado será lembrar que o grande “roubo de igreja” desses anos tinha dado o título ao fc porto, em 78, quando o árbitro marcou um livre que não foi junto à área do Benfica, que deu o empate aos azuis e brancos, a 7 minutos do fim.
Com o desaparecimento do estratega-mor, entrou em campo o engenheiro-chefe, o gerente de caixa, o padrinho ou o papa – tudo nomes de código, claro. A estratégia mudou, foi mais burilada e mais adaptada aos tempos modernos.
O objectivo era o mesmo: tornar o Benfica um clube domesticado. Ao contrário do que muitos julgam, as benesses aos homens de negro era apenas uma das peças de um puzzle variado e diversificado. Imaginação não faltava para aqueles lados.
Nem gente disposta a submeter-se por um prato de lentilhas, entre as quais, infelizmente, temos de contar com alguns ex-presidentes do Benfica, que por ignorância, negligência ou oportunismo, fizeram o jogo do inimigo.
O engenheiro-chefe foi paciente, meticuloso e sabichão. Aproveitando o declínio, por motivos políticos, de clubes do Sul, como o Barreirense ou a CUF, ou económicos, como o Portimonense, tratou de “substituí-los” por clubes do Norte, que ascenderam à 1ª Divisão à custa da magnanimidade do grande clube do Norte. O exemplo mais paradigmático foi o Leça, mas outros podiam ser referidos.
A dívida de gratidão era paga com enormes hinos à verdade desportiva que campeonato após campeonato o País assistia, com o beneplácito das autoridades desportivas – também elas já condicionadas pelo “polvo”, como a Federação e a Liga.
O passo seguinte foi o do empréstimo de jogadores a esses clubes, a esmagadora maioria com os seus salários a serem pagos integralmente pelo grémio azul. Volto a lembrar o exemplo do Leça, mas podia referir muitos outros, e só não o faço porque alguns deles pagaram bem caro o terem querido libertar-se do jugo azul e estão agora paulatinamente a regressar do inferno.
Era ver como estes jogadores emprestados se “empenhavam” nos jogos contra o fc porto e sofriam uma metamorfose total quando defrontavam o Benfica. Era a verdade desportiva em todo o seu esplendor.
O puzzle estava ainda incompleto. Era preciso ir mais longe e mais alto. Aos árbitros? Ainda não. Aos observadores, aqueles que tinham por missão classificar os árbitros e, assim, fazê-los subir e descer de divisão ou, mesmo, torná-los “internacionais”, árbitros FIFA, com a consequente rentabilidade económico-financeira para os seus bolsos.
Assim, estes observadores, gente com necessidades básicas, eram sempre muito acarinhados pelo exército de voluntários ao serviço da missão papal. Nunca se saberá ao certo o volume das dívidas de gratidão que daí nasceram.
Mas há mais. A “cadeia alimentar” ainda estava incompleta. E os observadores, não tinham ninguém a quem obedecer? Claro que tinham: os delegados da Liga. Era então preciso condicionar estes delegados, para que tudo ficasse na ordem natural das coisas.
Depois, sim, lá teriam de vir os homens do apito, para que nada fosse deixado ao acaso. Este era o degrau mais complexo e mais perigoso. Porque o mais exposto. Era preciso muito tacto e muita disponibilidade.
Mas, claro, a coisa gozava de tanta impunidade que mesmo a melhor organização cometeu os seus deslizes: o “caso” do árbitro Francisco Silva (irradiado para ser o cordeiro de sacrifício essencial para esconder o “esquema” e desviar as atenções); a factura brasileira da viagem do senhor Amorim; e, por fim, os processos dos apitos.
Porém, a máquina não se engasgou. O edifício era (e é) quase impenetrável. A teia e a rede de cumplicidades, promiscuidades, gratidões, dívidas, favores, envolvem milhares de nomes, nos mais diversos cargos – uns dependem dos outros. A escada nunca se quebra, nenhum degrau fica vazio.
Falo disto para lembrar uma tese que entra directamente no compêndio dos esquemas montados pelo “polvo”. Um esquema muito engenhoso e que tem enganado muito boa gente. A estratégia passa por prejudicar o Benfica em alturas chave do campeonato e, depois, beneficiá-lo quando tudo está já decidido.
Esta época (e podia dar exemplo de todas as épocas) esta tese foi evidente no Benfica – Nacional, com o erro de Pedro Henriques; no Benfica – V. Setúbal, com a expulsão perdoada a um setubalense e o golo anulado ao Benfica); no Belenenses – Benfica (com 3 penáltis perdoados aos azuis do Restelo) e, exemplo máximo, no fc porto – Benfica, com o penálti marcado contra o Glorioso. Em todos estes jogos, que o Benfica empatou, a vitória permitia-nos alcançar o 1º lugar.
O inverso também é verdadeiro. O fc porto é beneficiado em alturas chave. Querem melhor exemplo do que o de ontem, em Coimbra, com o escandaloso penálti perdoado ao fc porto, com o resultado em branco?
O “sistema” ou o “polvo” tem muitas histórias para contar, mas ficamos por esta breve abordagem. É por isso que o Benfica não lhes pode dar tréguas. Ainda estamos a pagar o preço de algumas alianças espúrias entre o engenheiro-chefe e alguns dos nossos ex-presidentes. A esses, a História não os absolverá.
20
Abr09

De longe mas perto!

Paulo Ferreira

Estando bem longe de Portugal com 10 horas de diferença não tenho conseguido acompanhar tão bem como gostaria o nosso Benfica na última semana, razão pela qual também não consegui escrever na passada 6ª feira.

 

Assim sendo, intrometo-me num dia que não é meu (e por tal peço desculpas) apenas para registar duas coisas:

1) Que de fora ainda sabe melhor conhecer notícias de vitórias do nosso Benfica e esperar que no próximo ano elas sejam muito mais amiúdes!

2) Para lamentar que o Bruno tenha deixado de escrever regularmente. Os seus contributos na minha opinião são essenciais e espero que consiga continuar a escrever com regularidade. No mesmo registo agradeço as simpáticas "palavras" que me dirigiu. Sei que são sentidas e ele sabe que penso também o melhor dele!

 

A todos de longe, um abraço e viva o Benfica!

 

Paulo Ferreira

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