DEPOIS DA BONANÇA, A TEMPESTADE?
Com o Mundial a dominar as atenções mediáticas, o nosso defeso desportivo parece posto em sossego, num remanso tranquilo, que até parece que os dirigentes desportivos portugueses tiveram lições apressadas de civilidade.
Puro engano, eles são os mesmos e só estão à espera de uma oportunidade para regressar os bons velhos tempos das tricas, das intrigas, das polémicas mesquinhas e de trazer por casa.
Estou cada vez mais convencido que o Benfica começou a ganhar o último campeonato quando Luís Filipe Vieira ordenou que não se falasse de arbitragens. Ordenou e todos obedeceram.
O Benfica, através do seu líder, teve a lucidez de não se deixar arrastar para o pântano e para o lodaçal que outros gostam de criar porque só assim sabem ganhar. Ao adoptar um estilo de estadista, acima dos pequenos truques e vinganças que fazem parte dos últimos 20 anos da história do futebol português, com os resultados que se conhecem, Luís Filipe Vieira prestou um serviço inestimável ao nosso futebol e foi aí que começou o Benfica campeão.
Infelizmente, estou certo que poucos lhe vão seguir as pisadas. E estou certo que no dragão tudo vão fazer para criar novos cenários de guerrilha e alimentar declarações incendiárias. O Benfica fará bem se, mais uma vez, seguir as ordens do seu líder.
Sem querer fazer futurologia, estou em crer que, mal acabe o Mundial, o fc porto será tentado a lançar mais uma guerra no seio do futebol português. Esta, a propósito do local do jogo da Supertaça, a 7 de Agosto.
O Benfica fará bem em não contribuir para esta guerra. Sem deixar de fazer valer os seus direitos e interesses, o Benfica e os seus dirigentes não deve deixar-se arrastar para o terreno minado dos que não sabem conviver em sociedades civilizadas.
Nestas alturas lembro-me sempre da frase, se não estou em erro, de Carlos Manuel, aquando da polémica sobre o local da final da Taça de Portugal de 82: “Jogamos em qualquer lado, até no quintal do senhor Pinto da Costa”. Jogamos nas Antas e ganhamos por 0-1.